terça-feira, 8 de novembro de 2016

"Pais à Maneira Dinamarquesa" - O livro

Ainda o livro não estava à venda e já andava em pulgas para o ler. E não me desiludiu! Muito interessante a forma de educar descrita no "Pais à Maneira Dinamarquesa" de Jessica Alexander (uma psicóloga americana casada com um dinamarquês e fascinada com aquela cultura) e Iben Sandahl (uma psicoterapeuta dinamarquesa de gema). 

No livro, as autoras justificam a felicidade dinamarquesa com a forma como estes educam os filhos (que depois se tornam adultos felizes, educam os filhos da mesma forma - e assim sucessivamente, ao longo de várias gerações).

Claro que para quem é dinamarquês, parece-me bem mais fácil educar assim. Isto porque lhes sai naturalmente, está entranhado na própria cultura. Para nós, com uma concepção educativa diferente em muitos aspectos, pode requerer algum esforço. Mas com o tempo, acredito que podemos transformar o esforço em bons hábitos!

Achei também interessante, o facto das estratégias descritas no livro coincidirem tanto com o que li, de parentalidade positiva. Não é por acaso que aquele povo é tão feliz...

Bom, mas vamos ao conteúdo do livro.

As autoras resumiram a maneira de educar dinamarquesa, num método, a que deram o nome de PARENT:

P de play ou brincar - Os dinamarqueses ao invés de inscreverem os seus filhos em actividades extra curriculares, apostam na brincadeira livre (em que as crianças podem brincar como lhes apetecer). E o mais interessante, é que após vários estudos, se descobriu que este tipo de brincadeira ensina as crianças a serem menos ansiosas, mais resilientes e a lidarem melhor com o stress.

A de autenticidade - Isto significa aceitar as emoções, sejam elas boas ou más. Não há cá camuflagens. É por isso que filmes e até contos de fadas nem sempre têm um final feliz, pois assemelham-se com a vida real. Acreditam que isto ajuda a sentirem-se gratos pelo que têm. Para além disso não enchem os filhos com elogios superficiais. Elogiam menos, de forma autêntica e incidindo no esforço feito pela criança.

R de reenquadramento - Perante uma situação negativa tentam encontrar um lado positivo. Isto não significa ignorar o negativo, mas antes serem optimistas realistas. Têm também em atenção a sua linguagem (um pouco ao contrário de nós, portugueses, que em vez de dizermos um aberto «estou bem!», tantas vezes dizemos «mais ou menos», «uns dias melhores, outros piores», «vou menos mal»...).

E de empatia - Os dinamarqueses acreditam que serão mais felizes se cooperarem com os outros e os ajudarem a ser mais felizes. Para isso é fundamental perceberem o outro lado. Ao invés de um clima de competição e crítica (do género: "Nem conseguiu amamentar o filho, eu cá amamentei até..." ou "Imagina que ainda amamenta o filho!"), optam por mostrar vulnerabilidade sem medo de serem julgados e dar apoio a quem precisa (é comum crianças mais velhas apoiarem as mais novas, por ex.). Fiquei fascinada com o facto de existirem programas virados para o Ensino da Inteligência Emocional e da prevenção de Bullying.

N de nada de ultimatos - Os pais dinamarqueses não costumam bater, gritar ou dizer ultimatos como "Acho bem que faças isto, senão..." ou "É assim, porque eu digo...". São firmes com as regras, mas encorajadores da disciplina (negociando por exemplo as regras, previamente, e estando abertos a questões). Não se limitam a castigar, mas a orientá-los para um comportamento mais adequado.

T de tempo juntos e Hygge - Esta palavra só existe no dinamarquês e significa algo como "aconchego". E a verdade é que este povo faz do Hygge um verdadeiro modo de vida. Ao invés de andarem numa permanente e stressante correria, esforçam-se por criar momentos íntimos e acolhedores com a família e os amigos. As contrariedades, críticas e queixas ficam do lado de fora. O encontro é antes para partilharem uma boa conversa, refeições agradáveis (onde todos ajudam), acenderem umas velas, fazerem jogos e desfrutarem da companhia uns dos outros. São momentos de felicidade tanto para adultos, como para crianças.

No fim de cada capítulo, é explicado como podemos implementar na prática, cada um destes pontos.

Para concluir, penso que os pais dinamarqueses obviamente não são perfeitos. Mas, no geral, lá que usam boas estratégias, isso usam.

Quanto ao livro, muito interessante mesmo! E como dizem as autoras:

"Todos precisamos de ajuda.
Se, em conjunto, construirmos uma comunidade com o objectivo
de praticar estes requisitos,
podemos cultivar algumas das pessoas mais felizes do mundo
no nosso próprio espaço."

Foto: Wook
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"A Felicidade é o Caminho" também está aqui:

9 comentários:

  1. Olá Mafalda!
    Não conhecia o livro mas parece-me interessante. O problema é que a nossa cultura, os nossos valores são muito diferentes dos deles. Além de que na nossa cultura há aquela vontade de mostrar aos outros, o que faz com que não se faça aquilo que realmente junta e una a família.
    Mas vou ler o livro para colocar essas ações em prática!

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    1. Também acho que por vezes a nossa forma de estar não contribui para a nossa felicidade e a felicidade dos outros. As comparações sociais, os constantes julgamentos, a linguagem pessimista são algumas das causas da nossa infelicidade. Mas podemos sempre aproveitar as ideias do livro para a nossa família mais nuclear. Mesmo que algumas coisas não nos saiam naturalmente, com a prática chegamos lá.
      Bjs

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  2. Não conhecia este livro mas fiquei extremamente curiosa. É uma forma completamente diferente de educar, e para nós que fomos educados de forma mais rígida e orientados para sermos melhores, termos mais, fazermos tudo o simples facto de largar parece algo de um louco alucinado.
    Obrigado pela dica.
    Nany

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  3. Boa tarde, Mafalda!

    Gosto das dicas. Apenas realçar que nos países mais desenvolvidos, até culturalmente, evidencia-se menos stresse. A qualidade de vida proporciona maior tranquilidade.
    No entanto, também reconheço que o facto de dedicarmos mais tempo ao convívio, à conversa, é tão agradável e positivo!!!
    Há que, dentro do nosso possível, tentar alterar alguns comportamentos.

    Bjinho

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  4. Revelações muito interessantes! Fiquei particularmente intrigada com o último ponto do método, o tal "hygge"... Já me vou por a pesquisar mais sobre isso :) Na rotina da nossa família, em que muitas vezes os adultos chegam a casa exauridos, consumidos pelo trabalho ou qualquer coisa que aconteceu, muitas vezes esquecemo-nos do precioso que é sentarmo-nos à mesa todos juntos e simplesmente conversar ou fazer algo que nos faça prestar atenção ao interior da nossa família, ao nosso "centro"... Acho que nesse sentido tenho imenso a aprender com os dinamarqueses e quero muito implementar novos "rituais" entre nós.

    Obrigada pela partilha, Mafalda!

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    1. Também foi das coisas que mais me chamou a atenção. Até decidi que o próximo livro que vou comprar há-de ser sobre esse assunto. Na semana passada experimentei fazer algo parecido, mas com a família nuclear. Cozinhámos em conjunto, jantámos sem a presença de tecnologia a interferir nas conversas, ouvimos música e cantámos enquanto arrumávamos a cozinha e, por fim, fizémos uma sessão de cinema com direito a pipocas e tudo. Foi tão bom! Quero cada vez ter mais momentos destes com a minha família.
      Experimenta! Vais ver que vale a pena!
      Bjs 😊

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  5. Muito obrigada por partilhares este livro, parece de facto muito interessante. Já vivi uns meses na Dinamarca e realmente achei que eles aplicam umas estratégias bem diferentes das nossas e que podem ser benéficas. Quero muito ler este antes de ter filhos.

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  6. Nao nos podemos esquecer que la cumpre-se horarios e muitos deles das 8 as 16 horas e a seguir saem, sao bem pagos o que faz com que sejam mais felizes tambem, a muitos menos carros, andam de bicicleta com os filhos atrelados, amuito comercio de rua nada de tantos centros comerciais logo nao a tanto consumismo, a feiras de coisas em 2 mao tal como aqui a a da ladra em lisboa, o meu marido teve uma proposta de trabalho para ir para la mas recusou aqui tem trabalho e com as contas de casa, carro etc que tinhamos na altura e com um bebe a nascer achamos que nao valia a pena arriscar, e um pais mt seguro mas tambem e tudo muito caro .

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