quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Porque precisas de auto-compaixão na tua vida #1


O relacionamento mais importante da tua vida 
é o que tens contigo mesmo.” 
Diane von Furstenberg

Há anos que estudo artigos e livros de Psicologia Positiva. Mas só recentemente me deparei (ou prestei a atenção) à temática da auto-compaixão. Ter compaixão pelos outros foi algo que sempre considerei importante, mas... compaixão por mim mesma? Não, não me passava pela cabeça.

Na verdade, sempre fui demasiado crítica comigo. Sempre tive tendência para encontrar um ou outro defeito, talvez pela minha tendência para o perfeccionismo. E, acredita, nada disto contribui para a felicidade.

E tu, já pensaste nisso? Será que és demasiado duro/a contigo? Já pensaste em sentir a mesma compaixão que tens pelos outros, contigo mesmo/a?

O porquê de tanta auto-crítica negativa?


As raízes desta auto-crítica encontram-se na infância.

Quantas vezes a balança entre as críticas e o incentivo pesou mais para o lado das críticas? Muitos de nós fomos ensinados, mesmo que sem intenção, que o auto-julgamento e a auto-crítica irá tornar-nos melhores e levar-nos a cometer menos erros. Que o facto de sermos muito exigentes connosco e, de ambicionarmos chegar próximo da perfeição, é a melhor forma de alcançarmos o sucesso.

Existem ainda outros mitos em torno da auto-compaixão. Com alguma frequência, é confundida com uma atitude egoísta ou arrogante, com auto-indulgência, ou simplesmente com uma desculpa para os nossos erros.

O resultado disto é que quando não gostamos de algo em nós ou cometemos algum erro, somos demasiado duros/as. Acabamos sempre focados/as no que está errado e desvalorizamos o que temos ou fazemos de bom.

E isto é um autêntico disparate! Vários estudos têm vindo a demonstrar que a auto-crítica excessiva tende a deixar-nos desmotivados e mal preparados para lidar com desafios. Quando não nos sentimos bons/boas o suficiente, podemos ser conduzidos/as a uma baixa-autoestima, à ansiedade e até à depressão. 

Logo, é mais que claro que este não é o caminho ideal para o sucesso. Mas... e se tentasses ser mais amável contigo? Se optasses pelo caminho da auto-compaixão?

Mas o que é isto da auto-compaixão?


A auto-compaixão é a capacidade de sermos compreensivos/as e gentis com nós mesmos/as, sem nos julgarmos ou criticarmos excessivamente. Isto significa que devemos tratar-nos do mesmo modo que trataríamos alguém querido, se este se confrontasse com momentos difíceis, desafios, falhas ou inadequações.

Segundo a Dr.ª Kristin Neff, professora da Universidade do Texas e criadora da Escala da Auto-Compaixão, esta implica 3 aspectos:
1) Seres gentil contigo mesmo/a – significa que deves reconhecer que tu, tal como as outras pessoas, não és perfeito/a e que todos nós passamos por dificuldades. Aceita que isto é inevitável! Não ignores a tua a dor, nem te julgues severamente. Opta por seres gentil e compreensivo/a.
2) Seres humano/a – implica que reconheças que o sofrimento, a inadequação, as perdas, os obstáculos, o fracasso e as imperfeições, fazem parte da condição humana! Logo, não acontecem só contigo.
3) Observares com atenção plena (mindfulness) – olha os teus problemas como se fosses uma pessoa externa. Não os exageres, nem os ignores. Simplesmente aceita-os tal como são, sem julgamentos. Desta forma, terás mais capacidade para te ajudares a ti próprio/a.

Quais as consequências da falta de auto-compaixão?


Estudos recentes têm demonstrado vários malefícios da falta de auto-compaixão, nomeadamente:
- tendência para níveis de stress mais elevados;
- maior risco para de ansiedade e depressão;
- menor capacidade para implementar estratégias de coping;
- mais probabilidade de nos sentirmos desmotivados;
- mais dificuldade em lidar com os desafios da vida;
- mais probabilidade de ter uma baixa auto-estima.

Quais os benefícios da auto-compaixão?


Estudos têm comprovado também os benefícios da auto-compaixão, quando esta se torna um hábito na nossa vida: 

- maior aceitação de si mesmo/a – isto significa que a pessoa tem menos tendência para fazer críticas destrutivas a si mesma, incluindo generalizações negativas (como “Só faço asneiras, só podia dar este resultado.”). Tende a não dramatizar, pois encara os problemas e erros como parte da condição humana. 

- uma auto-estima saudável – tem uma imagem mais positiva de si, incluindo da sua capacidade para alcançar objectivos. Sente-se mais seguro/a e menos ameaçado/a pelas próprias falhas. Num estudo, mulheres com mais auto-compaixão, aceitavam melhor as suas imperfeições físicas e tinham uma imagem mais positiva do seu corpo (independentemente do seu IMC).

- maior bem-estar emocional – a auto-compaixão ajuda a pessoa a ser mais resiliente. Em consequência, sente menos stress e emoções negativas. Sofre menos! Isto leva a uma maior estabilidade emocional e a mais saúde mental (tem menos probabilidades de sofrer sintomas de ansiedade ou depressão).

- melhor saúde em geral – ser pouco auto-compassivo gera stress e este faz com que o organismo liberte hormonas imunossupressoras (que diminuem a actividade imunológica). Daí a importância da auto-compaixão, que tem o efeito contrário: menos stress = sistema imunitário mais forte, e, em consequência, mais saúde para o organismo.

- melhores relacionamentos – a pessoa com mais auto-compaixão, tende a reunir características que favorecem os relacionamentos, tais como: ser atencioso/a, solidário/a, disposto/a a comprometer-se, com mais capacidade para perdoar e para pedir perdão. Verificou-se que apesar de tudo, quando a relação não resulta, se houver divórcio, a pessoa recupera-se mais facilmente e num espaço mais curto do que alguém menos auto-compassivo. 

- mais capacidade para responder adequadamente aos desafios da vida – isto significa que consegue dar respostas mais saudáveis e adaptativas (olhando os problemas exactamente como são, sem os ampliar ou ignorar, mas concentrando-se na sua resolução).

- mais capacidade e motivação para atingir objectivos – a ideia de que a auto-compaixão leva à auto-indulgência, à preguiça ou à falta de motivação é um mito. Estudos provam justamente o contrário! A auto-compaixão favorece a motivação. A pessoa sente-se responsável pelas suas atitudes e tem mais tendência para ir à luta e tentar uma e outra vez. Por outro lado, quando não atinge os objectivos, não faz disso um drama (simplesmente porque se valoriza com base nas suas características pessoais e não pelo grau de sucesso que consegue atingir).

- mais capacidade para o crescimento pessoal e auto-aperfeiçoamento – a auto-compaixão permite ver as coisas com mais clareza e assumir responsabilidade face ao próprio comportamento. A pessoa por aceitar as suas falhas como humana que é, é mais propensa a agir para melhorar e a auto-aperfeiçoar-se.

- mais felicidade – a auto-compaixão leva a uma maior sensação de bem-estar geral, pelo que é um importante indicador da satisfação com a vida. Estudos confirmaram que as pessoas mais auto-compassivas são igualmente mais felizes, gratas e optimistas.

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No próximo post sobre a «auto-compaixão» irás descobrir o seguinte:
- quais os sinais que indicam que precisas de mais auto-compaixão na tua vida;
- sugestões para desenvolveres a auto-compaixão.

Até lá!...

Fotos: 1.ª brenkee; 2.ª Foundry; 3.ª e 5.ª Free-Photos; 4.ª Ultra Nancy.
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"A Felicidade é o Caminho" também está aqui:

4 comentários:

  1. Olá Mafalda!
    Belo post (como sempre!)
    Grata <3

    Beijinhos
    Filomena

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  2. Muito bom este post! Adorei!
    Tal como tu, por vezes tento ser demasiado proteccionista e acabo por exigir demais de mim própria, sem me dar conta que isso é extremamente prejudicial para mim própria.
    Tenho que aprender a ter mais auto-compaixão.

    Fico ansiosa pelo próximo post.
    Beijinhos

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  3. Olá, Mafalda

    Também eu recentemente comecei a prestar mais atenção ao conceito de "auto-compaixão". Concordo que é muito necessária! :) Muito bom o post, obrigada! :)

    Isa Lisboa

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