quarta-feira, 23 de julho de 2014

Trabalhar de forma eficiente e sair a horas do emprego

Em tempos li um livro da National Geographic sobre alguns dos lugares mais felizes do mundo (o Blue Zones of Happiness do Dan Buettner). Este livro fala da Dinamarca, uma nação simultaneamente produtiva e feliz (aliás, considerada a mais feliz do mundo). Fiquei muito surpreendida com a mentalidade e estilo de vida deste povo.

O que os dinamarqueses fazem de diferente a nível laboral?
As pessoas têm um sentido de ética no trabalho, que as levam a trabalhar de forma eficiente, independentemente do vencimento ou da posição social. Por outras palavras, fazem render as horas em que estão no trabalho.
- Só trabalham o suficiente (máximo de 37 horas semanais) e assim que chega a hora de sair saem mesmo. Consideram que trabalhar excessivamente é uma perda de tempo, porque acaba por não render tanto. Esta saída a horas permite igualmente às pessoas terem tempo para realizarem actividades diárias que lhes dão prazer.
- Têm em mente que é fundamental para a sua saúde e produtividade, o equilíbrio entre a vida laboral e a sua vida pessoal.
- Por último, sempre que possível, no seu horário de trabalho costumam entrar cedo, mas também sair cedo.

Posso ter uma visão enviesada pelas minhas experiências pessoais, mas penso que em Portugal, no geral, não se passa assim (mas não devemos generalizar, obviamente).

A verdade é que grande parte das pessoas entram mais tarde no trabalho, isto quando não se atrasam por causa do trânsito ou outros motivos (enquanto que em alguns países é normal entrar-se às 7h30 ou às 8h, cá pode soar estranho).

Apesar de trabalharem muitas horas, nem todos as rentabilizam da melhor forma. Por vezes há falta de organização nas tarefas a realizar (listagem e priorização de tarefas), perde-se tempo demais nas conversas com os colegas, na pausa para o café e para o almoço, as reuniões demoram tempo excessivo, por se levar a conversa para assuntos que nada têm a ver com a ordem de trabalhos...

Ao fim do dia, é o stress geral porque não se cumpriram todos os objectivos e, em alguns lugares, também "parece bem" ficar depois da hora. Alguns chefes são os próprios que pensam (em grande parte das situações erroneamente), que por um trabalhador sair mais tarde é porque trabalhou mais. Mas o trabalhar mais, não significa que trabalhou melhor, que foi mais produtivo. O resultado disto é que se chega a casa esgotado, sem vontade de cozinhar ou até sem grande paciência para fazer actividades em família, que não sejam sentar no sofá a ver TV. A pessoa acaba por se deitar tarde e, esperemos que não acorde cansada no dia seguinte.

Claro que não podemos generalizar, volto a frisar. Mas acho que esta mentalidade não favorece nem a nossa saúde, nem a vida familiar e muito menos a produtividade (está provado que após um certo número de horas, deixamos de ser produtivos). Isto também não significa que, em situações de emergência, não devamos fazer mais horas, para resolver algum problema (eu própria o faço, sempre que necessário). Já fazê-lo todos os dias, é que acaba por não ser benéfico para ninguém.

Mas para ser possível sair a horas e ter tempo para nós mesmos e para a nossa família, considero que temos de ser o mais eficientes possíveis nas horas que temos para trabalhar. Se nos dão trabalho, é nosso dever zelar pela empresa, dar o nosso melhor e isso significa ser produtivo.

Já escrevi diversos posts sobre aproveitar as horas de trabalho de forma eficiente. Deixo-te algumas sugestões:

- Como evitar manhãs stressantes - algumas medidas simples, a tomar em casa, para prevenir manhãs caóticas e atrasos desnecessários;
- O que te faz perder tempo precioso - post para identificares o que poderá estar a fazer-te perder tempo desnecessariamente, na tua vida profissional;
- A falta de tempo no trabalho - possíveis soluções - algumas dicas de gestão de tempo, que te poderão ajudar a prevenir o stress laboral e a rentabilizares o teu tempo;
- Como parar de adiar tarefas e projectos ou o fim à procrastinação - um post para te motivar a agir sobre as tarefas e projectos que vais adiando e assim, evitar que se acumulem;
- Treina o cérebro para manteres o foco/concentração - por vezes é difícil concentrarmo-nos numa tarefa, quando há tantas solicitações em simultâneo. Este é um post com sugestões para treinares os percursos neuronais do teu cérebro, de modo a ser mais fácil concentrares-te;
- Simplificando a agenda do trabalho - esta é uma ferramenta essencial para te organizares no meio laboral. Claro que a deves adaptar às tuas necessidades e, sobretudo, não complicar demasiado;
- Elimine a tralha do seu escritório - apesar de neste post falar do escritório de casa, também pode ser útil no emprego. Considero fundamental livrarmo-nos da tralha, para evitar perdas de tempo desnecessárias à procura de documentos. Para além disso, um espaço livre de tralha ou distracções, comprovadamente, é mais relaxante e produtivo. 

Tenho esperança que um dia seja possível um maior equilíbrio entre vida pessoal e vida laboral. Todos ganharíamos com trabalhadores mais felizes! Ganhariam os trabalhadores, as suas famílias e a economia do país. Tenho esperança.

Foto: Soho

8 comentários:

  1. Gostei muito do post! Todas as pessoas o deveriam ler! Obrigada. beijinho

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  2. Cada vez mais acredito que não vivo em Portugal, que devo viver noutro país qualquer. Tirando o emprego em que trabalhei de noite (14h-22h), porque estava a trabalhar em formação pós-laboral, entrei sempre cedo ao trabalho. Já na Faculdade entrava às 8h! Actualmente costumo chegar ao trabalho às 7h45

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  3. Concordo plenamente!! E, pelo que conheço de outros países, nomeadamente o Canadá, as pessoas rendem mais no trabalho, são mais madrugadoras, mais pragmáticas, mais cumpridoras dos horários e dos assuntos e sobretudo...vivem muiiiito mais tranquilamente!!
    Óptimo post!

    Bjns

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  4. Partilho exactamente da tua opinião, grande parte das pessoas com que já trabalhei, não agora, era assim que agiam, procrastinavam as tarefas que deviam fazer logo pela manhã, muitas vezes ficavam depois da hora para as terminarem, pois durante o dia a conversa era muita.E efectivamente porque parecia bem ficar após a hora...
    Mentalidadezinhas!!!
    Vou aproveitar para ler mais coisa do teu blog, vinha cá pouco, mas estou a adorar ler-te!
    Tem um bom dia!!!

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  5. Olá, Mafalda!
    Nunca aqui tinha comentado, mas adoro o blog e venho espreitar diariamente!
    Eu e a minha família (marido e filhote) mudámos à ano e meio para a Holanda e sinto que a mentalidade é mais ou menos a mesma que refere para a Dinamarca, apesar de lá haver ainda mais regalias para os habitantes (como por exemplo licenças de maternidade maiores, já que aqui é de 4 meses!). Há uma separação maior entre os diversos sectores da vida, nomeadamente família, trabalho e lazer... e acho que o segredo da felicidade para estas bandas é viver experiências e pequenos prazeres, como ler um livro ao sol quando está um dia bonito, passar a tarde a pic-nicar no parque com os amigos, ir de férias nem que seja acampar (mas poupar o ano inteiro para o fazer!) e é também por isso que está no ranking dos países mais felizes!
    Na realidade, e da minha experiência aqui, não acho que todas as condições sejam melhores que em PT, nem as escolas, nem o sistema de saúde, e sobretudo de todo a comida, mas que a felicidade, sobretudo das crianças, se faz de tempo passado juntos em lazer/experiências e muito menos a consumir (desde pequeninos que são incentivados a poupar, os Holandeses são mesmo muito poupados, fazem contas a TUDO!).
    Como refere o trabalho é uma das áreas que concordo totalmente consigo que temos mesmo que melhorar, nomeadamente o chegar cedo, o fazer as coisas para ter tempo para as outras coisas também tão importantes. Aqui as pessoas sabem que se trabalharem bem são compensadas e reconhecidas e isso é, no meu ver, o factor mais importante no sector profissional em PT e a maior razão para a fuga de cérebros (e não só!), que não se sentem valorizados e são facilmente substituídos por alguém conhecido...Também é uma questão cultural difícil de inverter, penso eu!
    De facto, acho o nosso país espetacular, cheio de pessoas humanas e calorosas, paisagens maravilhosas e uma grande história. Sobretudo o calor humano é coisa rara aqui e que faz-nos tanta falta! E no final acabamos por perceber que as coisas não são assim tão más em PT nem tão boas no estrangeiro...mas o factor trabalho é de facto fundamental para a realização pessoal...

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  6. Me interessei bastante pelo livro, vou procurá-lo. Aqui temos a ideia de que não podemos parar quietos. O "ócio" é como a falta de rendimento contabilizada no lema "tempo é dinheiro". Tempo é muito mais que dinheiro. Dou aulas e, esses dias me perguntaram porque não havia aulas aos sábados (já trabalhei e estudei aos sábados por uns quatro anos!) e eu respondi que era porque eu precisava viver. Ótimo post, Mafalda.

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  7. Sim, por cá temos a mentalidade de que quem sai mais tarde é coitadinho e trabalha muito, e quem entra cedo quer agradar o chefe ou fazer alguma.
    Tudo depende da pessoa, há quem consiga fazer as coisas com foco e outros não. Neste momento tenho em mãos um trabalho repetitivo e para não fazer erros façlo pausas. É estranho mas assim funciono melhor e até faço mais, é que refazer o que foi feito por gralhas dá mais trabalho e atrasa tudo.
    bjs

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    1. Olá Nany, isso não é estranho. As pequenas pausas tornam-nos mesmo mais produtivos, pois permitem ao cérebro descansar e recuperar energia. Quando falo de pausas desadequadas, refiro-me a pausas exageradas. Conheço pessoas que têm 2h de almoço, porque querem mesmo. Eu prefiro almoçar em 30min. Dá para descontrair e não tenho de estender o horário de saída para muito tarde. Atenção que isto foi negociado. Inicialmente, tinha 1 hora de almoço e, sinceramente, não me fazia falta.
      Bom, mas resumindo, concordo em pleno com o teu método. Francamente, acho que eu própria deveria investir em algumas pequenas pausas (mas, com frequência, esqueço-me).
      Bjs

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