quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Como evitar o desperdício de alimentos #2


Na semana passada falei do meu «choque», ao ler sobre a quantidade gigantesca de alimentos que desperdiçamos. Pessoalmente pensava que não desperdiçava grande coisa. Mas para ter noção da realidade, durante um mês fiz um «registo de desperdícios». Neste, registava sempre que ia deitar algum alimento para o lixo (Ex.: 1 limão apodrecido, restos de salsa estragados, etc.). 

Para minha surpresa, cá em casa desperdiçamos mais do que eu imaginava. Decidi assim pesquisar formas de evitar o desperdício alimentar. Algumas já uso (e têm feito toda a diferença!). Outras quero aplicar - a bem do ambiente e da minha carteira.

Partilho o que descobri contigo, sobre como evitar o desperdício de alimentos.

Na aquisição dos alimentos:


1 - Faz uma ementa, de modo a saberes quais são os ingredientes exactos, que irás necessitar para as tuas refeições. Deves fazê-la incluindo alguns produtos que já tenhas em casa.

2 - Elabora uma lista de compras, baseando-te na ementa semanal. Verifica previamente o que tens em casa e inclui na tua lista somente o que necessitas. Nas compras, tenta cingir-te a esta lista.

3 - Evita comprar quantidades excessivas. Para tal tem em atenção a dimensão das embalagens e, se possível, compra a granel.

4 - Compra em quantidade, somente os produtos em promoção que reúnam as seguintes características:
a) produtos que realmente usas;
b) alimentos com validade longa.

5 - Verifica sempre a validade dos produtos, optando pelos que têm uma validade mais longa. Compra produtos com a validade próxima, somente se os fores cozinhar dentro desse prazo. (Tem em atenção que aqueles produtos que têm a indicação "Consumir de preferência antes de" podem ser consumidos depois da data indicada, mas podem já ter perdido parte das suas características).

6 - Deixa para o fim das compras os alimentos refrigerados (como iogurtes e congelados), de modo a reduzir as perdas de frio, prolongando a longevidade dos produtos.

7 - Aumenta a periodicidade das compras. Em vez de ires mensalmente às compras, vai por exemplo, uma vez por semana. Comprando menores quantidades, evitas o estoque de alimentos que acabam por deteriorar-se.

8 - Impõe limite aos gastos semanais. Ao tentares não ultrapassar esse limite, evitas compras desnecessárias. Podes por exemplo apontar os teus gastos durante um mês e, a partir disso, fazer uma média dos gastos semanais. Define o teu valor dentro dessa média, ou até um pouco abaixo, se o objectivo for poupar.

9 - Não desperdices os alimentos que te dão. Se te derem em excesso, tens 3 opções:
a) diz gentilmente à pessoa, que agradeces, mas que não consegues consumir tanta quantidade;
b) congela o máximo de alimentos que conseguires;
c) oferece parte do que te deram a um/a amigo/a ou vizinho/a.

10 - Faz um «Mês dos Aproveitamentos», quando existirem muitos restos de alimentos acumulados (uma vez que nem sempre consumimos tudo numa só refeição). Aponta tudo o que existe na tua despensa, frigorífico e congelador. Depois, elabora as ementas em função disso. Até estes produtos acabarem, praticamente não necessitas de ir às compras (com excepção do pão ou de alguns frescos).

No transporte dos produtos alimentares:


11 - Acondiciona adequadamente os alimentos nos sacos de compras (por exemplo, latas em baixo, verduras e ovos em cima). Assim garantes que não se partem, amachuquem ou até fiquem inutilizados.

12 - Usa sacos térmicos sempre que necessário. Deste modo poderás garantir a frescura dos produtos congelados. As perdas de temperaturas, podem levar à perda de características ou até estragá-los.

13 - Após as compras, tenta regressar logo a casa, de modo a evitar que os produtos fiquem sujeitos a temperaturas elevadas e se comecem a deteriorar.

14 - Quando fizeres refeições fora de casa (no escritório, na escola, numa viagem ou num piquenique) transporta os alimentos em caixas herméticas e/ou sacos térmicos. Assim, para além de tudo se manter em condições até há hora da refeição, ainda poderás levar para casa eventuais sobras.

Na arrumação dos alimentos:


15 - Limpa o frigorífico, congelador e despensa com alguma frequência. O frigorífico deve de ser limpo pelo menos 2 vezes por mês, para evitar a proliferação de bactérias. É importante limpares também o congelador e a despensa, não só por questões de higiene, mas para controlares a validade e acumulação de produtos. Cá em casa, sempre que vou às compras faço uma limpeza rápida nestas áreas, ou seja, semanalmente. Deixo as limpezas mais profundas, para quando tenho mais tempo.

16 - Evita encher demasiado o frigorífico, pois dificulta a circulação de ar frio. Em consequência, alguns pontos do frigorífico aquecem e os alimentos deterioram-se mais rapidamente.

17 - Após a abertura de alimentos em embalagens, coloca os alimentos em recipientes bem vedados (sacos ou recipientes hermeticamente fechados). Dependendo do tipo de alimento, podes ter de os higienizar e secar previamente. Não te esqueças de anotar a data em que os guardas e/ou a validade dos produtos. Nota: há excepções a este tipo de conservação. Por exemplo, no que respeita a batatas, não as deves lavar previamente, para não lhe retirares a protecção natural contra as bactérias. Por outro lado, devem ser guardadas num saco de papel aberto ou numa caixa, para que não acumulem humidade. Na dúvida, o melhor é pesquisares em relação a alimentos específicos.

18 - Arruma os alimentos de acordo com a sua validade. Os de menor prazo, devem ficar mais visíveis (em cima ou à frente dos outros).

19 - Respeita as condições de conservação dos alimentos, de acordo com os rótulos. Por exemplo onde devem de ser guardados, a que temperatura, quantos dias após abertura podem ser consumidos, etc.

20 - Não armazenes cebolas junto de batatas, afasta-as um pouco. Quando juntas, produzem gases que as deterioram mais rapidamente.

21 - Congela alimentos frescos em excesso. Podes partir legumes ou frutas em pedacinhos e congelar (estas últimas são óptimas para fazer batidos).

22 - Opta por potes transparentes para guardar alimentos. O facto de poderes ver o alimento, lembra-te que o tens guardado. Caso contrário podes simplesmente esquecê-lo e, quando o descobrires... bem, pode ser tarde demais.

Na preparação das refeições:


23. Novamente, tem em atenção a validade dos produtos. Na hora de cozinhar, opta pelos que estão mais próximos do fim da validade.

24. Não cozinhes quantidades excessivas (excepto se o objectivo for congelar parte das refeições), nem enchas demasiado os pratos. Opta por ajustar as porções,  ao que realmente comem.

25. Se preparares refeições extra, com o intuito de congelar, coloca a quantidade adequada a uma refeição (tendo em conta o número de pessoas que a vai consumir) em cada recipiente. Assim poupas tempo e evitas desperdícios.

26. Evita que preparem comida em excesso, também nos restaurantes. As doses portuguesas são no geral, e temos de ser sinceros, um exagero. Tendo isso em atenção e, porque por vezes «temos mais olhos que barriga», opta por pedir meia dose ou uma dose para dois. Mesmo que vários pratos te agradem, podes experimentá-los noutras vezes.

No aproveitamento de sobras:


27. Aproveita os restos do dia de ontem e come a mesma refeição.

28. Congela as sobras. Nos dias em que não tens tempo para cozinhar, serão uma bênção.

29. Confecciona uma nova refeição, usando os restos. Eis algumas sugestões:
a) Sobras de batatas cozidas - podes usá-las num puré ou empadão;
b) Sobras de carne ou de peixe - podes usá-los num empadão, em pastéis ou rissóis ou até numa salada;
c) Restos de arroz - podes usá-lo na sopa ou para arroz no forno.

30. Aproveita o máximo que puderes de um alimento. Isto significa usar coisas como cascas, talos, restos de fruta com partes feias (basta descartar estas partes). Eis algumas sugestões, para lhes dares uso:
a) Restos de hortícolas - podes usá-los numa sopa ou esparregado;
b) Folhas e talos (couve, alho francês...) e cascas de alimentos (courgette, cenoura, banana, batata...) - podes usá-los em molhos ou caldos de legumes ou confeccionando novos pratos (espreita estas receitas);
c) Fruta madura - podes fazer salada de fruta, batido, puré ou até usar em salada;
d) Pão duro - podes usar em torradas, açordas, migas e até doces.

31. Encontra inspiração para cozinhar com as sobras em livros de receitas. Cá em casa, tenho estes dois: 
a) o livro "Poupe com o Jamie" do Jamie Oliver - Neste livro, cada capítulo inclui receitas com um tipo de alimentos (vegetarianas, frango, porco, peixe, etc.). Depois, dentro de cada capítulo, entre as receitas disponibilizadas, algumas destinam-se ao aproveitamento das sobras. Por exemplo no capítulo sobre o peixe, tem uma receita-base de salmão, que é «salmão assado». Nas receitas com sobras, tem coisas como: «tacos de salmão saborosos»; «empada de salmão com massa filo»; «salada de salmão vietnamita» (só por curiosidade, este capítulo também traz uma receita com o título «a minha caldeirada portuguesa»!).

b) o livro "Cozinha prática para o dia-a-dia", que uso imensas vezes, mas infelizmente está esgotado (quem sabe se não o encontras por aí...). Este livro traz um capítulo inteirinho sobre aproveitamento de sobras. Deixo-te o nome de algumas receitas, para que, quem sabe, consigas encontrar algo semelhante na Net: tarte de frango com fumados, empadas de borrego, quiche, suflé de pescada com delícias do mar, empadão de carne, pataniscas de bacalhau, torta de batata com legumes, croquetes de carne, gelado com pão-de-ló, pirâmides de chocolate, pudim de pão, etc.

32. Se tiveres um jardim ou horta, podes utilizar húmus produzido por ti, através de compostagem caseira. Compra um recipiente para o efeito e, em vez de deitares os resíduos orgânicos directamente no lixo, coloca o que puderes aqui. Contudo, tem em atenção que não podes colocar tudo e mais alguma coisa. Assim:
a) podes colocar: restos de frutas e de legumes (inclui cascas, talos e o que mais sobrar), ervas aromáticas, grãos e sementes, cereais matinais, cascas de ovos, borras de café, farinhas, saquinhos de chá (os de papel), formas de cupcake de papel, rolhas de cortiça, sobras de alimentos cozidos ou estragados (sem exageros, para não ganhar mau cheiro);
b) não podes colocar: carne e ossos, massas, cascas de limão, alho e cebola, frutas cítricas em excesso, lacticínios, óleos e outras gorduras.

Foto: 1.ª Congerdesign; 2.ª Stocksnap; 3.ª jf gabnor; 4.ª Mittmac; 5.ª Free-photos; 6.ª Sílvia Rita;
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"A Felicidade é o Caminho" também está aqui:

1 comentário:

  1. Excelentes dicas. Obrigada.
    Também ando a precisar de reduzir o desperdício alimentar em minha casa!

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