terça-feira, 27 de agosto de 2019

Coisas que me fazem ter esperança na humanidade


As notícias recentes sobre os incêndios na Amazónia, têm sido devastadoras. E fico pasma com  a ignorância cientifica de uma série de líderes políticos... que pouco entendem sobre os efeitos dramáticos da desflorestação, naquele que é considerado o pulmão do mundo. Mas também penso que se houvesse menos consumo, não haveria necessidade de desflorestar áreas cada vez maiores. Portanto, por menor que seja o nosso papel, podemos fazer a diferença!

Mas no meio deste desânimo, houve três situações, que me fizeram ter esperança na humanidade. Todas aconteceram na semana passada.

Na primeira situação, encontrei-me com uma velhinha junto ao ecoponto. Levava 2 saquinhos pequenos, um com plástico e o outro com cartão. Entretanto começou a conversar comigo:
"- Sabe, eu acho que são tantas as embalagens para tudo e mais alguma coisa. No meu tempo não era assim. Haviam muito mais coisas a granel. Eu era vendedora de leite, vendia de porta em porta, e as pessoas guardavam o leite, por exemplo em garrafas de vidro, que depois poderiam ser reutilizadas.
- Verdade! Hoje há plástico em excesso. Ainda ontem vi umas bananas embaladas com plástico. Não vejo a mínima necessidade para tal.
- Será que era por serem biológicas?
- Não eram. Por acaso reparei nisso. Ainda assim, é uma pena que para comermos de forma mais saudável, usando produtos orgânicos, estes tenham de vir tão embalados.
- Isso é verdade! Já que é para comer de forma mais saudável, que seja com menos plástico! Mas há outra coisa que me deixa triste: é a quantidade de comida que se deita no lixo. Ainda há dias vi cenouras no lixo, que nem sequer estavam podres. E tanta coisa que ainda poderia ser aproveitada...
- Concordo! Por acaso é algo a que ultimamente tenho prestado muita atenção. Ainda ontem fiz croutons e pão ralado, com pão que já estava duro.
- Olhe, eu também aproveito tudo! Confesso que com o pão duro o que gosto mesmo é de fazer umas sopas no café com leite, que bebo pela manhã."
E pronto, a conversa acabou por aqui. Mas fiquei surpreendida, com a consciência ambiental desta senhora encantadora.

A segunda situação aconteceu com os meus próprios filhos (neste momento sinto-me muito orgulhosa!). Costumamos passear um pouco depois de jantar. E por acaso, na semana passada, repetimos a ida ao mesmo parque.
Não é que a minha filha tinha reparado que havia algum lixo no parque e foi munida de 1 saco para o lixo e protecção para as mãos? (Sem que eu soubesse previamente). Então ela e o mais pequeno apanharam os resíduos espalhados pelo chão. 
Fiquei surpreendida com a quantidade, só na área do parque infantil: maços de tabaco, pacotes de batatas fritas, copos de plástico, etc. 
Há quem diga que o pessoal da Junta de Freguesia é que tem por obrigação recolher aquele lixo. Eu acho é que acabam por «ter de recolher», porque o trabalho que deveriam de ter é a manutenção dos espaços públicos: tratar dos jardins, podar árvores, varrer as folhas, fazer reparações... e nunca ter que recolher lixo de preguiçosos (sim, porque com um caixote mesmo ao lado optam por colocar a sua porcaria no chão).
Mas ao mesmo tempo, fiquei feliz com a atitude dos meus filhos. Principalmente, por a minha filha estar atenta a estas situações.

A terceira situação foi um pouco semelhante à segunda. No fim-de-semana, a minha filha teve uma festa de anos, nas piscinas da cidade. Fui levá-la e assim que entrei no carro, vi um senhor a olhar para um saco de plástico no chão. Pegou nele e colocou-o no ecoponto. 

Só posso dizer uma coisa: estes sim são bons exemplos! Sinto-me grata por ter recebido estas inspirações, justo numa semana em que o descaso pelo ambiente, se transformou nos gigantescos incêndios na Amazónia. Precisava desta inspiração, para me lembrar que sim, que se cada um fizer a sua parte, podemos transformar o mundo num lugar melhor.

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"A Felicidade é o Caminho" também está aqui:

13 comentários:

  1. A minha avó faleceu com 93 anos e acompanhou o início da educação dos nossos hábitos para a reciclagem adoptando-a e tornando-se rapidamente mais escrupulosa do que eu na separação de lixos. Tenho uma postagem sobre isso no blogue mas já nem recordo quando a escrevi nem o título que lhe dei. Chega a desanimar, de facto, e ao contrário de si não me sinto nada inspirada pelo que tenho observado! Sempre que despejo lixo, por exemplo, tenho visto plástico nos contentores verdes que ficam a metros dos ecopontos, ou seja, a meia dúzia de passos, o mesmo para roupa boa. Por vezes nem sempre é fácil dar destino a coisas que ainda podiam ser uteis aos outros: acho que ainda há muito a fazer para dar uma segunda hipótese a estes bens de que tantos podiam beneficiar. Na praia é que parece ter melhorado: vejo todos a juntar o lixo num saquinho e a deixar nos contentores antes de abandonarem a areia!

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    1. Olá Belinha, na realidade eu sinto-me bastante desanimada com o actual estado de coisas - como até tenho referido nos últimos tempos. Mas depois, ver gestos destes, dão-me inspiração para seguir em frente e cumprir pelo menos o meu papel, para um mundo melhor.
      Quanto às praias, também concordo. Melhorou bastante! Mas confesso, que ainda assim há muita a fazer ao nível das mentalidades. Na minha última caminhada na praia, vi uma escadaria cheia de beatas de cigarros e uma gaivota a tentar comer uma rolha de cortiça. Estas situações revoltam-me.
      Mas acho que o melhor que podemos fazer é dar o exemplo, para que pelo menos as gerações vindouras aprendam a fazer melhor. E espero que ainda estejamos a tempo de reverter a situação. Porque o que se está a passar no mundo em termos ambientais, pode trazer consequências gravíssimas.
      Um aparte: que grande senhora era a tua avó! Um exemplo super-inspirador!

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  2. Encontrei a tal postagem! Talvez goste de ler! Aqui a deixo: https://palavras-cruzadas.blogspot.com/2012/01/minha-avo-e-reciclagem.html

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  3. Olá querida!
    Sou brasileira, residente no Brasil e sigo seu canal.
    Também lamento as queimadas, mas cuidado com noticiários...queimadas acontecem em todas as florestas...em Portugal, na Sibéria (que ninguém comenta).....
    A amazônia não é pulmão do mundo, os planctons produzem metade do oxigênio do planeta.
    Um abraço.

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    1. Olá Erika, espero que esteja tudo bem contigo :) E fico feliz por seguires o meu canal! Obrigada :)
      Quanto aos incêndios, não quero de todo criticar o Brasil enquanto país (aliás, é um lugar pelo qual tenho muito carinho). O que critico abertamente é a atitude de algumas pessoas no poder que desvalorizam a urgência em proteger o ambiente (e aqui, não podemos falar só de políticos brasileiros, o Trump por exemplo, tem um discurso semelhante). Estes líderes são influenciadores de políticas e de pessoas, pelo que deveriam assumir uma atitude mais responsável.
      Não sei que notícias passam aí, mas por cá também falaram dos incêndios na Sibéria e por ex. nas Canárias.
      Portugal é um dos piores exemplos a este nível e praticamente todos os anos falo nisso. O meu mais recente post é de 23 de Julho deste ano, com o título "Até quando?" https://manualdafelicidade.blogspot.com/2019/07/ate-quando.html
      Referi a Amazónia, porque em termos de biodiversidade é um lugar do mundo com condições absolutamente excepcionais. E claro que uma parte do oxigénio que respiramos vem de lá. Para não falar de ser a casa de várias comunidades indígenas (meu Deus! Nem imagino como se sentem ano após ano, com a destruição dos lugares onde vivem...).
      Não tenho qualquer preferência política, nem em Portugal, muito menos no Brasil. Mas sem qualquer sombra de dúvida que não apoio quem desvaloriza a necessidade de protecção do meio ambiente. E aqui, não incluo só os políticos, mas todos nós cidadãos. Cabe-nos a nós consumir menos, fazer escolhas de consumo mais inteligentes, reutilizar e reciclar o que for possível.
      Quanto à expressão o «pulmão do mundo», utilizei-a porque é uma expressão comummente utilizada, para evocar a importância do oxigénio que a Amazónia produz para o planeta. Sei da importância fundamental (e realmente com maior peso), de vários organismos aquáticos na produção de O2. Ainda assim, usei a expressão, para salientar a relevância desta floresta.
      Há um livro, francamente bem escrito, sobre estes temas (e a autora não se limitou a pesquisar, foi mesmo aos locais e assistiu ao trabalho dos investigadores). Ela foi por exemplo à Amazónia, esteve junto aos recifes de corais, etc. Chama-se "A Sexta Extinção" de Elizabeth Kolbert (no Brasil também tem este título) e é super-informativo. Acredita que este livro mudou-me e muito do que fiquei a saber, partiu daí.
      Agora quer isto se passasse no meu país, quer estando a passar-se no Brasil, é algo que me deixa preocupada e, do meu ponto de vista, é positivo que a imprensa divulgue estas situações. Porque isso põe o foco na necessidade de defesa destes lugares. As pessoas começam a revoltar-se, a prestar mais atenção no seu próprio papel e a AGIR. Eu, pelo menos, vejo assim.
      Um abraço e esperemos que todos nós nos consigamos unir por um futuro melhor! :)

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    2. Olá, om dia!
      Concordo com você, temos que AGIR.
      Apenas estava te pondo a par do que se passa por aqui.
      Caso queira, tem algumas publicações que resumem bem:

      https://www.youtube.com/watch?v=9BOwDQherh8

      https://conexaopolitica.com.br/ultimas/agora-angela-merkel-contadiz-macro-sobre-a-amazonia/

      Isto porque os acordos Mercosul com União Europeia e Brasil com associação européia Efta atingem os agricultores franceses.

      https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/28/internacional/1566978341_414043.html

      mas o fogo é real e é muitas vezes intencional

      https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2019/08/grupo-no-whatsapp-contratou-motoqueiros-e-motosserras-para-desmatar-e-incendiar-floresta.html

      Lamento tudo isso.

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    3. Olá Erika, espero que esteja tudo bem contigo :)

      Obrigada pela partilha, li e vi tudo o que me enviaste. Apesar de que aqui em Portugal, estamos ao corrente dessas situações, incluindo sobre os incêndios em África.

      Apesar de existirem líderes políticos que têm a mania que os seus países são superiores a outros, creio que a visão de que a Amazónia é só dos brasileiros ou a floresta portuguesa é só dos portugueses, também tem de mudar um pouco. Deveríamos começar a pensar que as florestas, os oceanos, os rios são do planeta e que, se a humanidade quer sobreviver, deve de cuidar deles em conjunto. Porque mais do que estar em causa o planeta, o que está mesmo em risco é a própria sobrevivência dos humanos e restante biodiversidade. Deveríamos ver o «cuidar do planeta» como um dever global, porque as mudanças climáticas afectam e irão afectar-nos globalmente, sem distinção de países.

      Por exemplo em Portugal, não é de todo normal a existência de furacões e agora acontecerem 2 anos seguidos (no ano passado e no ano anterior). Por 2 vezes também passaram tornados na minha cidade, que destruíram o telhado do meu prédio e a minha rua ficou com um buraco gigantesco, que demorou meses a reparar.
      Deixo sobre isto um artigo:
      https://www.publico.pt/2019/05/08/local/noticia/portugal-entrou-rota-furacoes-1871954

      Ainda em relação ao furacão de 2017, este passou mais junto ao mar, mas os ventos fortes, associados a vários incêndios, resultaram em cerca de 50 mortos e várias aldeias absolutamente destruídas.

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Inc%C3%AAndios_florestais_em_Portugal_de_outubro_de_2017

      Em relação à Amazónia, esta floresta é extremamente relevante, pela enorme biodiversidade que a mesma tem. Uma pequena área da Amazónia consegue ter mais biodiversidade do que o Canadá inteiro, por exemplo. Por isso também não concordo que se diga "aqui arde, mas além arde mais". Do meu ponto de vista, não é uma espécie de competição - por mais que se façam discursos nesse sentido. E muito menos deve ter a ver com política. Como te disse, não me importa o partido político que esteja no poder, o importante mesmo é que se preocupe em desenvolver o país, mas de forma sustentável, que se preocupe com o bem-estar de todos (povos indígenas incluídos) e com o ambiente. É possível desenvolver um país, de forma sustentável (estudei inclusive essa matéria em Educação Ambiental).

      Deixo-te também um vídeo de uma youtuber brasileira que sigo, que fala justamente do tema das «mudanças climáticas»:
      https://www.youtube.com/watch?v=9FKcx9TsbI0&t=52s

      Em resumo, o meu foco é querer um planeta globalmente melhor. Estou também a mudar aos poucos para tentar ajudar, mas ainda estou longe da perfeição - por exemplo reduzi imenso o consumo de carne, mas não sou vegetariana.

      Aqui em Portugal, acho que ainda estamos muito longe de ser por exemplo como os suecos (em que a população em geral tem atitudes bem amigas do ambiente). Por cá, nem todos separam os resíduos, há imensos plásticos a embalar produtos, há fábricas a poluir rios e, os incêndios são um desastre completo. Ainda assim, há cada vez mais pessoas a mudarem a sua mentalidade. :) Há cada vez mais recurso a energias limpas, as pessoas começam a comprar mais produtos orgânicos e ecológicos, já não são dados sacos de plástico nos supermercados, começam a surgir cada vez mais produtos amigos do ambiente, estão a construir-se cada vez mais ciclovias, etc.

      E sabes, o Brasil tem excelentes exemplos de reflorestação. Essa é que foi uma descoberta recente. Desconhecia por completo que algumas florestas tinham sido plantadas pelo homem. Assisti num vídeo do Paulo Rezutti:
      https://www.youtube.com/watch?v=ZpsHpe0e1no

      Por último, uma reflorestação mais recente, a de Sebastião Salgado e da esposa. Vê as fotos do «antes» e «depois» no fim deste meu post:
      https://manualdafelicidade.blogspot.com/2019/06/estamos-cada-vez-mais-verdes-mas-ainda.html

      O que desejo mesmo é que tudo isto passe e que consigamos transformar o planeta num lugar melhor. Vamos torcer por isso e fazer a nossa parte!

      Beijinhos

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  4. Olá Mafalda! Fiquei muito contente pelo facto da Mafalda ter lido a postagem e agradeço as palavras sobre a minha avó. Sinto a falta dela. Acho que faz falta, em qualquer família, uma pessoa "antiga". Ela não era fácil, era obstinada, não admitia ser contrariada mas deixou-me muitos exemplos. Dois deles, o nunca parar de trabalhar e de ler. Fez isso enquanto teve forças, e olhos, e, felizmente, não sofreu demências embora em diversas ocasiões tivesse perdido a consciência e a cada vez notavamos algumas perdas. Ela também me legou a ligação à Natureza, às plantas, que adorava, e aos animais. Obrigada por estar a seguir o meu blogue. Li que se interessa pela psicologia positiva. Escrevi, por acaso, sobre isso na minha última postagem. Descobri-a somente há uns anos e foi revelador!

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    1. Olá! Segui, porque achei o conteúdo do blog muito interessante. :)
      Quanto à Psicologia Positiva sim, apaixona-me. Especialmente pela base científica que tem e porque já melhorou significativamente a minha vida.
      Que bom que o que te ficou da tua avó foram os bons exemplos! Mesmo que tenha tido uma personalidade por vezes difícil, é óptimo ter sido uma inspiração em algumas áreas da tua vida. Deixou uma marca que certamente ficará para sempre.
      Beijinhos

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