terça-feira, 29 de maio de 2012

E você, é feliz no trabalho?

Eu própria já coloquei essa questão a mim mesma, e apesar de não querer misturar a minha vida profissional com o que por aqui escrevo, hoje vou falar disso. 

Sou Directora de uma Instituição que apoia idosos, e se tenho coisas que me fazem feliz, outras entristecem-me. O que me faz mais feliz? O trabalho junto dos idosos, os momentos em que posso conversar com eles e quando consigo mudar o estado de espírito de uma pessoa negativa, para outro mais positivo. Tenho a sorte de ter grandes amigas no trabalho e uma direcção que me dá um apoio incrível, e que está sempre interessada em melhorar. 

O que menos aprecio? O facto de sentir que o actual sistema nos afoga em burocracia (muitas vezes, desnecessária e que, na minha opinião, afecta a qualidade do trabalho), a pressão e cansaço constantes devido  ao excesso de trabalho,  e comentários injustos de pessoas que nem conhecem a Instituição ou nem as características de algumas patologias mais frequentes na velhice (felizmente recebemos muitos comentários positivos, mas basta um negativo que seja injusto, para me entristecer). 

Alguns estudos referem que quem perde muito tempo a deslocar-se para o trabalho é mais infeliz. Eu perco algum, pois conduzo 75 km por dia. Sinto algum cansaço, mas para ser franca não me afecta muito. E porquê? Porque aprecio as pequenas coisas. É linda a luz matinal, o imenso arvoredo pelo qual passo, o dia em que vi um pinhal cheio de neve, os animais interessantes que avisto (ontem foi uma raposa).

Quando navego pela blogosfera, fico impressionada ao ler tantos relatos de pessoas infelizes no trabalho, outras que nem sequer têm trabalho e muito poucas a dizerem-se totalmente felizes com o trabalho. Também li um estudo em que, caso um desempregado tenha apoio financeiro, mesmo infeliz, consegue ser mais feliz do que um trabalhador que não aprecia o seu trabalho (estes últimos chegam a arruinar a sua saúde).

Actualmente, só cerca de 10% da população mundial se diz realizada no trabalho. Ando a investigar este tema (pelo que ainda não posso dar grandes dicas), mas creio que as soluções passam por sete pontos fundamentais:
««»»

1 – A sociedade em geral, deveria concentrar-se não só no progresso económico, mas igualmente no bem-estar/satisfação/qualidade de vida/felicidade das pessoas - Esta visão é a defendida pela Economia da Felicidade, e implica igualmente medidas de combate à corrupção, ao desemprego e favorecedoras da igualdade social.

2 – As empresas deveriam apostar na felicidade dos seus trabalhadores, até porque está provado que trabalhadores mais felizes são mais produtivos - Algumas mudanças podem contribuir para isso, tais como: proporcionar formação adequada, reconhecer a evolução da pessoa, garantir a equidade entre trabalhadores, elogiar na hora certa, ouvir sugestões dos trabalhadores, proporcionar condições e meios adequados de trabalho, permitir o equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar…

3 – O trabalhador deve concentrar-se nos aspectos positivos do seu trabalho – Pode, por exemplo encontrar um sentido de propósito no seu trabalho, ter a percepção de como este pode melhorar a vida de alguém, construir relações de amizade entre colegas, formar-se e ler mais sobre a sua área para se manter motivado…

4 – O trabalhador deve agir pro-activamente em prol da melhoria das suas condições de trabalho – Isto significa, não entrar em conflito com as chefias, mas dar sugestões que possam melhorar a sua qualidade de vida e, simultaneamente, torná-lo mais produtivo.

5 – O trabalhador deve equilibrar o trabalho com as outras áreas da sua vida – Isto implica que é totalmente proibido ser workaholic. As pessoas que se dedicam de forma exagerada ao trabalho, acabam por minar a sua felicidade. Como? Muitas vezes sem se aperceberem, estão a destruir a sua relação com a família, com os amigos (extra-trabalho) e a própria saúde.

6 – Caso seja necessário, o trabalhador deve fazer uma mudança profissional que vá ao encontro do seu propósito de vida e da sua realização (e não só em função do salário) - Se não souber ainda qual é o seu propósito de vida, consulte este post. Num estudo da Boyden Global Executive Search, publicado no Expresso, concluiu-se que a espantosa percentagem de 80% das pessoas que fizeram uma mudança profissional, admitem estar "mais felizes" na sua nova função.

7 – A educação das crianças deve passar por ensiná-los a serem felizes – Como refere o psicólogo Eduardo Sá “(…) há aspectos muito mais importantes do que a escola na vida das crianças, como a família. Estamos a criar uma mole de licenciados e de mestres aos 23 anos que esperamos que sejam ídolos antes dos 30 e o fundamental não é isso (…) estamos a exigir aos nossos filhos que sejam iguais a nós: que ponham o trabalho à frente de tudo o resto, esquecendo-nos de brincar com eles”.

E você, já pensou nisso? É realmente feliz no trabalho?

Foto: Sidious Sid

17 comentários:

  1. Bom dia,

    concordo que quando estamos bem no nosso trabalho as coisas são mais bem feitas e com muito mais empenho. Já passei pelas duas situações (não estar satisfeita com o trabalho e estar muito feliz - actualmente). E quando estive desempregada se tivesse uma situação económica masi facilitada de certeza que estaria muito feliz pois tinha tempo sem ansiedade para dedicar às minhas paixões.
    Pena as empresas não estarem orientadas para a felicidade dos trabahladores teriam muito mais a ganhar.

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  2. Sim... Penso nisso muitas vezes...
    Neste momento estou desempregada desde que tive o bebé (há 16 meses). Mas também me sinto muito mais ocupada, tanto que não sei como faria as coisas se estivesse a trabalhar :(
    Tenho procurado emprego e também tenho pensado em algumas coisas para criar o meu próprio negócio, mas como as coisas nãoestão fáceis e não tenho fundo de maneio, não passam de ideias que a cada dia que passa, considero mais dificeis de concretizar...
    É um sonho que tenho e adorava concretizar: ser feliz e sentir-me realizada com o meu trabalho... O meu marido está agpra a conseguir isso... Eu ainda ando meio perdida.
    Também concordo que passo pouco tempo com as minhas amigas, passo meses sem as ver. Sim, penso nisso, mas o dia-a-dia ocupa-me imenso...
    Vou tantar seguir as tuas dicas e acreditar que vou encontrar o "meu caminho" :)
    Beijinhos e bom trabalho ;)
    Marlene
    http://donadecasadesajeitada.blogspot.pt/

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  3. todo o trabalho tem aspecto positivos e negativos devemos dar mais importância aos positivos para sermos felizes onde passamos tanto tempo [local de trabalho] :)

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  4. bem eu nao tenho nenhum emprego, so trabalho um dia por semana em limpezas e faço sobremesas e salgados, bijuteria e artesanato para vender, ganho muito pouco e não recebo nenhum tipo de subsidio nem ajuda do estado, mas acredites ou não sou a pessoa mais feliz que conheço, acho que tudo depende do valor que se dá a cada coisa e eu dou muito valor ás pequenas coisas, e penso sempre positivo e se surgir um problema tento não pensar nele e sempre que faço isso acabo por resolvê-lo. acho que o mais importante para obter a felicidade que tanto desejamos é o amor e a gratidão e é dessa forma que vivo e dai eu e o meu marido sermos tão felizes, acho que a felicidade depende de cada um de nós, pois qualquer pessoa pode ser feliz, basta querer...bjinho e boa semana:)

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  5. Mafalda, que bom que a Letícia já voltou a escolinha e vc pode voltar a ficar tranquila.

    Estou vivendo a tristeza no trabalho com meu marido que sai de casa de manhã como se estivesse indo para o matadouro, chega em casa sempre cansado e tem falado muito em jogar tudo para o alto.Eu, que estou ao seu lado, incentivo os pontos positivos do trabalho e tento ao máximo minimizar os negativos; sempre procuro fazer programas que sejam o oposto do que ele vive no local do trabalho para que ele fora de lá possa relaxar e descontrair.
    Mas nada disso é fácil, pois as grandes empresas muitas vezes se perdem em seus propósitos em busca do lucro desenfreado e se esquecendo de encarar seu maior patrimônio: seus colaboradores.

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  6. Pois querida M. eu nao sou realmente feliz. Há dias em que suporto mais, outros que não. O ordenado é bom, as condições também, não apanho transito e perguntas tu: mas que queres mais? bem quero sentir-me mais util, desenvolver algo que me realize mais e para o qual estudei e sentir que a empresa precisa realemnte de mim, ser valorizada, é isso. Bem mas não se pode ter tudo não é?
    Bj** e feliz semana**

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  7. Hoje tocas te num ponto que me afecta!
    Ser feliz no trabalho.
    Já fui à uns anos atrás, hoje nem por isso!
    Se me perguntares se gosto do que faço? Não desgosto, faço-o sem dificuldades e alguns dias correm muito bem. Tenho algum contacto com pessoas que gosto muito também mas tenho uma gerência que nos desmotiva de dia para dia.
    Em vez de nos motivar para produzirmos mais, não! É completamente o inverso!
    Não dão valor nenhum as pessoas: quem falta muito ou quem não falta um ano inteiro para eles é igual.
    Não há compensações, não há formações, elogiar então nem pensar!
    Quando é assim... é muito complicado!
    Haja animação que sustente este mau estar diário.
    Enfim... sem dúvida um aspecto a mudar na minha vida.

    O teu trabalho deve ser acima de tudo compensador e isso deve ser maravilhoso.
    Eu gosto disso... trabalhar com pessoas! Se me entendes?!

    eh eh eh Aqui também trabalho com pessoas mas que não fazem parte daquilo que desejo ser e ter.

    Um dia feliz
    Beijokas

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  8. Ola!! és uma sortuda, fazes o que gostas numa área que eu adoro! tirei o curso de Serviço social e só tive oportunidade de trabalhar na minha área muito pouco tempo. Do trabalho que tenho tento dar o meu melhor mas o que custa mais é o ambiente de trabalho. Não sou feliz por isso mas sou feliz porque tenho um trabalho e um meio de sustento, o que hoje em dia é algo a valorizar!! bjokas

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  9. Bom dia querida Mafalda! Vou relatar aqui meu caso: Fiz um estágio de dois anos (de 2006 a 2008) Na Secretaria Municipal da Fazenda aqui em Porto Alegre, e durante este tempo, fiz amizades incríveis lá. Amava o ambiente de trabalho, as pessoas eram como se fossem da minha família, nem gostava quando chegava o fim de semana. Quando meu estágio estava no fim, abriu edital para concurso na prefeitura e eu resolvi encarar! E não é que passei?? Tamanha era a vontade de trabalhar lá para sempre...Durante 3 anos esperei ansiosamente, contando diariamente a chamada do aprovados. Foram 3 anos de muita emoção e expectativas, Me imaginava lá, e meu peito expandia de tanta felicidade...Mas...o que era para ser o melhor dia da minha vida se tornou um pesadelo! Em agosto de 2011 fui convocada, e apesar dos esforços dos amigos da Fazenda, fui nomeada para a Secretaria de Esportes. No dia da minha nomeação, fiquei de cama. Só chorava. Dias assim, decidindo se eu realmente iria tomar posse. Mas, fui. Detestei tudo. O lugar, as pessoas, o trabalho, o ambiente. Tinha dias que eu não conseguia nem olhar para as pessoas. Resultado: Em outubro (dois meses depois de assumir) tive a pior infecção de garganta da minha vida, com direito à febre reumática e tudo. Muitas injeções e antibióticos, 15 dias de molho. Refleti muito neste período e resolvi mudar o pensamento. Voltei melhor. Mas, ainda não me sinto feliz nem realizada. Não gosto do trabalho que tenho que fazer aqui, as pessoas não tem nada a ver comigo. Tem dias que é mais leve, outros, mais difíceis...Estou tentando me adaptar ainda, quase um ano depois da posse. Meu estado de alma em relação ao meu trabalho? Infeliz!
    Espero que meu relato ajude a sua pesquisa, amiga!

    Beijos!♥

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  10. De momento não sou feliz no trabalho, porque não o tenho, mas gostaria de vir a ser e ter trabalho na minha área...educação social (não sei se tem alguma pessoa com este curso na instituição em que trabalha).
    Mas fico feliz que goste do seu trabalho, pois acredito que seja, sem dúvida, gratificante. =)

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    1. Porque é que eu tinha a ideia de que eras enfermeira?...
      Cátia, de formação, sou justamente Técnica Superior de Educação Social, e fui escolhida, entre outros factores, justamente pelo currículo do curso.

      O problema é que com o processo de Bolonha, acho que o currículo do curso perdeu um pouco de qualidade. Quando eu tirei, era muito voltado para a gestão de Instituições Sociais,geriatria/gerontologia (para quem optasse por esta área), incluía o estudo de uma série de legislação importante, um pouco de animação sociocultural e diversas cadeiras de psicologia. O curso durava 5 anos e tinha 3 estágios (fiz um com crianças em risco, outro na Segurança Social e o último num Lar de Grandes Dependentes). Para além disso, fazíamos diversas visitas a Instituições (IPSS/hospitais...), para percebermos como tudo funcionava e fazíamos trabalhos práticos também junto de Entidades Oficiais (fiz por exemplo um trabalho relacionado com habitação social, recorrendo aos técnicos da Câmara Municipal de Lisboa). Por acaso tenho alguma curiosidade em saber como as coisas funcionam hoje.

      Mas não desesperes, tenta um estágio profissional, ganha experiência. Quem sabe gostam de ti e ficas por lá. Se eu souber de alguma vaga (o ano passado até sabia de uma), digo-te.

      Beijinho

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    2. ahah, não, não sou enfermeira. E é bem divertido encontrar por aqui alguém com o mesmo curso que eu =)
      Realmente o processo de Bolonha não veio ajudar em nada. Fazer o curso em 3 anos com o excesso de carga horária não ajuda. Só tive estágio no 3ºano, ao mesmo tempo que tínhamos aulas. Infelizmente não tive nenhum TSES a leccionar o curso, foi tudo psicólogas e muito sinceramente elas ainda sabiam menos que nós e em muito nos prejudicaram. Daí que a minha licenciatura na escola em questão, não foi muito produtiva. =(
      Como as coisas funcionam nas outras universidades não sei, mas na minha, infelizmente, funcionou assim.

      Já tentei arranjar estágios, mas pelo que me disseram no Centro de Emprego isso não depende dos candidatos, mas sim das instituições. Eu fui ao centro social da minha freguesia entregar o meu currículo (um dos diretores foi meu colega de curso, mas de turma diferente. E conhece-me da freguesia), mas de momento não estão a precisar de ninguém e até já tiveram que despedir pessoal (devido aos cortes da Segurança Social).

      Eu cá continuo à procura de uma oportunidade, dentro ou fora da área... o que eu preciso é de arranjar algo para me manter ocupada e sentir-me útil.

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  11. Para ser franco, é a área da minha vida que mais me faz infeliz. No geral, em todo resto, posso dizer que sou um homem feliz. Tenho é essa pedra no sapato.
    Honestamente, acho que o meu problema é não estar a seguir a minha vocação. Mas, quando a crise amainar, quero tentar o meu negócio. Mas para já estou a fazer uma espécie de «estudo de mercado», pois ainda não tenho possibilidades para avançar com o meu sonho (ou propósito de vida, como tu lhe chamaste).
    Obrigada por nos inspirares a melhorar!

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  12. Olá Mafalda,

    Este post veio mesmo a calhar! Revi-me totalmente no facto de ser workaholic!! E depois não consigo ter equilibrio entre a vida pessoal e familiar. Mas acho que precisamos de ter mais tempo para meditar e orar e pensar naquilo que queremos... Contudo, ainda não descobri o meu propósito de vida mas vou continuar a procurar! Obrigada por nos dares direcções. Bjs

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  13. Eu sou, Graças a Deus!! Meus horários são maleáveis e estou muito feliz!!

    Beijinhos Iluminados!!
    Paz e Luz!!

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  14. Oi Mafalda, Muito bom o texto nos faz refletir. Eu acredito que poucos tem a sorte de fazer o que gostam em seu trabalho. Mas se temos um trabalho devemos encará-lo com responsabilidade. Buscar novos aprendizados, um hobby para relaxar, enfim nos passamos mais tempo no trabalho do que com a nossa família então devemos fazer que estas horas sejam mais agradáveis possíveis, não custa tentar ver o trabalho de outra forma. Bjs!

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  15. faço por ser feliz TODOS os dias, em todos os aspectos da minha vida. No trab tb. Dar o meu melhor, motivar-me constantemente, valorizar os aspectos POSITIVOS em detrimento dos outros...

    a diana falou na GRATIDÃO e eu concordo

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