quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Indignação: um sistema de saúde infeliz

Hoje deu-me para escrever um artigo de opinião, mais um desabafo, que estou a precisar.
 
Há uns anos atrás, quando tive a minha filha, o hospital (público) onde ela nasceu pareceu-me bom. As instalações estavam bem cuidadas, o ambiente era agradável e na generalidade o pessoal era bastante competente e simpático (que nestas coisas também conta!). Confesso que notei uma ligeira desorganização, e algum atrito entre médicos e enfermeiros. Mas tirando isso, tudo corria bem.

Quase 5 anos depois... as instalações até melhoraram, mas infelizmente têm havido episódios recorrentes, que me deixam cada vez mais desiludida.
 
Como o hospital tem um buraco abissal em termos financeiros, tentaram reduzir despesas. Conclusão, sendo este um hospital pertencente a um Centro Hospitalar (reúne ao todo 3 hospitais), concentraram as urgências neste hospital (a de pediatria é uma excepção). Para além disso, fecharam a partir de uma certa hora as urgências que existiam nas terras menores. Este hospital passou a receber pessoas quase do distrito inteiro e ainda de distritos próximos. Mas em termos de pessoal, que começou a ser insuficiente, o que se fez? Reduziu-se mais ainda!
 
Acredito que isto traga pressões enormes a quem lá trabalha, nota-se o stress constante, principalmente na urgência. E fico francamente surpreendida com os esforços que vejo, principalmente da parte dos enfermeiros (que parecem andar numa eterna correria).
 
E como sei disto? A título pessoal raramente lá vou, mas como sabem dirijo uma Instituição de Apoio a Idosos, e de vez em quando os utentes têm de ser encaminhados para este Hospital.
 
E o que me chateia a sério?
Assim que se entra no gabinete médico, cada vez com mais frequência (o que me indigna completamente!), no momento em que a funcionária vai a entrar com o idoso, o médico diz "Mas para que é que traz aqui um velho desses?". Agora eu pergunto, então os «velhos» não têm direito a cuidados de saúde? Será que esse tipo de médicos (não podemos generalizar, só alguns o fazem) pensa que dada a idade, nem vale a pena atendê-los? E mais... devem pensar que todos os idosos são surdos, porque não se coíbem de fazer estes comentários à frente das pessoas.
 
Depois há a falta de espaço para colocar as pessoas no internamento, devido à concentração das urgências naquele hospital. Antigamente, víamos macas pelos corredores, mas no próprio dia em que tinham entrado na urgência. Pouco tempo depois eram encaminhadas. Agora, não é raro haver escassez de macas e de cadeiras-de-rodas. E há dias tive um utente com uma pneumonia 3 dias numa maca, num corredor. Quando ficou internado a minha funcionária vestiu-o sozinho, devido à falta de pessoal. E quando a família o visitou há hora do jantar, estava uma empregada do hospital a dar-lhe comida a uma velocidade doida, enquanto o utente dava vómitos (a coitada da senhora, tinha demasiados doentes para alimentar e não podia perder demasiado tempo com cada um deles).
 
Recentemente tivemos um utente que se sentiu mal e foi operado de urgência às 22h, tendo alta no outro dia às 10h. A questão é que a ferida nunca mais cicatrizava, não estava com bom aspecto e o senhor começou a sentir-se bastante mal. A nossa enfermeira encaminhou-o para o hospital. Há chegada, o comentário do médico foi aquele que mais detesto: "Mas para que é que traz um senhor desta idade?". E pura e simplesmente recusou-se a ver a ferida do senhor, mesmo sob a reclamação da minha funcionária e com a discordância dos enfermeiros. Nem lhe deu qualquer medicação. Só gritava feito doido. O senhor no outro dia estava tristíssimo a dizer-me "Acredita que o médico, nem sequer me dirigiu uma única palavra? Quanto mais ver o meu problema." A situação do senhor foi-se agravando. A ferida piorou ainda mais, o senhor deixou de se alimentar e só vomitava. Claro que regressou às urgências e aí já foi resolvida a situação. E eu pergunto: onde ficou a humanidade, no meio disto tudo?
 
Por outra vez, um senhor começou a ter claros sintomas de AVC. Subitamente, entre outras coisas, a memória parecia ter desaparecido, não conhecia nada nem ninguém (nem a ele próprio), deixou de andar, etc. No hospital diziam à funcionária que o senhor não tinha absolutamente nada. Ela insistia que não era assim. Então lá resolveram fazer-lhe análises e... "o senhor está perfeitamente bem". A funcionária voltou a insistir que ele não estava bem. Ainda nesse dia havia andado, falado normalmente, ouvido e reconhecia-se a ele mesmo. Chateou de tal forma o médico que este acedeu a fazer-lhe exames mais profundos. Tinha tido um AVC e dada a extensão, teve de ficar internado uma série de dias.
 
E então quando um utente fica lá internado? Apesar do médico registar a medicação no computador, passado uns dias, já não é raro me pedirem: "podia trazer-nos a guia de medicação do utente, para sabermos o que estava a tomar?". Acho inacreditável. Então a pessoa está internada e dias depois voltam a perguntar-nos isto? Que medicação deram à pessoa entretanto? Que fazem à medicação que lá deixámos? Não percebo isto.
 
Tive entretanto uma utente internada num hospital suíço (a filha reside naquele país), e a Instituição hospitalar precisava de dados acerca de uma intervenção que a utente tinha feito em Portugal. Então não é que o nosso hospital disse que tinha os dados, mas que não os podia divulgar? What? Então o objectivo maior de um hospital não é a saúde do utente? Porquê recusar esta informação a outra instituição hospitalar? Aqui só posso especular. Talvez a informação até não esteja organizada como está na Suíça e fosse difícil aceder à mesma, talvez não houvesse tempo para procurar, talvez cá sejam necessárias mais burocracias...
 
Agora um caso pessoal. Tinham-me informado que a urgência de pediatria tinha passado novamente para este hospital, mas não. No ano passado fui lá com a Letícia com um ataque de asma. Estranhamente, e talvez por ser próximo das 6h00 da manhã não havia um único doente para ser atendido. Também ninguém aparecia para atendê-la. Ela começou a ficar visivelmente aflita. Percorri o maldito hospital à procura de alguém, e com vontade de bater em quem me aparecesse pela frente (viro leoa, quando se trata da minha filha). Encontrei um enfermeiro (graças a Deus!), que me explicou que não havia pediatra. "Ok. Não me diga que não há um médico de clínica geral, pelo menos". O enfermeiro mediu-lhe os níveis de oxigénio e claro que ela necessitava de ajuda. Mas tinha de ir procurar um médico... Lá encontrou um e pediu desculpa pois um dos médicos não tinha aparecido, o seu substituto também não (uma confusão!). Quando encontraram um médico, lá foi fazer um aerossol...e a coisa melhorou. Foi com um antibiótico para casa. E eu fui a um médico privado (que consegui na altura), que lhe receitou uma bombinha de ventilan, pois de tempos a tempos a falta de ar voltava. A situação pareceu acalmar, mas na semana seguinte, voltou a agravar. Fui à urgência de pediatria, onde lhe fizeram um raio-x e o médico ficou preocupadíssimo. Ela estava com uma broncopneumonia e os dois aerossóis que fez não surtiram efeito. Caiu-me tudo naquele momento. Ficou internada... rodeada de fios (para o soro, para medir os níveis de oxigénio e batimentos cardíacos, e fazia aerossóis de tempos a tempos).  Gostei imenso do serviço, muito diferente do caos das urgências. Começaram a fazer-lhe fisioterapia respiratória (à qual ela reagia muito bem). Mas talvez para não a cansar demasiado e porque eram pouquíssimos os fisioterapeutas para um hospital inteiro, aquilo era feito o mais rápido possível. Depois de já ter tido alta, e com a concordância do médico de família, fui a um fisioterapeuta privado, que fez maravilhas. Aquelas secreções que ela tinha começaram a sair, para além do facto dele ter mesmo jeito para lidar com crianças. Depois disto consegui também descobrir um médico privado especialista nestes assuntos. E hoje em dia, ela está sem dúvida melhor.
 
Agora a mais recente piada: no hospital, juntamente com o recibo das despesas de saúde dos doentes, estão a entregar umas folhas com «informações» algo interessantes. Tenho por exemplo um utente, insuficiente renal e com uma série de outras complicações, que com a taxa moderadora e os exames que fez, pagou cerca de 24,00 € (naquela vez). Mas em anexo vem uma folha a dizer o quanto ele custou ao hospital ao longo do ano: 585,00 €. (Até aqui, tudo bem, é uma folha de caracter informativo). Mas a frase que vem nessa folha, até parece que é para as pessoas se sentirem culpadas por irem à urgência. Independentemente dos custos destas folhas (que devem ser aos milhares), são imprimidas para dizer o seguinte:
 
"Os cuidados de saúde que lhe são assegurados pelo SNS representam um esforço económico de todos os contribuintes através dos impostos pagos".
 
Em resumo, parece que as pessoas «velhas» em situação de urgência não deveriam ir ao hospital e ainda são uns sacanas porque estão a gamar os impostos dos contribuintes. Digo já que enquanto contribuinte, não me importo nada de encaminhar os meus impostos, para ajudar quem quer que seja a nível de saúde. Acho é que o governo deveria antes pensar, em como seria bom estimular a economia, para arranjar mais contribuintes! É que desta forma, cada vez vai haver menos dinheiro para a saúde, afinal os impostos têm de ser divididos com os milhares de desempregados do país.

E como funciona o sistema de saúde na maioria dos países mais felizes do mundo? Bem melhor, sem dúvida! Por exemplo, na Dinamarca as pessoas toleram os altos impostos, pois entre outros factores, têm um sistema de saúde gratuito e um excelente apoio para os idosos. As pessoas sentem a segurança do apoio do estado desde a infância até à velhice. A Suíça, de que falei atrás, tem inclusive um sistema de saúde, que é considerado um dos melhores do mundo.
 
Quando estamos bem, o nosso corpo é «silencioso», quase nem nos lembramos dele. Já a doença, pode afectar e muito a nossa felicidade. Por isso, há que repensar o que se está a fazer ao Sistema Nacional de Saúde. Acredito que há pessoas que vão às urgências desnecessariamente, mas será assim com a maioria? Haverá soluções alternativas divulgadas junto da população? Haverá médicos de família para todas as pessoas e a darem-lhe apoio em urgências menos graves? Haverá uma cultura de prevenção? E haverá preocupação com o estado psicológico dos próprios trabalhadores da área da saúde? Haverá algo que acalme a sua tensão constante? Será que há pessoal suficiente para tanto trabalho?... Ficam as questões.
 
Deixo por último, uma frase de Mahatma Gandhi:
"A verdadeira felicidade é impossível sem verdadeira saúde".

E pronto, já desabafei!

 
Foto: USP Hospitales

18 comentários:

  1. Relativamente a hospitalização relativa a gravidezes não tenho nada a apontar.
    Mas a nivel de centro de saude, tenho e muito (e com médicos diferentes)... diagnoticos não feitos, avaliação de situações mal feitas... e isto nas crianças. Das 4 vezes que fui com eles ao centro de saude nunca fizeram nem viram o que havia para ver.
    Uma das vezes a minha bebé com 5 dias tinha uma infecção na pele e a médica simplesmente não a viu, e era tão visivel... felizmente dias depois o pediatra diagnosticou a tempo e impediu que passasse para os orgão internos. Fiquei a pensar quantas pessoas andariam por ai sem ser medicadas qd precisam, ou com diagnosticos mal feitos. Felizmente posso recorrer a um pediatra particular senão estava tramada...

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  2. Gostei deste post. E é por situações semelhantes que quando um dos meus filhos (4 anos e o outro de 18 meses) têm algum episódio de urgência não os levo ao Hospital do Barreiro onde já estive uma vez 5 horas, e prefiro ir à Dona Estefânia onde no máximo numa hora são atendidos e por pediatras.

    Claro que se os idosos partirem para a outra vida são menos reformas a pagar e menos dinheiro que se gasta... (tom irónico, atenção!)

    Beijinhos Mafalda

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  3. foi otimo para ti desabafar e para quem te lê tb porque creio que muitos se identificaram com o teu desabafo.
    O estado do nosso sistema de saúde está péssimo, não me venham dizer que a responsabilidade é da politica, da burocracia.... a responsabilidade é de quem trabalha sem competencia, sem espirito de missão. Na área da saúde é fundamental que quem lá exerce funções tenha competencias tecnicas e emocionais. em momentos em que os médicos mais parecem secretárias dos anos 40 e 50 com excelencia na arte da datilografia. eles teclam o computador com uma destreza assustadora nem perde um minuto a olhar para o doente. é mais célere que o escrivão judicial num interrogatório judicial. parece que estamos a jogar o jogo quem pergunta mais rápido e responde mais rápido e depois segue para bingo.
    é de arrepiar.
    Nos nossos dias para a maioria dos candidatos à faculdade (e para os pais tb) o mais importante é ter notas altas e saber se a profissão é economicamente rentavel, vai dai não é de admirar que os hospitais estejam cheios de tecnicos saude burocratas e poucos médicos.
    Muita gente ainda tem muito que evoluir como ser humano!

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  4. Indigna-me sobretudo a falta de humanidade dos profissionais de saúde! Não há pressão que justifique!
    Vergonhoso...

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  5. Boa tarde, eu nao sou muito de comentar mas sou sua leitora assídua, eu estou neste momento a fazer um curso de Agente em Geriatria e fiquei chocada com tudo o que relata, mas especialmente com a atitude dos médicos em relação aos idosos. Será que eles não vão ficar velhos? sim porque essas pessoas seram velhos e não idosos.

    Muitas felicidades para si eos seus utentes.

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  6. Votado! :)

    Quanto ao texto, é vergonhoso sim a forma como alguns médicos tratam seus doentes. Posso dizer que já me calhou cada um!!!

    À pouco tempo, fui Hospital com o meu filho, tive imenso tempo à espera para entrar com ele depois de ter feito um Rx. Quando fomos chamados, o médico estava numa grande descontracção a ver vídeos no Youtube!

    Concordo com a Dadinha: "Muita gente ainda tem muito que evoluir como ser humano"

    Com os idosos então é mais vergonhoso ainda. E não só os profissionais de saúde como familiares que abandonam idosos no hospital.

    Temos muito que crescer realmente :(

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  7. As coisas já estiveram muito boas, mesmo com falhas; o nosso sistema conseguia ser muito bom nos últimos anos... até descambar completamente! Os médicos serem, alguns, pouco humanos, tem muito a ver com o próprio curso que tiram. Felizmente os mais novos já vão tendo algumas cadeiras de ciências humanas...

    Enfim, temos de lutar contra esta degradação, não sei bem como, mas estes "desabafos" são importantes, para podermos estar a par das situações.

    Parabéns!

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  8. Fiquei indiganda e revoltada, todos sabemos de casos destes e há pessoas que viveram casos destes... porque é que ninguém faz nada???!!!

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  9. É vergonhoso sim!
    E eu senti na pele este mesmo "desleixo" em 2003 entrei em trabalho de parto e mesmo levando uma carta do médico que na altura acompanhava a minha gravidez onde dizia que a gravidez era de risco, as enfermeiras deixaram-me numa sala sozinha e foram ver tv e riam-se alto, eu gritava com dores e ninguém me ligava, estive imenso tempo sem ninguém me ligar,passado horas uma das enfermeiras foi ao pé de mim e eu só lhe pedi "por favor ajude-me" e ela foi buscar um ferro para rebentar as águas e deixou-me ali novamente, (abreviando)o meu parto foi uma cesariana de urgência a minha filha nasceu morta ,teve que ser reanimada, neste momento tem quase 10anos e tem Paralisia cerebral ...
    Beijinhos

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    1. Meu Deus, essa foi mesmo uma situação inadmissível nos dias que correm. Só espero que tenhas muita força por ti e pela tua filha!

      No meu caso, tive muita sorte por o meu marido estar ao meu lado. Depois de me rebentarem as águas (manualmente), comecei a ter uma hemorragia e o ctg começou a emitir um sinal de alarme. A pulsação da minha filha estava a cair a pique - chegou aos 34. Eu, não me lembro de quase nada, porque também comecei a ficar mal. Segundo o meu marido, foi ele que andou à procura de alguém para nos socorrer. Fiz de imediato uma cesariana, mas felizmente com a minha filha correu tudo bem e hoje é completamente saudável. Em grande parte, devo isso ao meu marido.

      Sei que o tempo não pode voltar atrás, e todas as palavras parecerão inúteis, mas desejo que o amor que sentes pela tua filha supere o sofrimento que ambas passaram.

      Beijo

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    2. Obrigado querida pela força,beijinhos

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  10. Olá Mafalda!

    Eu percebo a tua indignação, realmente o nosso sistema de saúde está um caos, falido, diria eu.

    Os profissionais de saúde não tem a menor sensibilidade e isso é flagrante, acho que todos sabemos os sacrifícios que implicam algumas profissões, mas é por isso que devemos sempre escolher uma área para a qual nos sentimos vocacionados.

    Tenho uma familiar que vive cá mas está reformada em França e prefere lá ir sempre que precisa fazer os seus exames de rotina, ela diz que compensa pelo facto de ser tratada com respeito. Queixa-se dos profissionais de saúde portugueses que tratam os idosos como lixo e acrescenta, se cá pagam mau então tirem outro curso ou emigrem...

    Eu acredito que maus profissionais existem em toda a parte, tanto lá como cá, mas cá abusam!

    Beijokinhas,
    Patricia.

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  11. Mafalda
    Gostava tanto, mas tanto de dizer que não é bem assim, que muitas das coisas que se dizem contra o sistema de saude e os seus profissionais são calunias e mera especulação, mas infelizmente é tudo verdade, situação bem graves e desumanas.
    Trabalho num hospital há vinte anos e infelizmente já vi e continuo a ver muito sofrimento,mas também tenho que dizer que há bons profissionais, pessoas humanas e com bom carater que se preocupam verdadeiramente com o doente e fazem de tudo para os ajudar, infelizmente são poucos, eu sei!
    Beijinhos

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    1. Nestas coisas claro que não podemos generalizar. Como frisei no início, fico surpreendida com os esforços dos enfermeiros, e há médicos francamente bons.
      Contudo, esta reorganização do sistema de saúde e, ok, a falta de humanidade de alguns profissionais, contribuem para aquilo que chamo de "um sistema de saúde infeliz!".
      Se queremos uma sociedade mais justa e feliz, temos de reconhecer onde há problemas e tentar lidar com eles de modo a corrigi-los.
      Beijinho

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  12. O teu desabafo é o meu. Também concordo. Obrigada por publicares.

    Ana

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  13. Olá Mafalda!
    "Um sistema da saúde infeliz" é um título tremendamente injusto para o ainda sistema nacional de saúde que temos. Não ponho em causa as situações que descreve mas também lhe digo que por cada má experiência em hospitais/centros de saúde haverá outras tantas, pelo menos, muito bem sucedidas.
    Ao longo da vida já tive situações em que considerei não ser muito bem atendida (eu ou familiares) mas na grande maioria das vezes só posso agradecer viver num país, de fracos recursos (somos pobres quando comparados com a maioria dos outros europeus por exemplo) que tem, apesar de tudo, um sistema da saúde em que se pode confiar.
    Gostaria de recordar que temos das mais baixas taxas de mortalidade infantil do mundo e temos uma esperança de vida elevada o que demonstra que , apesar das falhas que tem, o nosso sistema de saúde funciona e por pouca contribuição de cada um de nós (apesar de acharmos que descontamos muito para impostos). Pense quanto custará manter, diariamente, só um dos hospitais.
    Concluindo, depois do seu dasabafo, repense e veja que se calhar podemos dar-nos por FELIZES por termos aquilo que temos.
    Nota: Não trabalho na área da saúde

    beijinhos

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    1. Olá Ana!
      Como referi no post, não podemos generalizar estas situações e salientei ainda que são impressionantes os esforços que vemos da parte do pessoal de saúde.
      Mas da mesma forma, tenho de salientar que não devemos fingir que não existem problemas. Para os mesmos serem resolvidos, há que reconhecê-los. O próprio pessoal de saúde, está, em geral, exausto com a situação actual e, inclusive têm-nos sugerido para escrevermos no livro de reclamações.
      É um facto que Portugal tem aspectos positivos e não só ao nível da redução da taxa de mortalidade infantil, mas igualmente ao nível das cirurgias renais e de cataratas.
      Não obstante, em 34 países europeus, Portugal encontra-se em 25.º em termos de qualidade do sistema de saúde (o último relatório que conheço é de 2012, mas também conhecia um de 2009).
      Na verdade, a crise tem acentuado um declínio na qualidade. Posso-te dizer que isso se tem notado ao nível do acesso célere a médicos de família, ou a especialistas, listas de espera demasiado longas, falta de dentistas no sistema público, elevadas taxas de infecção hospitalar (por comparação com os outros países), redução na comparticipação de medicamentos e dificuldades de acesso a fármacos inovadores e, mais recentemente há falta de pessoal para atender a todas as situações, etc.
      Por tudo isto, e pelo que observo no dia-a-dia, não sou da opinião de que nos devemos dar por felizes com o que temos, temos sim que melhorar. E acredita, que o pessoal de saúde em geral, sente-se bastante descontente com esta situação.
      Quanto aos custos diários com hospitais, óbvio que são extremamente elevados, mas mesmo assim considero uma área prioritária de investimento. Gerir não é nada fácil, mas sinceramente há que melhorar.

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  14. Olá Mafalda,
    Eu, pessoalmente, só tenho tido boas experiências, tanto nos hospitais como nos centros de saúde (que frequento muito pouco, felizmente). Mas na saúde, como em qualquer outro serviço, sou grande adepta do livro de reclamações. Acho que faz maravilhas na mudança de atitudes. E julgo que o facto de o tipo de situações que descreve se continuarem a verificar com alguma frequência, tem muito que ver com esta nossa tendência portuguesa de não reclamar (leia-se: formalmente).

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