quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Como incentivar uma criança a consumir menos açúcar

A minha filha, quando mais pequena, não era propriamente uma apreciadora de leite, iogurtes e afins. Então, numa altura em que ainda não estava muito sensibilizada para os excessos do açúcar nos alimentos, dei-lhe uns pacotinhos de leite com morango (bebida sugerida pela filhota, cujas amiguinhas normalmente bebiam). Comprei-lhe aquilo e a verdade é que ela começou a beber leitinho. Só tempos depois é que me apercebi da quantidade de açúcar que aquilo tinha: 17,2 g por pacote (um valor ainda superior ao do leite com chocolate, ou seja, 13 g por pacote). Claro que beber um pacote de leite com mais açúcar pode não fazer mal... o problema são os lanchinhos e guloseimas ao longo do dia. Já reparaste como os snacks para crianças são açucarados?

A verdade é que um adulto que ingira mais ou menos 2.000 calorias diárias deveria consumir no máximo 50g/dia de açúcar, para manutenção de uma vida saudável. Pois... só os portugueses consomem quase o dobro (a média por cá é de 96 g/dia). E por razões óbvias uma criança, que por norma come menos que um adulto, menos quantidade de açúcar deveria consumir.

Podes até perguntar: mas para que é que isto interessa? E a resposta é a seguinte: porque foi comprovado que o açúcar está directamente associado a problemas de saúde como obesidade, hipertensão, hiperglicémia, alteração dos valores dos triglicéridos e colesterol, mau estado da pele, cáries dentárias e existem fortes indícios (apesar de ainda não estar totalmente provado) de estar associado ao cancro. Foi também provado que é o maior destruidor de felicidade ao nível da alimentação, uma vez que afecta directamente o estado de espírito (leva a uma subida brusca de açúcar no sangue, seguida por uma descida tão rápida, capaz de produzir sintomas de fraqueza, ansiedade, apatia e depressão).

Apesar de não ser de radicalismos, preocupo-me em reduzir o açúcar na alimentação da minha filha e na minha própria alimentação. 

Eis algumas sugestões que têm incentivado a minha filha a consumir menos alimentos açucarados:

- levar tudo para o lado da brincadeira - a Letícia sugeriu a criação da Brigada da Vida Saudável (cá em casa já tínhamos a Brigada Anti-Tralha) e a nossa missão é substituir aquilo que não faz tão bem à saúde, por opções mais saudáveis (trata-se de uma espécie de jogo, em que substituímos por ex. legumes «normais» por legumes biológicos, optamos por biscoitos mas sem açúcar, escolhemos um gel de duche bio e ecológico, escolhemos produtos de limpeza que não fazem mal ao ambiente, etc., etc.).
- explicar o porquê da importância das escolhas mais saudáveis - com a minha filha leio-lhe ou invento histórias de incentivo à vida saudável (de preferência, sendo os heróis as suas personagens favoritas), aproveitamos casos de pessoas que ela conhece (por exemplo a avó ficou muito doente, e explico como podemos prevenir aquela doença), mostro-lhe os hábitos das pessoas mais saudáveis e, já agora a importância de ser saudável.
- não encher a despensa de alimentos açucarados - como podemos querer que a criança não esteja constantemente a petiscar doces, quando lhe enchemos a despensa com verdadeiras tentações? Como se diz "longe da vista, longe do coração", logo, a ideia é rechear a despensa com alimentos mais saudáveis.
- pedir a colaboração da criança, na compra dos produtos mais saudáveis - para nós é tipo um jogo. Vamos ao hipermercado e começámos a adquirir o hábito de ler os rótulos. Dentro dos produtos saudáveis optamos por vários (ela ajuda sempre na escolha). Se gostarmos do sabor, voltamos a comprar, se não gostarmos, substituímos por outro que nos agrade. Ex.: Esta semana optámos por fiambre de aves (ok, não tem nada a ver com açúcar, mas sim com a opção por carnes brancas - mas é o exemplo que me veio à cabeça). Assim, se ela gostar, vamos manter esse produto.
- cozinhar refeições saudáveis, com a ajuda da criança  - cá por casa gostamos de experimentar receitas novas. Pesquisamos as receitas e escolhemos uma que nos cative a atenção. Depois da confecção, se gostarmos da receita repetimos, se não gostarmos para a próxima escolhemos algo diferente.  Com o tempo, acabámos por descobrir receitas deliciosas e simultaneamente saudáveis. Por vezes basta substituir uns ingredientes, para tornar uma receita comum mais saudável. 
- ser um exemplo para a criança - não adianta pedir à criança para comer menos guloseimas, se nós próprios nos enchemos de doces. Normalmente como snacks saudáveis à frente da minha filha. Logo, para ela, isso passa a ser algo natural, da rotina cá de casa.
- não cair em exageros - a ideia é tudo isto ser divertido para a criança, que fique sensibilizada e aprenda ela própria a fazer escolhas saudáveis. Transformar tudo isto numa obrigação rígida, irá fazer com que a criança acabe por odiar comida saudável. Assim, isto não significa que a criança não possa comer alimentos com açúcar, convém é não ultrapassar limites durante o dia (Ex.: pode comer um pequeno almoço com cereais açucarados, mas ao lanche pode por exemplo substituir um queque por uma peça de fruta). Para além disso, não faz mal de vez em quando fugir à regra (nas festas de anos, Natal, ou até num dia em que simplesmente apetece... não convém é que fugir à regra aconteça todos os dias). 

Foto: Jennifer Casson

2 comentários:

  1. Excelentes ideias :)
    É quase inacreditável o açúcar que as crianças comem hoje em dia, porque é mais fácil fazer-lhes a vontade! Este veneno silencioso...
    Porque falar é mais fácil que fazer, espero vir a saber gerir a situação quando tiver crianças também :)

    ResponderEliminar
  2. Belas ideias! É incrível a quantidade de alimentos açucarados que se consomem. É essencial ter uma alimentação mais saudável, sem excessos.
    Beijinhos,
    Bom domingo

    ResponderEliminar

Related Posts with Thumbnails