“Preenche a tua vida
com histórias para contar,
não com coisas para mostrar.”
Joshua Becker
ERROS COGNITIVOS COMUNS | |||
Erro | Ex. de erro | Como corrigir | Ex. de correcção |
Leitura do pensamento • Antecipas negativamente, sem provas disso, o que os outros pensam ou vão pensar de ti. Também acontece quando pensas que os outros deveriam saber o que estás a pensar. | "Foi almoçar fora e nem sequer me convidou... Se calhar ela não valoriza tanto a nossa amizade, como eu valorizo." | Deves lembrar-te que é impossível saberes o que os outros estão a pensar, tal como é impossível os outros adivinharem os teus pensamentos. Identifica as provas que corroboram e as que são contrárias à tua conclusão. | Já pensaste que a tua amiga pode ter ido a um almoço com o marido (queriam aproveitar tempo a dois)? Ou pode ter tido necessidade de ir almoçar no café do hipermercado, porque precisava de fazer compras? São tantas as possibilidades! Não penses logo de forma negativa. |
Antecipação negativa • Vês como um facto consumado que as coisas vão correr mal. | "Cometi esta gafe. O chefe nunca me vai perdoar!" | Evita prever o pior. Quando acontece algo, podem ocorrer diferentes resultados (e nem todos são negativos). Define o que pode influenciar resultados diferentes, para que te possas preparar com antecedência. | Será que se assumisses o teu erro perante o chefe e lhe apresentasses uma proposta de resolução, ele nunca te iria perdoar? Duvido... |
Tirania do dever • Impões a ti mesmo/a palavras como “devo”, “não devo”, “tenho de”, dando a sensação que tens de ser punido/a se não cumprires certos deveres. (Muito comum em perfeccionistas e em personalidades do tipo Obsessivo-Compulsivo). Por outro lado, quando atribuis estas palavras aos outros, crias expectativas exageradas. A consequência em relação a ti mesmo é a sensação de culpa, em relação aos outros é de raiva, frustração e ressentimento. | “Eu não deveria de estar aqui sentado/a a ler um livro, quando tenho toda a casa para limpar.” | Em primeiro deves de analisar e identificar as razões pelas quais esse “dever” é tão importante para ti. Muda de linguagem. Utiliza verbos como “preferir” em vez de “preciso” ou “devo”; usa o verbo “desejar” em vez de “tenho de”. Quando substituis as exigências por preferências, consegues reduzir a pressão que impões a ti mesmo/a. | Que tal equilibrar as coisas, mudando o teu discurso: “Estou muito cansado/a e com um desejo enorme de ler um livro, mas também desejo ter a casa limpa. Prefiro ler uns 10 minutos, para descansar um pouco (vou até programar o despertador) e depois iniciarei a limpeza. Se estiver muito cansado/a ao fim de 40 minutos, farei nova pausa de 5 minutos. Assim, conseguirei fazer ambas as coisas.” |
Pensamento do “Tudo” ou “Nada” • Vês as situações em apenas 2 categorias extremas (“tudo ou nada”, “8 ou 80”, “sempre, nunca”, “sucesso, fracasso” etc.), sem considerares outras alternativas. Quando as coisas não correm 100% como imaginaste, pensas que é um fracasso total. (Muito típico das pessoas perfeccionistas). | “Se eu não tiver o sucesso máximo, então é porque sou um fracasso.” | Analisa a totalidade da situação. Será que em 100% dos resultados, não há uma percentagem que tenha corrido bem? Cometer um erro, é completamente diferente de ter errado em tudo ou de ser um fracasso. Para além disso, podes sempre aprender com os erros e para a próxima fazer melhor. Evita usar expressões com um carácter tão definitivo como: fracasso, nunca, incompetente, incorrigível, desastre total, inútil, etc. | Podes analisar a situação de forma mais útil e lógica. “Correu-me muito bem a parte x, y e z. Contudo, para a próxima irei aperfeiçoar as partes a e b.” |
Personalização • Pensas que és o/a único/a responsável por algo que correu mal, mesmo que a situação esteja além do teu controle. Não contas com outros factores ou com a responsabilidade de outras pessoas. | "Foi por minha culpa, que perdemos este negócio!" | Em vez de te culpares pelo que aconteceu de errado, identifica os factores externos que podem ter influenciado a situação negativa. Pensa também que tu não és a razão pela qual as pessoas agem de um modo ou de outro. Elas escolheram o seu próprio comportamento (por algum motivo ou forma de estar na vida). | Substitui este pensamento, analisando a situação de forma mais realista. “Perdemos o negócio. O que eu poderia ter feito melhor e que factores externos impediram que resultasse? Onde é que outras pessoas poderiam ter ajudado mais? O que ainda pode ser remediado ou que lição poderei retirar, para ter mais possibilidades de sucesso no futuro?” |
Culpabilização • É o oposto do ponto anterior. Achas-te uma vítima. Atribuis a responsabilidade dos acontecimentos, especialmente os negativos, a outra/s pessoa/s (mesmo quando tu próprio/a tens responsabilidade). | “Grito todo o tempo com os meus filhos. A culpa é dos meus pais, que se fartaram de gritar comigo na infância!” | Tenta assumir a tua responsabilidade ou quota-parte da mesma. Ao fazeres isso, em vez de pensares que tudo depende dos outros, entenderás que o poder da mudança também está nas tuas mãos. Isso é meio-caminho andado para melhorar a situação. | “Por pior que tenha sido a minha infância, tenho o poder para fazer diferente com os meus filhos. E se não conseguir, vou procurar ajuda.” |
Raciocínio emocional • Acreditas que as tuas emoções negativas reflectem as coisas como elas são na realidade. | “Estou super-nervoso/a, eles não vão gostar do meu discurso.” | Analisa a realidade de forma mais objectiva. Sentimentos não são a mesma coisa que realidade. | Por estares nervoso/a, isso não implica que não irão gostar do teu discurso. Há imensas pessoas que ficam nervosas antes de falarem em público, e ainda assim, cativam os ouvintes. Opta por te prepares previamente para o discurso, inclusive para possíveis questões do público. Se te sentires preparado/a, tens mais probabilidade de te sentires confiante. |
Minimização do positivo • Desvalorizas as experiências, acções ou qualidades positivas, transformando o que é positivo em algo desagradável ou sem importância. Não aceitas os méritos pelos teus talentos ou realizações. Até podes ficar desconfiado/a quando recebes um elogio. | “Isso não quer dizer nada, qualquer pai/mãe faria o mesmo.” | Fica atento a situações em que rejeitas elogios ou comentários positivos. Todas as atitudes positivas merecem ser elogiadas, por isso orgulha-te das tuas habilidades, talentos e realizações. | Substitui por: “Fiz o melhor que pude enquanto pai/mãe, na situação x. Espero que isso me inspire a manter atitudes semelhantes.” Não desvalorizes a tua acção positiva, porque, acredita, infelizmente nem todos os pais agem assim. |
Magnificação do negativo • Sobrevalorizas a importância de acontecimentos ou atributos negativos. | Após um leve gaguejar dizes: “Tenho uma péssima dicção.” | Tenta pensar de forma mais realista. Pode ajudar se te colocares na pele de outra pessoa. Como ela avaliaria, se estivesse numa situação igual à tua? Será que a situação é assim tão grave ou traduz a realidade? Qual a importância do que aconteceu (em caso de acontecimento negativo) daqui a 5 anos? Fica também atento às palavras que usas. Evita palavras fortes como “furioso/a, péssimo/a, arrasado/a, aterrorizador/a, catástrofe, etc. Ao mudares a linguagem, tendes a mudar a percepção das coisas. | Pensa antes: “Sendo realista, gaguejei um pouco de início, mas globalmente até correu bem. Com a experiência, certamente vou melhorar.” |
Sobre-generalização • Pensas que se algo for verdadeiro num caso, então aplica-se a todos os casos, mesmo que só levemente similar. | “Fiz o exame de código e chumbei. Nunca vou conseguir tirar a carta.” | Não faz sentido nenhum pensares que porque algo aconteceu uma vez, se irá repetir para sempre. Não generalizes, tenta especificar essa situação e depois estabelece critérios de semelhanças e diferenças para outros casos. | Podes especificar o caso pensando “Desta vez chumbei no exame de código. Talvez porque nesta situação específica, não me tenha preparado o suficiente e fiquei demasiado nervoso/a quando me falaram da quantidade de chumbos que tinham ocorrido naquela manhã. ” De seguida estabelece diferenças e semelhanças com outros casos: “Há muitas pessoas que chumbam ao código e nem por isso deixam de tirar a carta. Se me preparar e pedir para não me falarem do número de chumbos que ocorreram, é possível que me sinta mais confiante e que consiga superar esta prova. E mesmo que falhe novamente, há sempre esperança de numa nova tentativa, passar no exame.” |
Visão em túnel • Dentro de uma situação geral, tendes a focar-te num único detalhe negativo, ignorando outros aspectos importantes e mais positivos. | “Ela não é uma boa filha. Arranja sempre desculpas para não lavar a loiça.” | Não tires conclusões a partir de um único dado, mas sim a partir de todos os dados disponíveis. Algo que pode ajudar quando te focas num ângulo negativo, é escreveres uma lista de todos os aspectos positivos da situação. | Não será exagerado classificares a tua filha de «não ser boa filha», só porque ela não gosta de lavar loiça? Então e as características positivas da tua filha? Certamente terá alguma! Faz uma lista dessas boas características (pode ser uma pessoa carinhosa, alguém que respeita as regras da sociedade, boa aluna, boa amiga, empenhada num hobby, etc.). Como vês, se calhar ela não é assim tão má. |
Incapacitação • Vês-te como um/a incapaz e pensas que não podes fazer nada para mudar a situação. | “É inútil tentar, jamais vou conseguir emagrecer.” | Tenta reunir indícios para provar o contrário. Questiona os teus pensamentos negativos. | Que tal substituíres o «incapaz» por: “No passado já consegui alcançar o objectivo x e y. Então, constato que consigo alcançar objectivos.”, “Várias pessoas que tinham o meu peso, foram capazes de emagrecer. Vou investigar sobre o que fizeram, para me inspirar e também eu alcançar esse objectivo.”, “Vou ler um livro para me motivar, partilhar ideias num grupo da Internet com pessoas na mesma situação e procurar ajuda médica. Ah! E vou traçar um plano para alcançar o meu objectivo. Com essas atitudes, sinto que serei capaz.” |
Catastrofização • Transformas situações chatas ou problemas em autênticas catástrofes, questões de vida ou morte. Imaginas que o que ocorreu ou pode acontecer será terrível, com consequências devastadoras. | “A minha carreira de cozinheiro/a está arruinada. O prato que apresentei hoje foi uma vergonha!” | Procura tirar conclusões menos drásticas para a situação. Analisando bem as coisas, será que o pior cenário (entre vários cenários possíveis) é o mais provável? Se costumas ter tendência para dramatizar, prepara-te previamente (quando possível) para o pior cenário. Assim, já terás ideias de como agir se tal acontecer e, no dia-a-dia, poderás sentir-te mais descansado/a se te sentires preparado/a. | Toda a gente comete erros. Até os melhores profissionais têm maus dias. Mesmo que hoje o teu prato tivesse corrido mal, analisa onde falhaste para que o erro não se repita. Lembra-te: não és perfeito/a, és só um ser humano! |