terça-feira, 16 de julho de 2019

Investigando as minhas raízes (genealogia e afins)

Vários registos paroquiais estão disponíveis online
Ultimamente os meus serões têm sido preenchidos por pesquisa. Mas diferente da habitual (costuma ser sobre os temas do blog). Ando a investigar as minhas raízes familiares.

Tudo começou com um livro (tinha de ser... como tantas coisas na minha vida [é o da foto abaixo]). Encontrei-o por acaso, num café da cidade. Fala sobre a história da minha terra. 

Já tinha lido livros do género, ainda assim, descobri várias novidades: a enorme actividade do porto fluvial (hoje inexistente), os reis que passavam cá parte do tempo, como surgiram as escolas, onde foi a judiaria, etc., etc... 

Um livro com a história da minha cidade
Numa dessas leituras, fui à Net para perceber melhor uma informação do livro. E mais uma vez por acaso, dei por mim num site que, permite aceder aos registos paroquiais portugueses. Basta seleccionar o distrito, o concelho e por fim a freguesia (no meu caso sou encaminhada para o site do arquivo distrital de Santarém). 

Só estão disponíveis os registos até 1911 (os mais recentes, talvez por parte das pessoas ainda estarem vivas, só podem ser consultados nos arquivos físicos). Aquilo a que podemos aceder são os registos de baptismo, de casamento e de óbitos.

Em tempos, escrevi que cá em casa começámos a fazer um livro da família. Investigamos e depois registamos nele as histórias giras, a genealogia, ilustramos com fotografias... Nesta caminhada já descobrimos uma série de coisas interessantes.
O nosso «livro da família»

Mas a possibilidade de pesquisar online, facilita as coisas. Permite-me criar uma árvore genealógica bem mais completa. Comecei há pouco e há casos em que já cheguei aos meus sextos avós. 

As coisas que já descobri:

- Que em grande parte da família os homens eram trabalhadores (na agricultura) ou almocreves (sei que os géneros que chegavam ao porto de Abrantes, para enviar para Lisboa, eram trazidos do Alentejo ou Beiras, com recurso a cavalos... às tantas os almocreves da família, faziam justamente essa tarefa). As mulheres eram sem excepção domésticas. Mas fiquei triste por saber que um dos meus quartos avós, que chegou a uma idade mais avançada era mendigante, ou seja, pedia esmola para sobreviver (e vi uma série de casos semelhantes, sempre de velhinhos). O facto de antigamente não haverem pensões, deve de explicar muita coisa...

- A maioria dos meus avós é oriundo da mesma freguesia, mas tive surpresas. Como é que eu poderia imaginar que um dos meus antepassados tivesse vindo de Valença do Minho? (Fica bem no Norte de Portugal e faz fronteira com Espanha). Nunca visitei e fiquei com imensa vontade. O que conheço foi de um dos livros e documentário do José Hermano Saraiva.

- Descobri apelidos que se perderam no tempo e a predominância de outros, como: Lucas, Ruiva, Sousa... (só mantenho este último e, foi alterado - antigamente escrevia-se com z). 

- Fiquei encantada com os nomes de algumas mulheres: Anna Ruiva (lembra-me os desenhos animados da "Ana dos cabelos ruivos"), Maria Josepha, Magdalena Ruiva, Anna Alexandrina...

- Dei mais valor à vida que temos hoje: principalmente a melhores cuidados de saúde e mais higiene. Fiquei chocada com a quantidade de mortes de pessoas jovens, principalmente crianças. A sério, poderiam ser várias num mês ou mesmo num único dia (e isto passava-se numa aldeia, onde a população era menor do que num grande centro). Cheguei a reparar que em 10 falecimentos, 7 foram de crianças. As pessoas baptizavam as filhos pouco depois de terem nascido, provavelmente para prevenir, não fosse algo acontecer. Por isso, acho absolutamente reprovável que hoje em dia, haja quem ponha em causa o uso de vacinas. Se soubessem como era viver naquele tempo e o que alcançámos graças à vacinação, não poriam a saúde dos seus filhos e das outras crianças em causa. E quem fala de vacinação, fala de antibióticos, do recurso a aerossóis nas urgências, das crianças nascerem em segurança e até pela facilidade de uma coisa aparentemente simples, que é poder abrir uma torneira dentro de casa. Que sorte temos hoje em dia!

- Numa terra onde praticamente ninguém sabia ler e escrever (no recenceamento de 1878, em Portugal, 79,4% da população era analfabeta), fiquei super-comovida por ver a assinatura do meu trisavô (um que contava histórias fantásticas, segundo a minha avó). Foi uma sensação avassaladora, poder olhar para a sua letra.

Ainda tenho muito por descobrir, principalmente do ramo dos Sousa. Mas é uma tarefa que leva tempo. Contudo sinto-me mais rica! Quer por conhecer mais familiares, quer por começar a perceber a sua história - que justifica um pouco aquilo que sou.

Agora uma nota. Nem sempre é fácil. Por sorte, os registos da minha freguesia estavam bem cuidados, com letra mais ou menos legível e com informação bastante completa. Mas necessitei de consultar os registos de uma freguesia vizinha e... bem, digamos que quase tive vontade de chamar nomes ao padre. Letra quase ilegível, dados super-incompletos (eu pensava que tinha de haver um padrão, em que todos escreviam mais ou menos a mesma coisa... mas parece que não) e livros em péssimo estado... Mas ainda assim, lá consegui descobri parte da informação (portanto, há esperança!...).

««»»

E tu? Já pensaste descobrir de onde vens? Quem és realmente?

Já experimentaste conhecer a história do lugar onde vives? Quem sabe as aventuras que podem ter acontecido na tua própria rua...

Fotos: Mafalda S.
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"A Felicidade é o Caminho" também está aqui:

6 comentários:

  1. Olá Mafalda,

    Não imaginas como este post teve significado para mim!

    Ando a tentar fazer a minha árvore genealógica também mas não é tarefa fácil...

    Queria pedir-te ajuda, é possível explicares como fazes a pesquisa no site da torre do Tombo? Ando às voltas com aquilo e não consigo perceber...

    Obrigada.

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  2. Quando eu nasci, 2 dos meus avós já tinham quase 80 anos, logo nasceram antes de 1911 (até onde estão disponíveis os registos online). Por outro lado, antigamente as crianças eram baptizadas muito próximo da data de nascimento. Assim, bastou-me ir ao registo de baptismo do ano de nascimento dos meus avós e pesquisar pelo nome deles (normalmente só inclui o 1.º nome da criança). Nesse registo é indicada a data e hora de nascimento (eu sabia a data, que coincidia), os nomes dos pais da criança, em que área residiam e os nomes dos avós maternos e paternos. Depois, procurei o registo de casamento dos pais da criança (que deveria ser um ou mais anos atrás, mas aproximado da data de nascimento das crianças). No registo de casamento, indica a idade dos noivos (logo, dá para saber em que ano nasceram), inclui o nome dos seus pais e o nome dos seus avós (assim, já dá para descobrir mais uma geração). Por vezes estes registos têm anotações laterais. No do baptismo do meu avô vinha referido com quem casou, o nome da noiva, a idade da noiva e a data do casamento. Também vinha referida a data e local do falecimento. No registo de casamento dos meus bisavós vinham anotações laterais com o n.º do assento de baptismo, por isso foi só localizar esse número, no livro do ano de nascimento. Agora no caso dos meus outros avós, que nasceram mais tarde, tive de procurar pelos seus pais (por acaso sabia o nome deles) e fui investigando pelos anos mais recentes e recuando. Atenção que nem todos os registos são super-completos (mas por norma são) e nem todos têm anotações laterais), pelo que aí temos de investigar ano a ano, mais ou menos nas datas em que pensamos que aconteceu determinada coisa (um casamento ou um baptismo, por ex.).
    Presentemente, resolvi reiniciar a pesquisa, ano a ano, iniciando em 1911. Tenho uma pasta no computador para cada ano e, sempre que me apareçam possíveis relações familiares guardo a imagem no computador (o site permite fazer isso), identificando o nome da pessoa do documento. É que por vezes descobrimos os nomes dos nossos antepassados através de outras ligações familiares.
    É um trabalho minucioso, mas que me relaxa imenso e que me torna mais rica interiormente. Por isso, acho que vais descobrir coisas incríveis. Não desistas, depois de engrenares com aquilo, fica mais fácil.

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    1. Olá,

      Obrigada pela ajuda!!!

      Já envolvi uma irmã e uma tia para me ajudarem!

      Beijinhos
      Margarida

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    2. Votos de sucesso então!

      Não me lembrei de referir, mas eu também recorri à ajuda de uma tia já com bastante idade. Foi uma ajuda preciosa!

      Espero que consigas descobrir mais da tua história!
      Bjs

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    3. Olá,

      Venho aqui agradecer-te: com as dicas que me deste já consegui descobrir imensa coisa! Descobri os registos de baptismo dos meus quatro bisavós! Um deles também esteve na Guerra em França e regressou. Esteve também no Brasil onde teve uma padaria, mas ficou doente e veio falecer em Portugal. Do meu outro bisavô herdei um problema no joelho!!!

      Mas mais engraçado é que descobri que os meus avós maternos são primos direitos: a mãe do meu avô era irmã do pai da minha avó!

      Estou muito entusiasmada e agradeço imenso a ajuda!

      Beijinhos
      Margarida

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    4. Uau! Que descobertas incríveis!!! Fico feliz por conseguires avançar com a tua investigação. 😊

      Isto é tão positivo!... Parece que damos mais valor às nossas raízes.

      Que coincidência! Também tive um bisavô na guerra, em França, que felizmente regressou.

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