terça-feira, 29 de setembro de 2020

12 estratégias que me ajudam a lidar com os momentos difíceis

"Esperança é ser capaz de ver que há luz,
apesar de todas as trevas."
Desmond Tutu

Os últimos tempos têm sido extraordinariamente difíceis para mim. Acompanhei o percurso do meu pai de médico em médico, de exame em exame... mas infelizmente acabou por morrer

Não é nada fácil perder alguém que amamos. No início parecia estar a viver duas fases do luto em simultâneo: a da raiva (em que me questionava sobre o porquê de perder tão cedo pai, mãe e irmã) e da depressão (em que percebia que nada seria como antes e francamente, só me apetecia chorar).

Mas aos poucos a luz foi entrando naquela escuridão. E houve algumas estratégias que ajudaram. 

Ao contrário do que é habitual, desta vez não pesquisei sobre o assunto. O que aqui relato advém das aprendizagens que fiz ao longo da vida e do que acho que resulta comigo. Mesmo assim, vou partilhar as 12 estratégias que me estão a ajudar neste momento difícil.

1 - A espiritualidade


Já o disse várias vezes. Não tenho muita fé em religiões, mas acredito em Deus. Apesar de ser aquela pessoa muito voltada para a ciência e no "ver para crer", aqui a fé fala mais alto. 

Para além disso, tenho lido livros e artigos sobre Experiências de Quase Morte, escritos por médicos (falei de um aqui). E para quem perdeu tanto, é importante acreditar que isto não termina aqui. Ter fé de que o meu pai neste momento está livre de dor, feliz, junto da minha mãe e da minha irmã, acalma o meu coração. Claro que é mesmo uma questão de fé... Mas eu acredito e isso ajuda.

2 - Valorizar a presença dos meus filhos e marido


Sou sincera, ando muito stressada porque quase não tenho tempo livre. Ainda assim, estou a tentar ter mais tempo de qualidade com a família. 

Namoro mais com o marido (e tentamos conscientemente parar de falar em stresses e em trabalho). Com os filhos, tentamos apreciar mais a beleza das pequenas coisas. Há dias sentámo-nos na varanda para ver as estrelas, enquanto ouvíamos música calma. Outras vezes paramos para ver o pôr-do-sol. Vamos para a cozinha partilhar alguma receita. Jogamos um jogo ao serão ou contamos histórias...

3 - O apoio dos outros


Nunca pensei receber tanto apoio dos outros e não imaginam como isso me fez bem. Recebi imensas mensagens e telefonemas. Pessoas que me contaram histórias que desconhecia do meu pai, que me deram conforto, que se disponibilizaram para ajudar, que estavam lá quando precisei. Jamais esquecerei esse carinho. 

4 - Desabafar e organizar-me com o meu Bullet Journal


Uma coisa que não me tinha apercebido, é a quantidade de burocracias que são necessárias, após a morte de um ente querido. A par disto, tenho o ritmo normal de vida, que já por si é acelerado. Fazer o trabalho administrativo da empresa do marido, cuidar da casa (que em tempo de pandemia, dá muito mais trabalho), ajudar os miúdos com a escola, dar apoio à minha madrasta. Sinto-me francamente exausta.

Mas algo tem acalmado esta confusão. É o meu querido Bujo. Nele consigo organizar o que tenho para fazer e identificar as prioridades. E assim, a pouco e pouco, as coisas vão sendo feitas e não perco o fio à meada. 

Para além disso o Bujo (ou Bullet Journal) funciona também como diário. Quando me apetece, desabafo. Nas "reflexões" diária, semanal ou mensal, posso relatar as minhas experiências, registar o que aprendo, o que resulta ou não comigo. Escrever é sem dúvida mais eficaz, do que só pensar nas coisas.

Para além disso, no meu Bujo, tenho um espaço para registar as "3 coisas boas da semana”, o que me permite ver além do negativo. Por exemplo na semana passada isto incluiu ter falado com a minha querida tia N., ter iniciado um post no blog (sim, escrevo pouco, mas quando o faço faz-me bem) e ler com sons da Natureza.

5 - Tentar ver algo de bom, em cada dia


Esta é uma coisa que faço com facilidade. Mesmo nos dias mais complicados, quando paramos e prestamos atenção às coisas boas que nos rodeiam, conseguimos reduzir as emoções negativas e aumentar o otimismo (coisa que a ciência já comprovou).

Por vezes paro e deleito-me com os risinhos dos meus filhos.  Fico feliz com um sms do marido, com palavras de amor. Adoro acordar cedo e assistir ao nascer-do-sol. E aquele aconchego de ler, embrulhada numa mantinha ao som da chuva... 

Todos os dias podemos encontrar pequenos prazeres, que nos trazem alguma alegria.

6 - Assistir a séries animadoras


Coloquei aqui uma foto de “Friends”, porque é uma série que sempre me anima. Já perdi conta ao número de vezes que assisti, mas continuo a achar imensa piada. Sempre que vejo um episódio, o sorriso no rosto surge. A mente parece distrair-se e atraio melhores pensamentos.

7 - Não ouvir músicas tristes


O problema de ouvir música excessivamente triste, é que simplesmente me deixa depressiva. Em vez de me focar nos bons momentos que passei com a família que partiu, só penso em coisas tristes. Nos porquês, na sensação de injustiça... sinto-me envolvida numa espiral de depressão. E não me quero afundar na mesma.

8 - Permitir-me chorar


Por outro lado, e pode soar contraditório, por vezes faz-me bem chorar. Só para desabafar. Desde que não passe o tempo a fazê-lo, o choro quando surge, às vezes alivia.

9 - Assistir a vídeos inspiradores no YouTube


Porque há pessoas que com as suas partilhas, têm o dom de nos fazer sentir melhor. Pela partilha de experiências, de ideias que poderemos vir a aplicar ou simplesmente porque falam de temas que nos apaixonam. 

Eis alguns dos meus canais favoritos:
- Aline Mustafé (lifestyle, minimalismo e vida consciente);
- Bárbara Cardoso (lifestyle e veganismo);
- Dr. Juliano Pimentel (medicina);
- Flavia Calina (lifestyle e educação infantil);
- Joana de Vivre (lifestyle, vida consciente e nutrição);
- Joshua Becker (minimalismo);
- Larica Vegana (veganismo);
- Lu Azevedo (lifestyle, organização, alimentação e maternidade consciente);
- Mais 60 (minimalismo e economia doméstica);
- Marina Morais (nutrição);
- Menos 1 Lixo (vida consciente);
- Observatório Potter (mundo do Harry Potter);
- Organize Sem Frescuras! (organização doméstica);
- Paulo Rezzutti (história);
- Pri Leite Yoga (yoga);
- Thais Godinho - Vida Organizada (gestão de tempo, organização e livros);
- Vida Veda (ayurveda).

10 - Fazer algo pelos meus sonhos/objetivos


Quando posso, tento fazer alguma tarefa relacionada com os meus sonhos. A verdade é que quando faço algo por mim, ganho um novo alento para a vida. Cada pequena meta alcançada, faz-me sentir melhor. 

Como tenho pouquíssimo tempo para estas tarefas, marco 15 minutos no cronómetro do telemóvel e realizo o que posso. Pode parecer pouco, mas já faz toda a diferença.

11 - Manter a cabeça ocupada com tarefas


a minha tia N. dizia que a melhor forma de não ficar a remoer nos problemas, é manter a cabeça ocupada com outras coisas. Concordo com ela. Estar ocupada com tarefas, permite-me distrair a mente de pensamentos mais depressivos.

Mas devo confessar que no meu caso, tenho de impor limites. A verdade é que, por norma, tenho tarefas excessivas a meu cargo. E mesmo que isso me distraia a mente, esta também precisa de descanso. Preciso de tempo para os pequenos prazeres da vida.

Por isso, creio que o segredo, como em tudo, é manter um equilíbrio saudável entre tarefas vs descanso. Eu continuo em busca desse equilíbrio...

12 - Fazer pelo menos uma coisa que me dê prazer


Para mim, fazer algo que me dê prazer, tem muito a ver com o Hygge dinamarquês. Gosto de assistir ao nascer ou pôr-do-sol, sentar-me num recanto acolhedor a ler um livro, jogar ao serão com a família, assistir a uma série embrulhada numa mantinha... Adoro estes momentos de aconchego!

Aliás, no meu Bujo, incluo no registo diário aquilo a que chamo de "presente do dia”. É uma espécie de lembrete para dar um miminho a mim mesma, para fazer algo que me faça feliz. Quando o tempo livre é escasso, o "presente do dia" relembra-me que eu também importo.

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Passou quase um mês. A partida do meu pai continua a doer. Ainda assim, estas estratégias têm ajudado. Acredito que ajudem nesta e noutras situações difíceis.

Apesar das trevas, continuo a acreditar na luz. Um dia de cada vez. 

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"A Felicidade é o Caminho" também está aqui:

Fotos: 1.ª e 2.ª Pexels; 3.ª Stux; 4.ª Nastya Gepp; 5.ª Mafalda S.; 6.ª Skeeze; 7.ª Scarlet Thinking; 8.ª Foundry; 9.ª Kyerim Che; 10.ª StockSnap; 11.ª Conger design; 12.ª Jose Alba Fotos.

5 comentários:

  1. Parabéns pela publicação fantástica!! :)
    -
    Coisas de uma vida
    -
    Beijos, e um excelente dia :)

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  2. Olá,
    Infelizmente também perdi o meu pai neste mês de Agosto.
    Doi muito, não sabemos o que fazer, é um vazio muito grande.
    Estamos "juntas" querida

    beijinho grande e força

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  3. Olá Flor,

    Lamento imenso a tua perda. 😢
    Muita força também para ti!

    Beijinhos,
    Mafalda

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  4. Olá Mafalda

    Conhece também o canal de youtube da Monja Coen? Acho que ia gostar :)

    Beijinho

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    Respostas
    1. Olá,
      Eu amo as palestras da Monja Coen. 😍 Ela transmite uma serenidade...
      Realmente assisto vários vídeos dela no YouTube, mas nem me tinha dado conta que não sigo o canal. Passei a seguir, porque dela... só palavras sábias.
      Obrigada pela sugestão!

      Beijinhos,
      Mafalda

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