quinta-feira, 13 de julho de 2017

Como deixares de te comparar com os outros


Uma olhada no facebook. Surge mais uma foto daquela amiga, ou melhor dizendo, conhecida, pois até nem te relacionas muito com ela. Aparece novamente linda, com o cabelo impecável e um corpinho que não aparenta ter sido mãe à pouco tempo. Ainda por cima mostra o seu novo carro, lindo por sinal! Espreitas outra foto, desta vez da sua casa que mais parece uma galeria de arte. Suspiras, enquanto te lembras que mal consegues manter a tua arrumada - os filhos fazem cá uma bagunça... Fechas o computador, a sentir-te miserável. Afinal mal tens tempo para ir ao cabeleireiro, quanto mais ao ginásio. Quanto ao carro, pensas, mesmo que quisesses, não terias dinheiro suficiente para o comprar.

Agora o outro lado. Até porque não conheces tão bem aquela pessoa.

Ela aparece com o cabelo impecável, porque todas as semanas opta por ir ao cabeleireiro em vez de ir ao parque, como tu costumas ir com os miúdos. Ela está com um corpinho bem bonito, mesmo tendo sido mãe, porque é acompanhada por um nutricionista e se esforça para cumprir as suas indicações. Também vai ao ginásio 3 vezes por semana, exactamente à hora em que estás a jantar com a família. A casa está sempre impecável, porque a sogra que já não trabalha, para se manter ocupada, vai dar uma mãozinha por lá. Ah! E nem toda a casa está impecável. Mas claro, o espaço que aparece na foto, obviamente está.  Quanto ao carro novo, ela só investiu o dinheiro de forma diferente da tua. Tu optaste por viajar e ir fazendo férias com a família. Ela sentiu que ter aquele carro era o seu sonho e juntou dinheiro para o comprar.

Como podes superar as comparações com os outros

Nenhuma das formas de vida acima está errada. Mas deverias interiorizar umas quantas coisas, para te sentires melhor:

  • As pessoas tendem a mostrar aos outros o melhor de si, principalmente nas redes sociais. Convenhamos, tu certamente fazes o mesmo. Dificilmente colocarias uma foto em que estás com mau aspecto ou uma imagem da divisão mais desarrumada lá de casa. Assim, este género de comparações são injustas, pois costumamos comparar o nosso pior com o melhor dos outros.

  • Todas as pessoas têm frustrações na vida. Não há vidas perfeitas! Um sorriso bonito, pode na realidade esconder uma série de problemas. A foto de uma viagem a um lugar maravilhoso, não mostra os possíveis dissabores dessas férias. Pensa! Normalmente as pessoas mostram aquilo que mais gostam em si ou nas suas vidas e ocultam o que menos as satisfaz. Certamente não colocarão uma foto da sua gaveta da tralha (optam por mostrar o que está bonito), ou não irão expor que não se dão com a sogra (escolhem mostrar o convívio com os amigos), ou que têm as pernas cheias de celulite (preferem mostrar o sorriso, quando têm os dentes quase perfeitos). 

  • O tempo e dinheiro não dá para tudo e é impossível conseguires fazer algumas coisas, sem abdicares de outras. É tudo uma questão de prioridades! Se preferes investir o teu dinheiro em viagens com a família, é uma escolha. Provavelmente essa escolha dar-te-á mais felicidade, do que comprares o carro mais giro do mundo. Lá no fundo, é o que preferes. Por outro lado, se trabalhas 8h e não tens ajudas, é normal que seja mais difícil para ti manteres a casa em ordem. Provavelmente, decidiste que preferes não ocupar todo o teu tempo livre em arrumações, pelo que se os miúdos ainda são pequenos, é natural que exista alguma desordem (não invalidando que os vás ensinado a arrumar). 


  • Sabes aquelas pessoas que reclamam de tudo e que nunca dão elogios? Não sejas assim contigo mesmo/a! É claro que há pessoas que têm vidas mais facilitadas que a tua: uma sogra que ajuda lá em casa, um ordenado maior ao fim do mês, uma genética que lhe trouxe mais beleza... Mas e aquilo que tu tens de bom? Para e enumera o que te lembrares. Pode ser um casamento feliz, um talento enorme para organizar a casa, uns filhos lindos, uns olhos bonitos, a sensação que aquilo que fazes é importante para quem te rodeia...

  • De acordo com os investigadores do Tilburg Institute for Behavioral Economics Research, existem dois tipos de inveja que surgem das comparações sociais:
a) a maliciosa - quando olhas para a vida dos outros e te parecem muito mais interessantes, fáceis e alegres que a tua. Isto leva a que te sintas infeliz, pouco auto-confiante, solitário/a e com baixa auto-estima. O pior é que a motivação melhorares algum aspecto da tua vida, vem por aí abaixo.
b) a benigna - quando optas por olhar para a vida de pessoas inspiradoras.  Pessoas que mesmo enfrentando adversidades, conseguiram alcançar os seus objectivos. Pessoas que nos ensinam lições através do que dizem ou do seu próprio exemplo.

Quando sentires que te estás a comparar negativamente com alguém, procura informação sobre pessoas que te inspiram. Isso irá motivar-te a aprenderes mais, a lutares pelos teus sonhos e, sobretudo, a seres mais feliz.


  • Compara-te a ti mesmo. Se olhares para trás, certamente vais aperceber-te que alcançaste uma série de objectivos ou que desenvolveste qualidades das quais te podes orgulhar (um curso que conseguiste tirar, a família que conseguiste construir, a sensibilidade que tens para ajudar os outros…). Esta sim, é uma comparação justa, porque na tua vida conheces todos os lados - positivos ou negativos -  de cada situação e consegues deter o controle sobre muita coisa. Por outro lado, constatares que tens capacidade para alcançar algumas metas, aumentará a tua auto-confiança.

  • Melhora a tua auto-estima. Se te sentires bem contigo mesmo/a, fica mais difícil concentrares-te tanto nos outros. Para te ajudar a aumentar a auto-estima, podes ler este post.

  • Lembra-te de que há imensas pessoas em situação pior que a tua. É chato dizer isto, mas a verdade é que por vezes, só valorizamos o que temos de bom, quando olhamos para quem está pior que nós. E nem estou a falar de situações extremas como pessoas que passam fome em África ou as vítimas da guerra na Síria. Falo de pessoas que estão bem perto de ti. Vou dar-te exemplos do que vejo à minha volta. Aquele senhor, que não consegue libertar-se do vício da bebida e que já perdeu muita coisa por causa disso: a família, a casa, o emprego. Aquele rapaz que teve um acidente de trabalho e perdeu as duas pernas (este até é um caso inspirador, pois depois do acidente formou família, arranjou outro emprego e continuou a lutar). Ou aquele homem nos seus 30 e poucos que, perdeu a mulher por um problema cardíaco que nem ela sabia que tinha. Ficou com 3 filhos para criar (hoje vive em função dos filhos e é um exemplo de pai). Por isso, pensa: que sorte em teres tanta coisa boa na tua vida!


  • Define o que é importante para ti. Será economizar para fazer uma viagem ao Gerês? Será perder 10 kg? Será conseguir uma promoção no trabalho? Será ir 3 vezes por semana com os miúdos ao parque? Se tiveres as tuas prioridades bem claras na tua cabeça, e se fizeres as tuas escolhas em função disso, torna-se mais fácil não te comparares com os outros. Sabes à partida o que queres da vida e passas a organizar os teus dias em função disso. Começas também a ter consciência de que o que observas nos outros, são por vezes prioridades diferentes das tuas.

  • Define objectivos e luta por eles. Por outras palavras, em função daquilo que é importante para ti, ou seja, das tuas prioridades, define objectivos a curto, médio e longo prazo. De seguida, escreve as tarefas que tens de ir realizando para conseguires alcançar os teus objectivos. Fazendo um pouco todos os dias, fica mais fácil alcançares os teus sonhos. E o melhor, é que mantendo a cabeça ocupada naquilo que queres, é menos provável que percas tempo em comparações com os outros. 

  • Gere melhor o teu tempo, pois isso ajudar-te-á a teres uma vida mais organizada e, consequentemente, a ter mais tempo para as tuas prioridades. Define assim as tuas prioridades e objectivos, evita procrastinar, delega o que puderes e não percas tempo com o que não interessa. Para concretizares as tuas tarefas, recorre a um bom método de gestão de tempo, o GDT por ex. (encontras explicação do método neste vídeo e neste livro). Vais ver que se sentires a tua vida a melhorar, deixa de ser tão importante concentrares-te na dos outros.


  • Não provoques tu próprio(a) comparação social negativa. Sabias que nos países mais felizes do mundo, como a Dinamarca, as pessoas não têm por hábito exibir-se? É até considerado mau gosto. Já foi inclusive demonstrado, que nas comunidades onde as pessoas se sentem mais iguais aos seus vizinhos, estas se sentem mais felizes. Sugiro por isso que não te gabes dos teus bens materiais, ou que não estejas sempre a demonstrar que és melhor que os outros (grande parte das vezes, isto até é feito sem intenção). Quanto menos comparação existir, mais feliz será a vida das pessoas. Nas redes sociais, claro que não há mal em partilhares fotos e comentários sobre a tua vida. Só não exageres. Opta por partilhar coisas úteis, que melhorem a vida de alguém: artigos que aches interessantes, citações inspiradoras, sugestões de passeios, notícias úteis, etc. 

  • Faz um detox das redes sociais. Uma equipa de pesquisa conjunta de duas faculdades alemãs, a Darmstadt Technical University e a Humboldt University, concluiu que uma em cada 3 pessoas sentiu-se pior depois de ir ao Facebook, isto porque se sentiram mais desapontados com as suas vidas. E os participantes que exploraram o Facebook passivamente (só observando, sem colocar nenhum «like»), foram os que se sentiram pior. Por isso, de tempos a tempos, faz uma pausa das redes sociais. E quando navegares, opta por seguir pessoas e páginas inspiradoras. Ah... e se vires algo que gostes realmente, toca a colocar um «like», não navegues passivamente.

  • Enquanto estás a perder tempo com comparações, não o estás a ocupar de forma mais útil, que traria mais benefícios à tua vida. Ocupa a mente com outra coisa: destralha uma área da tua casa, vai ler um livro, faz uma caminhada, faz algo pelos teus objectivos, faz alguma tarefa doméstica, passa tempo com a família... Concluindo, não percas tempo com algo que ainda por cima te faz infeliz! 

  • Para de fazer comparações em geral. Não é só nas redes sociais que nos comparamos, mas fazê-mo-lo em diversas situações do nosso quotidiano. O risco de repetires este comportamento, é que podes transformá-lo num hábito. E aí, fica mais difícil, deixar de agir assim. Por isso, sempre que te vires a comparar-te com outras pessoas, segue a estratégia anterior: realiza alguma tarefa que distraia a tua mente das comparações.


Em suma, a «comparação social negativa» pode ser um entrave na tua vida. 
Pode travar a tua evolução e fazer-te infeliz. 
Opta hoje mesmo, por fazer diferente. 
Segue estas estratégias e concentra-te na tua própria evolução 
e, claro, em seres mais feliz! 


Foto: 1.ª Pexels; 2.ª Julia Orige ; 3.ª Lannyboy89; 4.ª Annca; 5.ª shoelessRVA_photography.

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"A Felicidade é o Caminho" também está aqui:

9 comentários:

  1. Um texto fantástico e muito útil. Grata! No meu caso, não faço, pelo menos conscientemente, comparações com outras pessoas. Faço pior. Faço uma comparação com o que sou e tenho e com o que gostaria de ser e ter. E uso esta comparação de forma negativa, em vez de fazer do ideal um objectivo a alcançar, faço do ideal um motivo para me criticar. A auto-estima é uma cena muito complexa. Vou guardar este teu texto, junto de outros em fila de espera, para reler mais tarde. Algo tem de mudar...

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    1. Olá Rosa, o lado positivo é que sabes a solução para o teu problema. Transformar o que gostarias de alcançar em objectivos. Lê o livro do GTD, tem muito a ver com o que devemos fazer para alcançar os nossos objectivos. É uma ajuda.
      Beijinhos e boa sorte!

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  2. A imagem escolhida para "há pessoas piores" foi péssima

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    1. Sabes Ana, nem sempre é fácil encontrar as imagens que queremos em bancos de imagens, que autorizam a sua publicação. Este tinha a ver com alguém com problemas de alcoolismo. Foi o que consegui encontrar.
      Bjs

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    2. Oh Ana, a sério? Com um texto destes, muito bem escrito por sinal e em que se nota que houve um esforço por fazer pesquisa para o escrever, a única coisa que te ocorre dizer é que a imagem é péssima? Ainda por cima, ela faz todo este trabalho, partilha connosco voluntariamente (se quisesse não o fazia), é uma lufada de ar fresco para nos sentirmos melhores no dia-a-dia e tu, em vez de vires aqui apontar também o que está bem, só vens apontar um erro? E tu, já te esforçaste por fazer algo do género? Ou és daquelas que só aponta erros mas não faz nada?
      Agora é contigo Mafalda: desculpa vir aqui ocupar o teu espaço, mas sinceramente tinha de dizer alguma coisa. Quanto a ti, se estivesse no teu lugar, nem sequer lhe tinha respondido. Aliás, nem tinha publicado este comentário. E quanto à imagem, não vejo nenhum mal nenhum na escolha.
      Continua a trazer-nos bons textos, porque apesar de se calhar não te aperceberes, ajudas muita gente, puxas pelo melhor de nós.
      Votos de boa continuação!
      Abraço

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  3. Obrigada pela partilha, Mafalda. O ponto 4 acertou-me em cheio! Às vezes é apenas uma questão de perspectiva e de respeitar que cada pessoa toma as suas decisões e define as suas prioridades.

    Votos de tudo de melhor!

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  4. Olá Mafalda!
    É verdade, os teus textos são inspiradores.
    Leio sempre mas raramente comento.
    Mas gosto muito! <3
    Obrigada!
    É olhemos antes para o positivo naquilo que nos é oferecido :)
    Beijinhos ❤️

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  5. Obrigada Mafalda!
    Às vezes parece que criamos uma redoma em nós proprios, mesmo que inconscientemente, ficamos estagnados. Este texto veio na hora certa!
    Contrariar esse espirito, ser grata e seguir estas estrategias!
    Beijinho❤

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