terça-feira, 21 de agosto de 2012

Memórias das férias

Acordo mais tarde que o habitual (8h30 é tarde para mim). Lá fora uma estranha névoa envolve a cidade.Os raios de sol tentam trespassá-la, mas só mais tarde o conseguem. Passo a mão pelas costas e solto um ligeiro queixume, pela minha dor e distracção. Esqueci-me de repetir o protector solar nas costas e apanhei um escaldão. As ditas cujas estão vermelhas que nem lagostas. Descalça, rumo ao computador. Quero fazer um balanço destas férias.

Foi tempo de organizar muita coisa cá por casa. Desfiz-me de tralha sem dó nem piedade. Ganhei sem dúvida em paz mental.

Depois disto estive em Albufeira. Precisava mesmo de reencontrar-me com o mar. Sentir o seu cheiro, envolver-me nas suas ondas e acordar ao som de gaivotas. O mar tem um poder em mim que acalma dores físicas (quando existem) e qualquer stress que possa sentir. Como a Letícia diz quando estamos na praia: "Fecha os olhos mamã! Agora ouve. É mesmo relaxante..."

Foi altura de saborear alguns petiscos que adoramos (ai, ai... aquele bolo russo de morango, o arroz de marisco do "Careca", os pratos do Alentejo...). Também "devorei" livros sobre a "Felicidade", porque ler sobre este tema é para mim um prazer. Saí ainda na "noite louca" de Albufeira. Ouvimos música ao vivo, vimos artistas de rua e a Letícia pode abraçar a Kitty e o Mickey (baixinho, perguntou-lhe: "Ó Mickey, porque não trouxeste a Minnie contigo?).

Já fora do Algarve percorremos o verde da serra, conheci um pouco Évora (cidade mais linda!), andámos pela Nazaré (inesquecível a visão das águas brilhantes ao final da tarde) e comemorámos o 15 de Agosto na minha aldeia natal (porque as «tradições com significado» também nos fazem felizes).

Não devia dizê-lo, mas sinto que por ter mais tempo disponível, fui melhor esposa e melhor mãe. Senti-me mais motivada para elogiar o que faziam de bom, mais disponível para actividades felizes em família, sobretudo para acompanhar a minha filha. Nunca tive falta de paciência "por estar demasiado cansada". Espero seguir alguns desses exemplos, agora que estes dias terminaram.

O que menos gostei, é que, ao contrário de anos anteriores, estas férias foram algo ensombradas pela crise.

Aluguei pela primeira vez uma casa no Algarve num condomínio privado (costumo ir para hotel), para poder poupar uns trocos. Mas não gostei nada. As fotos da casa eram bem bonitas. Mas chegámos lá e... o fogão da cozinha não funcionava bem, havia falta de utensílios (às custas disto, acabei por gastar mais dinheiro do que o habitual, em refeições fora de casa). A cama era desconfortável, a sanita não tinha o melhor dos cheiros e o barulho constante de carros à noite era uma chatice. Pelo menos aprendi 2 coisas: 1) não volto a meter-me numa destas... espero; 2) a valorizar a caminha confortável que tenho em casa.

Também me deixei contagiar pela tristeza de algumas pessoas. Estava no AlgarveShopping, mais propriamente na Bata e estranhei o olhar triste da empregada. Foi então que ela me disse que a 30 de Setembro, todas as lojas do grupo iriam fechar em Portugal. Noutros países ir-se-iam manter, mas cá era o fim.

Num restaurante alentejano conheci uma empregada extremamente simpática, mas que vivia um drama pessoal. O marido, outrora um dos construtores com mais trabalho da cidade, teve de despedir todo o seu pessoal, pois já não tinha como os ocupar. Ele próprio sem trabalho e a esposa com um ordenado baixo ditaram a necessidade de partir para outras paragens. Dentro de pouco tempo vão rumar ao estrangeiro, onde um antigo empregado do marido conseguiu arranjar trabalho para o ex-patrão.

De regresso a casa o meu marido foi visitar uma obra do estado. Está parada há 5 meses, e ele próprio ainda não recebeu nada pelo seu trabalho.

Um dia após o meu regresso, sei da triste notícia de uma pessoa da minha terra, que se suicidou. Desempregado e sem perspectivas futuras...

Estas férias foram por isso um misto de bons momentos, de alguma tristeza e de lições aprendidas.

Quanto à crise, basta ver a evolução histórica, para sabermos que não irá durar para sempre. Mesmo após crises tão graves como esta, há sempre um tempo de bonança e de crescimento. Portanto, há que ter esperança no futuro!

Apesar de acreditar nas boas intenções do governo, tenho de discordar do seu método para superar a crise. A consequência do mesmo é o empobrecimento do país, a desmotivação dos trabalhadores e a infelicidade de muitas pessoas. Sinceramente, acho que deveria haver uma aposta forte na economia, combate (não só à pequena) mas à grande corrupção, combate à desigualdade social... Não me vou alongar, porque, de qualquer modo tenho esperança de que temos condições para tornar este num país mais feliz.

E é tudo. Olho lá para fora. O sol já brilha, radioso.

(Escrito no Domingo, 19 de Agosto, último dia de férias).

5 comentários:

  1. Realmente as coisas não estão fáceis. Temos mesmo de tentar nos agarrar aos bons momentos e ao que nos faz feliz, para conseguir ultrapassar esta tempestade sem ir ao fundo.

    Quanto ao facebook, como disse aquilo é um mundo para mim. Primeiro eu criei, dentro do perfil, uma pagina, pois fazia-me mais sentido. No entanto eu queria colocar uma funcionalidade que, ao publicar um post no blog, o mesmo fosse automáticamente publicado no Facebook. Após várias voltas, fui tentar perceber como é que a Luisa Alexandra, um blog que sigo de culinária e que tambem está agora no facebook, o fazia. Percebi que tinha uma aplicação no facebook (NetworkedBlogs). Então tentei colocar no meu e resultou em parte, porque em vez de publicar na pagina, publicou no perfil. Provavelmente fiz alguma coisa mal. Mas, como não percebo muito, é mais por tentativa e erro, resolvi deixar assim e eliminar a pagina.

    Sinceramente nem sei se tem alguma diferença relevante ser pagina ou perfil. Mas agora fica assim. Ando é a tentar por o simbolo do facebook com o link da pagina no meu blog e ainda não consegui. Mas hei-de lá chegar :)

    Desculpa o testamento
    Bjos

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  2. ..... já lhe disse que adoro ler o seu blog ... cheio de paz e motivador ;) beijos

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  3. É muito complicado. Eu trabalho com o canal Horeca. Tenho dias que venho muito desmotivada, preocupada e triste. Muitos restaurantes e comércio a fechar. Muitos devem imenso e os impostos continuam a subir, o que não ajuda. Se continuar assim, eu própria irei ficar desempregada e o pior, sou freelancer (recibo verde). É muito complicado. Em 2008 consegui prever isto tudo. Em 2010 tive a certeza. Em 2012, estou a viver. Não é fácil, mas temos de continuar a lutar.

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  4. "Não devia dizê-lo, mas sinto que por ter mais tempo disponível, fui melhor esposa e melhor mãe."

    Acho que, com esta frase, disseste mesmo tudo...e agora é replicar no dia-a-dia! É uma luta constante, mas não é uma missão impossível!

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  5. A felicidade da minha filha, nestas férias, também passou por abraçar o mickey e a kitty perto do carrocer em albufeira.

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