Andava a sonhar com este livro há meses. Encomendei-o e esperei 1 mês por ele. E não desiludiu! Assim que chegou às minhas mãos, apaixonei-me de imediato - pela sua capa, conteúdo e imagens. A piada, é que uma semana depois anunciaram que saíria a versão portuguesa d´"
O Livro do Hygge" também para daí a uma semana. Sem comentários...
Entretanto já conheci a versão portuguesa. Para ser franca fiquei desapontada com a capa, pois apesar de ser parecida, não é capa dura como a inglesa (tira-lhe um pouco o encanto). O livro também é ligeiramente mais caro que a sua
versão inglesa. Mas pela positiva, o interior (imagens incluídas) é exactamente igual e é consideravelmente melhor ler na língua materna. Recordo-me por exemplo, de um título não fazer sentido para mim. Espreitei a versão portuguesa e percebi que se tratava do nome de um filme, cujo título em português nada tinha a ver com a tradução literal.
Mas vamos falar do livro...
O seu autor, o dinamarquês Meik Wiking, é o presidente do The Happiness Research Institute de Copenhaga, pelo que estuda a felicidade há alguns anos. E chegou a uma conclusão. Existem variados factores que colocam alguns países no topo dos países mais felizes do mundo (por exemplo a qualidade do seu Estado Social). Mas o que tem feito com que a Dinamarca tenha atingido o 1.º lugar (por diversas vezes), tem sido a filosofia de vida baseada no Hygge.
O Hygge, que em português significa uma sensação de aconchego, tem que ver com o apreciar das coisas simples da vida: acender velas ao serão, beber uma caneca de chocolate quente, estar no quentinho enquanto uma tempestade cai lá fora, sentar-se num recanto acolhedor a ler um bom livro... A verdade é que os dinamarqueses fazem disto, uma filosofia de vida. E está tão entranhado na sua cultura que inventaram um manancial de palavras para falar de situações de hygge específicas, tais como: hyggekrog (recanto da cozinha ou da sala onde a pessoa pode sentar-se e passar um momento acolhedor), hyggesnak (conversa agradável que não toca em assuntos controversos [política, por ex.]), sondagshygge (dia calmo com chá, livros, mantas e talvez um passeio ao ar livre), etc.
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O hygge e o apreciar das coisas simples. |
A meu ver, o livro por si só já proporciona a sensação de hygge. O texto é leve, mas cheio de sabedoria (e por vezes humor). Fala-nos da cultura daquele povo, mas ao mesmo tempo de estudos científicos. E está repleto de imagens lindíssimas.
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Uma das belíssimas imagens que compõem este livro. |
O autor tenta abarcar a diversidade de situações nas quais podemos encontrar a sensação de hygge (e também o que nos pode afastar disso). Ficamos mesmo com a noção de que podemos trazer o hygge para as nossas vidas, sempre que quisermos.
São abordados assuntos como: a importância da convivência com os nossos melhores amigos e/ou familiares (nada de grandes grupos, apenas 3 ou 4 pessoas que realmente nos fazem sentir bem), de sair a horas do trabalho, de criar ambientes acolhedores através da iluminação (velas em acção!), de comida de conforto e slow food (o livro até inclui várias receitas hygge).
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O livro traz várias receitas hygge. |
Fala também da forma de vestir indicada para sentires o hygge. Traz uma lista detalhada de sugestões para tornares a tua casa mais hyggelig (acolhedora). Indica ainda como podes criar um «kit de emergência» para alcançares o hygge quando estás mais em baixo ou se quiseres passar um momento de qualidade contigo mesmo(a).
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Imagens inspiradoras para recriares um ambiente hyggelig. |
São dadas sugestões para sentires o hygge também fora de casa (tanto na Natureza como por ex. no escritório). Dá-te ideias para encontrares o hygge em cada mês do ano e também sugestões de actividades que proporcionam hygge, grátis ou muito baratas. E se um dia decidires visitar Copenhaga, o livro até traz um roteiro com os locais com ambiente mais hyggelig da cidade.
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Ideias para fazeres um «hygge tour» por Copenhaga. |
Na Dinamarca, a época considerada mais
hyggelig, é sem dúvida o Natal. Eles aproveitam ao máximo, desde os preparativos ao Natal propriamente dito. Há um capítulo inteirinho a descrever a forma como os dinamarqueses vivem o Natal, desde as tradições às atitudes.
Por último são abordadas as 5 dimensões no hygge (tem a ver com sabores, cheiros, sons, etc.) e, como não podia deixar de ser, a relação entre o hygge e a felicidade. E aqui percebe-se o porquê dos dinamarqueses serem tão felizes, afinal os ingredientes do hygge, são idênticos aos que tornam as pessoas mais felizes. E como os usam no seu dia-a-dia, é fácil de entender porque a felicidade dinamarquesa é tão duradoura.
Como refere o autor (e vou citá-lo em inglês, pois, como disse, tenho a versão inglesa do livro).
"Once a year - or more, if we are lucky -
we may find ourselves on a beach in some exotic country
and we may find both hygge and happiness on these distant shores.
But hygge is about making the most of what we have in abundance:
the everyday.
Perhaps Benjamin Franklin said it best:
´Happiness consists more in small conveniences or pleasure
that occur every day
than in great pieces of good fortune that happen but seldom.´"
Este livro fez-me tão bem à alma, que estou a tentar introduzir algumas das suas sugestões no meu dia-a-dia. Ah! E descobri que um outro livro sobre este assunto, o "
Hygge, Ser Feliz à Dinamarquesa" de Anna Skyggebjerg, que estava na minha «lista de desejos», vai ser publicado dentro de dias. Vai ser a minha próxima aquisição (tal é a minha paixão pelo tema). Desta vez compro o livro em português.
Fotos: Mafalda S.
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"A Felicidade é o Caminho" também está aqui: