terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Investigação sobre raízes familiares

Finalmente, cá por casa começámos a elaborar o nosso "Livro da Família". Redescobrir as nossas raízes, pode explicar muito do que somos e trazer-nos um olhar positivo sobre a nossa família. Os investigadores da Psicologia Positiva sugerem que procuremos aspectos positivos (as virtudes de cada pessoa, os talentos, as forças de carácter).
 
Por cá começámos pela árvore genealógica e para além das virtudes, estou interessada nas curiosidades, das histórias que mais parecem romance, nas datas importantes...
 
Imaginem só o que já descobri, do meu lado da família. Tive um bisavô poeta; dois bisavós cuja casa foi supostamente atacada por fantasmas; uma avó que teve a coragem de ir sozinha numa longa viagem para ir buscar o meu avô... a casa de uma amante (pior, parece que tenho um tio algures, que desconheço); um avô que cantava muito bem; uma avó que perdeu a mãe ainda em criança e que foi uma lutadora nata toda a vida; um bisavô que esteve na França, na 1.ª Guerra Mundial (e regressou), um trisavô que entretia os netos com histórias fantásticas... A história mais mirabolante, foi a de um trisavô que foi desterrado por homicídio (que horror!). Contudo fez uma fortuna enorme numa antiga colónia portuguesa. O padre anunciou na missa que procuravam os descendentes, de modo a herdarem a fortuna. No entanto, o processo foi tão burocrático, que o Estado acabou por ficar com tudo. Outra história complicada foi a do abuso de álcool da parte de um avô. A parte positiva, é que os filhos ficaram de tal forma traumatizados com as consequências do álcool, que nenhum bebe (boa!). Ah! Tive também uma avó que se dizia que era das melhores cozinheiras da terra. Para além disso, parece-me (tenho de comprovar isto), que parte da família descende de nobres e outra de pessoas do campo e pescadores. Há também a possibilidade de uma ligação aos cristãos novos (antigos judeus convertidos). Mais recentemente estiveram ligados à indústria corticeira e do carvão. Bem... nunca imaginei encontrar tanta coisa! Até à data tenho certezas até à geração dos meus trisavós, o resto são só suspeitas (talvez lendas com um fundo de verdade).
 
Em tempos a minha avó deu-me um livro precioso: uma espécie de diário do pai dela.  Olhem só as coisas interessantes que o meu bisavô escreveu:
"Acabou a guerra no dia 11 de Novembro de 1918 «aonde» durou 1559 dias". "O J. foi pela primeira vez à casa da rapariga a 25 de Março de 1919". "Nasceu a minha filha I. (ou seja, a minha avó) no dia 4 de Maio de 1920, às 9horas da noite".
 
Estou a adorar fazer estas descobertas das minhas origens. E vocês já tentaram? Mesmo que encontrem coisas menos boas, também há muita coisa gira por descobrir. Percebi por exemplo de onde vem a minha paixão pela música, poesia, culinária...
 
Experimentem ver uma destas investigações (bem mais caras do que a minha), no programa "Who do you think you are?". Trata-se de um programa da BBC a ser transmitido presentemente no CBS Reality. É de se ficar entusiasmado.
 
Umas das preciosidades que encontrei na minha pesquisa, está no diário do meu bisavô. Trata-se de um poema, que relata as vivências no tempo da 1.ª guerra. Não era uma época feliz, mas mesmo assim, vou partilhar:
 
"- Porque é que a mãezinha chora?
Está sempre a suspirar...
- O teu pai morreu na guerra,
Não o tornas a abraçar.
Ele era tão meu amigo,
Sempre me estava a beijar.
Obrigaram-no a marchar
De encontro ao inimigo.
Mas ele ao ver do perigo,
Podia-se vir embora...
Mandaram-no sem demora
Seguir a expedição.
- Mas eu não sei a razão,
porque a mãezinha chora!
 
- Tu ainda és criança,
Tens pouco entendimento.
Mas o pai era sargento.
Dizia que ia para França,
Ainda levou a esperança
De um dia cá voltar.
Mas logo ao lá chegar
Para o combate foi mandado.
E por não morrer a teu lado...
Estou sempre a suspirar!"
J. Lucas
 
Lindo, não é?
 
Imagem: BBC

12 comentários:

  1. Olá! Já sigo este blogue há algum tempo, porque também acho importante procurar a felicidade nas coisas simples :)
    Como no post falas no programa "Who Do You Think You Are", da BBC, queria só informar que já temos a versão portuguesa: "Quem é Que Tu Pensas Que És". É transmitido pela RTP 1, às terças-feiras e também é muito interessante.

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    1. A sério? Desconhecia a versão portuguesa do programa.
      Vou tentar ver hoje, ou amanhã (no zon fibra dá para fazer isso). É que desde que comecei a minha investigação, ando mesmo fã deste programa.

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    2. Sim, começou há umas semanas. Também estou fã! :)
      Já fiz parte da minha árvore genealógica, mas cada vez que vejo o programa fico com vontade de recuar mais!

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    3. Ontem vi 2 episódios. Adorei o do José Rodrigues dos Santos!

      Depois de começarmos esta pesquisa, acho que se torna mesmo viciante. Queremos saber mais e mais...

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  2. Estou a tentar construir a minha árvore já faz uns anos... tenho feito progressos mas aqui é mais difícil noutros países têm acesso a censos de anos passados, escrituras e registos tudo online...
    Conheces alguma ferramenta de trabalho que nos possa ajudar? :)

    http://docemarafada.blogspot.pt

    A Marafada de Algodão Doce*

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    1. Eu tive a sorte de ter o diário do meu bisavô (onde estão registadas várias datas de nascimento) e fiz algumas entrevistas a pessoas mais velhas da minha família (sabiam perfeitamente até à geração dos seus bisavós, ou seja, meus trisavós).

      Podes investigar nos registos paroquiais (creio que as paróquias têm estes registos, mais ou menos até ao ano 1911). Antes disto, só a nível distrital e depois, na Torre do Tombo.

      Online, há a plataforma http://www.geneall.net/site/home.php
      Infelizmente, actualmente tem de se pagar pela informação, situação que até há pouco tempo era quase que exclusivamente gratuita.

      Contudo, concordo contigo. Em Portugal só agora estão a começar a digitalizar documentos. Podes ver alguns aqui: http://digitarq.dgarq.gov.pt/

      Noutros países, é um espectáculo, têm muita informação digitalizada... inclusive proveniente de Portugal. Por ex., no Brasil, têm listas dos passageiros dos navios portugueses, tudo digitalizado (já as vi online). Enfim... cá dá mais trabalho pesquisar (por enquanto).

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  3. Mafalda,
    E como começou a sua investigação pessoal? Acho uma ideia muito muito gira, mas não sei 'como pôr mãos à obra'...
    Obrigada e Felicidades

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    1. No meu caso li o diário do meu bisavô (onde estão registadas várias datas de nascimento) e fiz algumas entrevistas a pessoas mais velhas da minha família (sabiam perfeitamente até à geração dos seus bisavós, ou seja, meus trisavós).

      Talvez um dia comece a investigar nos registos paroquiais (lê a minha resposta anterior, para mais ideias).

      Beijinho

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  4. Acho bem engraçado e é uma forma de não nos sentirmos "sozinhos" e sabermos de onde vimos.
    Eu estava registada no site os meus parentes, e agora o my heritage (http://www.myheritage.com.pt/)também existe em português.
    É engraçado ver que somos mais uma maçã da árvores da nossa família.
    Bjs
    Nany

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  5. Acho a tua ideia muito boa e gostei de ler as tuas descobertas.
    Nunca pensei fazer isso.
    Beijinhos

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  6. Que história familiar tão emocionante! Casas assombradas? Desterro por homicídio? Amantes? Uau, dava um livro ;)

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  7. Que bela ideia a de procurar as nossas "raízes" :)
    Eu também me interesso por saber quem sou e de onde venho, mas ainda não dei o passo seguinte, que é escrever as coisas que já descobri na minha família. Para já, para além de nomes um pouco estranhos, já descobri que um dos meus trisavós era padre (ups...) e que um dos meus bisavós também esteve na 1ª Guerra em França (e também voltou).
    Irei seguir os links que disponibilizaste e mãos à obra!!!
    Beijinhos e obrigada pelas palavras inspiradoras que partilhas no blog :)

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