As notícias recentes sobre os incêndios na Amazónia, têm sido devastadoras. E fico pasma com a ignorância cientifica de uma série de líderes políticos... que pouco entendem sobre os efeitos dramáticos da desflorestação, naquele que é considerado o pulmão do mundo. Mas também penso que se houvesse menos consumo, não haveria necessidade de desflorestar áreas cada vez maiores. Portanto, por menor que seja o nosso papel, podemos fazer a diferença!
Mas no meio deste desânimo, houve três situações, que me fizeram ter esperança na humanidade. Todas aconteceram na semana passada.
Na primeira situação, encontrei-me com uma velhinha junto ao ecoponto. Levava 2 saquinhos pequenos, um com plástico e o outro com cartão. Entretanto começou a conversar comigo:
"- Sabe, eu acho que são tantas as embalagens para tudo e mais alguma coisa. No meu tempo não era assim. Haviam muito mais coisas a granel. Eu era vendedora de leite, vendia de porta em porta, e as pessoas guardavam o leite, por exemplo em garrafas de vidro, que depois poderiam ser reutilizadas.
- Verdade! Hoje há plástico em excesso. Ainda ontem vi umas bananas embaladas com plástico. Não vejo a mínima necessidade para tal.
- Será que era por serem biológicas?
- Não eram. Por acaso reparei nisso. Ainda assim, é uma pena que para comermos de forma mais saudável, usando produtos orgânicos, estes tenham de vir tão embalados.
- Isso é verdade! Já que é para comer de forma mais saudável, que seja com menos plástico! Mas há outra coisa que me deixa triste: é a quantidade de comida que se deita no lixo. Ainda há dias vi cenouras no lixo, que nem sequer estavam podres. E tanta coisa que ainda poderia ser aproveitada...
- Concordo! Por acaso é algo a que ultimamente tenho prestado muita atenção. Ainda ontem fiz croutons e pão ralado, com pão que já estava duro.
- Olhe, eu também aproveito tudo! Confesso que com o pão duro o que gosto mesmo é de fazer umas sopas no café com leite, que bebo pela manhã."
E pronto, a conversa acabou por aqui. Mas fiquei surpreendida, com a consciência ambiental desta senhora encantadora.
A segunda situação aconteceu com os meus próprios filhos (neste momento sinto-me muito orgulhosa!). Costumamos passear um pouco depois de jantar. E por acaso, na semana passada, repetimos a ida ao mesmo parque.
Não é que a minha filha tinha reparado que havia algum lixo no parque e foi munida de 1 saco para o lixo e protecção para as mãos? (Sem que eu soubesse previamente). Então ela e o mais pequeno apanharam os resíduos espalhados pelo chão.
Fiquei surpreendida com a quantidade, só na área do parque infantil: maços de tabaco, pacotes de batatas fritas, copos de plástico, etc.
Há quem diga que o pessoal da Junta de Freguesia é que tem por obrigação recolher aquele lixo. Eu acho é que acabam por «ter de recolher», porque o trabalho que deveriam de ter é a manutenção dos espaços públicos: tratar dos jardins, podar árvores, varrer as folhas, fazer reparações... e nunca ter que recolher lixo de preguiçosos (sim, porque com um caixote mesmo ao lado optam por colocar a sua porcaria no chão).
Mas ao mesmo tempo, fiquei feliz com a atitude dos meus filhos. Principalmente, por a minha filha estar atenta a estas situações.
A terceira situação foi um pouco semelhante à segunda. No fim-de-semana, a minha filha teve uma festa de anos, nas piscinas da cidade. Fui levá-la e assim que entrei no carro, vi um senhor a olhar para um saco de plástico no chão. Pegou nele e colocou-o no ecoponto.
Só posso dizer uma coisa: estes sim são bons exemplos! Sinto-me grata por ter recebido estas inspirações, justo numa semana em que o descaso pelo ambiente, se transformou nos gigantescos incêndios na Amazónia. Precisava desta inspiração, para me lembrar que sim, que se cada um fizer a sua parte, podemos transformar o mundo num lugar melhor.
Foto: thatsphotography
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