Eu era nova na turma. Tinha uns 15 anos na altura. Apresentei-me aos novos colegas e todos foram super-simpáticos. Um deles, um rapaz alto e com ar bem disposto, era o N. Em quase tudo era semelhante aos outros, excepto numa coisa: era cego.
Tornámo-nos amigos. Ele era super-sociável... aliás, falava pelos cotovelos (e sempre com sentido de humor). Claro que os professores nem sempre achavam piada, pois também o fazia na sala de aula.
Um dia contou-me a sua história. Não tinha nascido assim. Em pequeno via alguma coisa. Ainda se lembrava do azul do céu. Mas entretanto, devido a um problema de saúde, deixou de ver totalmente. Isto, ainda em criança.
Não imaginava que tivesse sido assim. Uma coisa é nascer já sem ver, outra é ver e entretanto perder a visão. Na altura, pensava que quem passasse por tal situação, fosse alguém revoltado, alguém de mal com a vida. Mas o N. não era assim. Aceitara a situação, porque infelizmente não havia volta a dar-lhe.
Os pais compraram-lhe uma máquina de escrever em braille (ele ainda me ensinou algumas letras). O N. disse que perdeu a visão, mas que parecia ter melhorado os outros sentidos. O N. tinha sonhos, não se concentrava em amargurar-se com o passado. Levava a vida com sentido de humor e cativava toda a gente à sua volta. Era muito, mas muito sociável. Duvido que se sentisse só. Duvido mesmo.
Entretanto os anos passaram. Deixei de saber do N. E pergunto a mim mesma: "Será que ele leva a vida com a mesma leveza? Será que ele continua a ter aquela força, apesar de toda a adversidade."
Não sei responder. O que sei é que o N. daquela altura nos pode ensinar importantes lições sobre como lidar com a adversidade. Ei-las:
- Aceita a tua dor, não a minimizes. Chora quando tens de chorar. Com o tempo poderás reorganizar os teus pensamentos e dar um sentido à dor. O importante é saberes que, apesar de tudo, poderás seguir em frente;
- Toma a decisão de avançar com a tua vida, não fiques preso/a ao drama do passado. Tens um sonho? Traça um plano para o alcançares e faz por isso;
- Investe no amor, no trabalho, nas relações, numa paixão que te realiza. É importante manteres a mente ocupada, para não te concentrares em pensamentos negativos;
- Tenta sempre aprender. Há sempre preciosas dicas que podem melhorar a tua vida;
- Não te isoles. Valoriza mais as tuas relações, sê compassivo/a e solidário/a com os outros. Acredita que o apoio dos outros também é importante para seguires em frente. Por vezes basta estarem lá, para desabafares quando estás mal. Por vezes, basta partilharem uma piada, para levares a vida com mais leveza;
- Tenta levar a vida com algum humor;
- Não te concentres somente nas tuas fragilidades. Valoriza as tuas forças;
- Lembra-te que mesmo que não possas mudar o passado, podes fazer algo para melhorar o teu futuro. Mantém a esperança no amanhã;
- Treina a tua atenção para o «bom» e o «belo». Tenta encontrá-los nas pequenas coisas do teu dia-a-dia: no sabor do café, no som da chuva a cair lá fora, na bênção de teres uma família que te ama... Se gostares, podes até manter um diário de gratidão;
- Tenta conhecer ou ler sobre pessoas que passaram pela mesma situação e que conseguiram superá-la. Inspira-te nelas para prosseguires com a tua vida;
- Podes ajudar pessoas que passaram pela mesma situação. Por vezes ajudar os outros, fortalece-nos a nós mesmos;
- Aprofunda a tua espiritualidade;
- Sempre que necessário, procura ajuda profissional.
Foto: David KarichTornámo-nos amigos. Ele era super-sociável... aliás, falava pelos cotovelos (e sempre com sentido de humor). Claro que os professores nem sempre achavam piada, pois também o fazia na sala de aula.
Um dia contou-me a sua história. Não tinha nascido assim. Em pequeno via alguma coisa. Ainda se lembrava do azul do céu. Mas entretanto, devido a um problema de saúde, deixou de ver totalmente. Isto, ainda em criança.
Não imaginava que tivesse sido assim. Uma coisa é nascer já sem ver, outra é ver e entretanto perder a visão. Na altura, pensava que quem passasse por tal situação, fosse alguém revoltado, alguém de mal com a vida. Mas o N. não era assim. Aceitara a situação, porque infelizmente não havia volta a dar-lhe.
Os pais compraram-lhe uma máquina de escrever em braille (ele ainda me ensinou algumas letras). O N. disse que perdeu a visão, mas que parecia ter melhorado os outros sentidos. O N. tinha sonhos, não se concentrava em amargurar-se com o passado. Levava a vida com sentido de humor e cativava toda a gente à sua volta. Era muito, mas muito sociável. Duvido que se sentisse só. Duvido mesmo.
Entretanto os anos passaram. Deixei de saber do N. E pergunto a mim mesma: "Será que ele leva a vida com a mesma leveza? Será que ele continua a ter aquela força, apesar de toda a adversidade."
Não sei responder. O que sei é que o N. daquela altura nos pode ensinar importantes lições sobre como lidar com a adversidade. Ei-las:
- Aceita a tua dor, não a minimizes. Chora quando tens de chorar. Com o tempo poderás reorganizar os teus pensamentos e dar um sentido à dor. O importante é saberes que, apesar de tudo, poderás seguir em frente;
- Toma a decisão de avançar com a tua vida, não fiques preso/a ao drama do passado. Tens um sonho? Traça um plano para o alcançares e faz por isso;
- Investe no amor, no trabalho, nas relações, numa paixão que te realiza. É importante manteres a mente ocupada, para não te concentrares em pensamentos negativos;
- Tenta sempre aprender. Há sempre preciosas dicas que podem melhorar a tua vida;
- Não te isoles. Valoriza mais as tuas relações, sê compassivo/a e solidário/a com os outros. Acredita que o apoio dos outros também é importante para seguires em frente. Por vezes basta estarem lá, para desabafares quando estás mal. Por vezes, basta partilharem uma piada, para levares a vida com mais leveza;
- Tenta levar a vida com algum humor;
- Não te concentres somente nas tuas fragilidades. Valoriza as tuas forças;
- Lembra-te que mesmo que não possas mudar o passado, podes fazer algo para melhorar o teu futuro. Mantém a esperança no amanhã;
- Treina a tua atenção para o «bom» e o «belo». Tenta encontrá-los nas pequenas coisas do teu dia-a-dia: no sabor do café, no som da chuva a cair lá fora, na bênção de teres uma família que te ama... Se gostares, podes até manter um diário de gratidão;
- Tenta conhecer ou ler sobre pessoas que passaram pela mesma situação e que conseguiram superá-la. Inspira-te nelas para prosseguires com a tua vida;
- Podes ajudar pessoas que passaram pela mesma situação. Por vezes ajudar os outros, fortalece-nos a nós mesmos;
- Aprofunda a tua espiritualidade;
- Sempre que necessário, procura ajuda profissional.
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