"(...) agarrarmo-nos à amargura ou ao ódio
provoca-nos mais danos a nós
do que ao objecto do nosso ódio".
Sonja Lyubomirsky
De todas as sugestões para a felicidade que aqui tenho apresentado, esta é sem dúvida das mais difíceis de implementar. E falo em meu próprio nome.
Em tempos fui muito magoada por algumas pessoas da minha própria família. Não posso mudar o que aconteceu, mas quero ultrapassar essa situação. E se passou por algo semelhante, convido-o a fazer o mesmo.
O objectivo de perdoar, ao contrário do que possa pensar, é para o beneficiar a si e não a pessoa que o feriu. Trata-se de deixar de ser controlado pela miríade de emoções negativas que advêm do acontecimento que o magoou. Trata-se de uma tentativa de reinterpretar o que aconteceu, de aceitar os erros e imperfeições humanas e de modificar os seus sentimentos face ao agressor. Trata-se de se livrar de sentimentos de vingança, de substituir a cólera pela paz mental.
Pode parecer estranho o que vou escrever, mas perdoar não significa necessariamente que tem de esquecer o que aconteceu, que tenha de aceitar tal comportamento, que tenha de desculpar essa acção ou absolver a pessoa, ou que tenha de passar a conviver com o agressor. Perdoar tem mais a ver com aceitar que não pode mudar o que aconteceu, mas que pode superar e ter uma vida mais plena e feliz.
Para já, gostaria que fosse buscar um caderno e que respondesse por escrito, e com toda a sinceridade, às seguintes questões:
- O que aconteceu que o magoou tanto?
- Quem o magoou?
- Como se sentiu?
- Como exprimiu os seus sentimentos (ou será que os guardou para si)?
- Pensa com muita frequência naquilo que se passou?
- A sua raiva afectou a sua vida de alguma forma (na saúde, na produtividade no trabalho, nas relações com a família...)?
- Costuma comparar a sua situação com a da pessoa que o magoou?
- Este acontecimento mudou a sua vida de forma permanente?
- Este acontecimento mudou a forma como vê o mundo e as outras pessoas?
- Sente desejos de vingança?
- Bem lá no íntimo, deseja que essa pessoa sofra e seja infeliz?
- Sente-se descontrolado (mesmo que não o demonstre), quando se cruza com essa pessoa?
- Mantém a maior distância possível dessa pessoa?
A ideia é perceber como este assunto ainda o afecta. E, acredite, pode estar a afectá-lo mais a si, do que a quem o ofendeu.
Para além disso, se se sente mal, este exercício pretende demonstrar-lhe o seguinte:
- o que fez até agora não está a resultar, por isso tem de mudar de estratégia;
- que para seguir em frente, deverá, por sua iniciativa, iniciar um processo de perdão. Estará disposto a isso?
E para já, o objectivo era mesmo incentivá-lo a optar pelo caminho do perdão. Os exercícios para consegui-lo serão descritos noutros posts, pois como disse inicialmente, este não é um tema fácil e leva o seu tempo a alcançar resultados. Mas vale a pena!
Pondere nesta decisão e tenha um final de semana feliz!
Foto: Mafalda S.