Nos últimos dias, ovos de chocolate e coelhinhos anunciaram a Páscoa em muitas lojas do país. Vá, e em mensagens que nos chegam, às dezenas, pelo facebook. Fico a pensar... será que a maioria de nós, ainda pensa no verdadeiro significado da Páscoa?
Para os judeus simboliza a saída do Egipto após anos de opressão. Já os cristãos comemoram a ressurreição de Jesus. No meio disto surgiram os coelhos fofinhos e os tais ovos.
Cá em casa tento conciliar as coisas. Apesar de não acreditar em religiões, tenho fé em Deus e em Jesus. Agradeço o sacrifício de Jesus e tento aprofundar a minha espiritualidade... a par de uma caça aos ovos que organizo para as criança. E, acredita, todos os anos estão ansiosas por fazê-la.
Mas voltando ao tema. Quantas vezes, na tua correria diária, te esqueceste do teu lado mais espiritual? Independentemente da tua religião ou crença, podes aproveitar esta época para (re)descobrires a tua espiritualidade. Ela é de facto acessível a qualquer um de nós e pode mudar a tua vida para sempre, tornando-te mais feliz.
Espiritualidade e Felicidade
Nos últimos anos a ciência tem-se debruçado sobre este tema e a verdade é que diversos estudos comprovam que as pessoas com uma vida espiritual activa são mais felizes.
No entanto, espiritualidade não é o mesmo que religião. A primeira é uma busca interior pelo sagrado, uma tentativa de dar sentido à vida através de algo maior que nós: um Ser divino ou uma verdade suprema. Já a religião tende a ser mais concreta e ligada a uma instituição. Neste caso, a pessoa pode também fazer uma busca espiritual, mas num contexto formal, aceitando um sistema de crenças e rituais oficiais.
Tanto a espiritualidade, como a religião, podem melhorar significativamente a tua vida. Mas há que estar atento! Uma coisa é um sistema de crenças salutar, compassivo, em que se procura o melhor de si mesmo e do outro. Outra coisa é seguir uma religião por obrigação, sem a sentir verdadeiramente. Pior ainda é sujeitar-se a uma religiosidade nociva - pouco tolerante, hostil com os não crentes, mais concentrada na justiça divina do que no amor, com padrões rígidos para a conduta moral e familiar. Nestes dois últimos casos é bem mais difícil os crentes se sentirem felizes.
A verdadeira felicidade advém de uma espiritualidade assente no crescimento pessoal, no altruísmo e humanismo, na união constante com o Divino e no forte comprometimento com aquilo em que se acredita - que acaba por influenciar todas as dimensões da vida (trabalho, formação, relações…).
Mas podes estar a perguntar-te: “Como pode afinal a espiritualidade fazer-me mais feliz?”. A verdade é que a espiritualidade pode trazer-te uma série de benefícios que, comprovadamente, podem aumentar a tua felicidade. Vários estudos concluíram que as pessoas espirituais lidam melhor com o stress e recuperam mais facilmente dos traumas da vida. Há por isso menos casos de ansiedade, depressão e suicídios. Sentem-se menos sós, tendo relações sociais e familiares mais satisfatórias. São mais solidárias e pensam além dos seus próprios interesses, contribuindo para um mundo melhor. Têm menos risco de cometer crimes. Consomem menos drogas, álcool ou tabaco. Tendem a ser mais saudáveis e a viver mais anos. O facto de orarem ou meditarem regularmente, estimula a actividade do hemisfério esquerdo do seu cérebro (associada à felicidade e emoções positivas). Encontram mais facilmente um sentido para a vida, o que reforça a sua auto-estima. Vivenciam com mais frequência emoções positivas, também elas potenciadoras de felicidade (amor, optimismo, gratidão, alegria e até êxtase, paz interior, esperança, sensação de que se é respeitado e útil).
E quem não acredita?
Podes ainda perguntar-te: “E aquelas pessoas que não acreditam em Deus ou noutra entidade superior? Como é possível serem felizes através da espiritualidade?” Por incrível que pareça, constatou-se que mesmo pessoas sem fé no sagrado, conseguem ser felizes com uma vida mais espiritual. Isto porque santificam coisas aparentemente comuns. Podem considerar o trabalho uma vocação, a educação dos filhos uma missão, tratar do seu corpo como se fosse sagrado, sentir admiração pelo belo, pela natureza, pela humanidade.
Como podes (re)descobrir a tua espiritualidade
Talvez este seja o momento certo, para (re)descobrires a tua espiritualidade. Eis 14 acções concretas que poderão ajudar. Escolhe aquelas com que mais te identificas, ou experimenta algo novo - surpreende-te.
1. Dedica uns minutos por dia a ler sobre temas espirituais ou religiosos;
2. Lê sobre a vida de pessoas espirituais inspiradoras, que possam servir de modelo à tua própria vida (Jesus, Buda, Madre Teresa…);
3. Informa-te sobre outras religiões. O teu caminho espiritual pode (re)começar experimentando algo novo;
4. Escuta programas de rádio ou TV, ou assiste a vídeos no youtube, com conteúdo espiritual ou religioso;
5. Convive com pessoas que também buscam a espiritualidade. Podes fazê-lo pessoalmente, em fóruns da Internet ou numa comunidade religiosa organizada;
6. Cria um espaço sagrado na tua casa. Acolhedor e silencioso, onde possas orar ou meditar, ler ou simplesmente estar em comunhão com o Divino;
7. Visita lugares sagrados. Descobre a sua história, observa a arte envolvente, a cultura, o misticismo;
8. Aumenta a frequência com que assistes a cerimónias religiosas;
9. Participa em actividades organizadas por uma igreja ou grupo espiritual (cursos bíblicos, retiros espirituais, etc.);
10. Ora e/ou medita diariamente;
11. Transforma a oração numa «conversa mental» com Deus, agradecendo-lhe pelo que tens de bom, pedindo-lhe orientação para resolver problemas e ajuda para concretizar sonhos;
12. Pratica gestos de bondade: cede o lugar a alguém que precise, doa roupas que não usas, visita um idoso que vive só, pratica voluntariado…;
13. Perdoa alguém que te magoou;
14. Sente a divindade na tua vida quotidiana, encontrando beleza e admiração no que te rodeia (num pôr-do-sol, numa refeição reconfortante, no riso do teu filho…).
Agora é só dares o primeiro passo.
Experimenta uma ou mais destas sugestões e sê feliz!
(Texto adaptado a partir de um artigo que publiquei na revista Progredir, em Dezembro de 2016).
.............................................................
"A Felicidade é o Caminho" também está aqui:
Sem comentários:
Enviar um comentário