quinta-feira, 3 de maio de 2012

Cancro: como odeio esta doença!



Porque a vida, infelizmente, também é feita destas coisas...



Quarta-feira, 21 de Novembro de 1990 - 10 anos
"Hoje foi um dia terrível; a minha mãe foi operada ao peito esquerdo. (...) Sei que a operação correu bem, mas espero que ela fique melhor bem depressa. Digo isto porque ela merece e... porque a amo muito. No entanto, estou muito nervosa com esta situação."

Sábado, 24 de Julho de 1993 - 13 anos
"Querido Diário, hoje foi o dia dos meus anos, e nunca passei um aniversário tão triste. Tão triste porque a minha mãe foi para o hospital com falta de ar (nada de bronquite, infelizmente descobriram que ela tem líquido num pulmão). Mesmo doente ainda ia a pedir aos meus primos para me cantarem os parabéns. Mas sem ela... nada valia a pena, acabei o meu 13.º aniversário a chorar."

Sábado, 9 de Outubro de 1993 - 13 anos
"Querido Diário, ontem e hoje foram os dias piores da minha vida. Um grande pesadelo aconteceu ontem, por volta das 11h00 da manhã. A minha mãe morreu. (...) Foi a situação mais difícil que tive de suportar. Ainda me parece que estou no meio de um pesadelo, que daqui a algum tempo vou acordar e que vai ficar tudo bem. Mas não é verdade... A minha realidade é ser órfã de mãe aos 13 anos, tudo por causa de uma doença estúpida. Nem consigo acreditar. Tudo está cinzento, chove lá fora (desde ontem). Talvez sejam anjos a chorar... Nunca esquecerei a minha mãe."

««»»

Estes foram excertos do meu diário. Foram talvez os momentos mais sombrios da minha vida. E não posso fingir que não existiram.

Anteontem estava no funeral do pai de uma amiga. Mais uma pessoa que morreu com cancro. E não é o primeiro este ano. Tive um colega que faleceu com apenas 32 anos. Há mais tempo, tive um amigo que partiu aos 22. A minha avó morreu com leucemia... Os casos repetem-se e a minha indignação perante esta maldita doença aumenta.

Todos estes episódios me fizeram recuar aquela parte da minha infância, mais triste. Não que me queira lamentar, mas porque acho que algo tem de ser feito.

Temos de parar de deixar as coisas andar e AGIR!
- Temos de apostar na prevenção. Porque raio temos a mania de só o visitar o médico quando já estamos doentes? (não sou exemplo para ninguém, a este nível também tenho de mudar)
- Temos de nos rodear de produtos mais saudáveis (alimentação biológica, por exemplo) e evitar os cancerígenos (afinal só 5% do cancro tem origem genética)!;
- Temos de contribuir para um mundo mais saudável e sutentável (assumindo práticas que preservem o meio ambiente);
- Temos de controlar mais o nosso stress;
- Temos talvez de seguir as dicas de quem dedicou a sua vida a pesquisar sobre o cancro, com o Dr. David Servan-Schreiber;
- Temos de reinvindicar a quem governa, para que tome medidas em prol de um país mais saudável (por exemplo, acesso ao sistema de saúde para todos os cidadãos,  incentivo à agricultura biológica para que os produtos tenham preços mais acessíveis, promoção de saúde nas escolas, incentivo ao recurso às energias renováveis, implementação de equipamentos ou arranjos de espaços que permitam a actividade física, etc.);
- E por último, temos de tentar ser mais felizes, pois a felicidade também dá saúde!

Pronto, já desabafei.

20 comentários:

  1. Mafalda, nao fique assim com esse noh no peito.A felicidade e a qualidade de vida eh o que temos que buscar. Jah tive um cancer, minha mae faleceu no ultimo outubro com a, mesma doenca. Portanto existem os que se vao, mas tambem existem os que se curam e ficam por aqui mais um tempo. Perdi a unica verdadeira amiga aos 29 anos, depois de 95 anos doente...foi muito dificil, e sei que todo mundo tem uma historia parecida para contar.
    O caminha eh se cuidar em todos os aspectos, aceitar os obstaculos e continuar. Continuar sempre...se possivel com um belo sorriso nos labios!
    Bom dia, querida.
    Qualquer dia coloque os dias felizes de seu diario ( tenho certeza que eles existem ) pois quando remexi em minhas antigas recordacoes, encontrei mais dias felizes do que dias tristes.

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    1. Querida Remall, óbvio que tenho vários momentos felizes na infância. E, tal como tu, também acho que devemos seguir em frente.

      Mas, ao mesmo tempo, tal como tu dizes "todo o mundo tem uma história parecida para contar". Isso é sinal que existe um problema, que não deve ser ignorado. Honestamente, temos de apostar mais na prevenção e o governo também devia fazer o mesmo. Há dias, por exemplo, estava a ver um programa de televisão e numa escola primária italiana, referiam que a lei daquele país obriga a que todos os produtos alimentares das escolas tenham origem biológica. Pode parecer pouco, mas acho que é um grande passo. Se toda a gente conhece um caso, temos de lutar para inverter as coisas e permitir que essas pessoas possam durar mais anos e com qualidade de vida. Não é por acaso, que, em alguns países quase não há cancro (essencialmente asiáticos).

      Temos mesmo de apostar na prevenção e apostar também na investigação. Pessoalmente, já participei em campanhas que apoiam a investigação (quer doando algum dinheiro, quer como voluntária em peditórios). Há que ser proactivo e agir. Mas essa é só a minha opinião.

      Beijinho e um excelente final de semana

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  2. Infelizmente é uma doença que nos tem afectado a todos, directa ou indirectamente. Todos conhecemos alguém que perdeu a vida dessa forma e tens razão quando dizes que temos que apostar na prevenção e fazermos mais exames para ser detectado a tempo, mas infelizmente o nosso sistema de saúde é cada vez pior e só vamos ao médico quando não temos outra hipótese.
    Pelo que tenho lido, o stress influência bastante o nosso estado de saúde, pois torna o nosso sistema imunitário mais fraco. Então temos que tentar ser mais felizes, sem dúvida.
    Beijinhos

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  3. Sem dúvida cuidar da saúde, prevenir é o caminho!
    Tenho muitos casos na família e faço check-up completo anual, não há outra ação a fazer!
    bjs Sandra
    http://projetandopessoas.blogspot.com//

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  4. Fizeste bem em desabafar :)

    E sim temos mesmo de mudar, ir mais ao médico (ai eu!), e ser felizes!

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  5. É com lágrimas nos olhos que assino por baixo!
    A prevenção é a palavra de ordem no que toca a esta maldita doença!

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  6. Mafalda, acabei de ler este post e chorei. Sou muito sensível e pensei também na minha , por se aproximar o Dia da Mâe.
    Já fiz um poema lembrando a nossa mãe do céu, as terrenas e as que já patiram.
    A minha mãe tinha 64 anos e deixou os 6 filhos queridos e marido.
    Realmente perder a mãe em criança deve ser bem doloroso!
    Beijos

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  7. Querida Mafalda,
    é uma doença malvada, para a qual infelizmente ainda não há cura. temos mesmo de apostar na prevenção... não sabia que tinhas perdido a tua mãe tão cedo, lamento. Um beijo**

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  8. O papá dos meus meninos não escreveu diário. Mas se escrevesse também começaria como o teu aos 10 anos... e terminaria com 15.
    Há dois anos ajudei-o a fazer o trabalho do RVVC das novas oportunidades... foi aí que percebi mais algumas coisas que poderão justificar certas formas de sentir dele agora em adulto.
    Ninguém merece e quando se trata de crianças... crianças que vão ou crianças que ficam.
    Desejo acima de tudo que tenhas ficado com apoio e carinho de quem te rodeava.

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  9. Eu deparei-me perante essa doença há 3 anos, quando a minha tia faleceu. Não tinha 60 anos. Custou-e imenso. Lutou até ao fim, sempre a sorrir. Hoje, o drama repete-se. O meu sogro tem cancro. Não há operação. O tratamento é para ir além dos 10 meses que lhe deram. Sonho todos dias para que esses meses sejam 10 anos.
    Vendo bem as coisas e pelas tuas sugestões e dicas, sou uma pessoa de risco. Mas mudar hábitos, custa. É de facto "a doença" que nos leva quem amamos.

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  10. Vim só deixar-lhe um beijinho muito grande. Depois de ler as suas palavras fiquei com o coração pequenino, pequenino...

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  11. Lamento muito, sei como é difícil. Beijinhos

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  12. Lamento. Nem imagino a dor.
    Essa doença já me levou uma avó e ameaçou levar-me o pai. Levou-me a sogra e tudo o que se possa fazer na relativente á sua prevenção é de praticar.
    Um abraço grande.

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  13. Fiquei triste com este post. Sei bem que o objetivo era lembrar as pessoas para o facto que de esta doença maldita pode "escolher" qualquer pessoa e que o primeiro grande passo para tentarmos impedir que ela nos ataque é mesmo a prevenção. Concordo inteiramente contigo.
    O meu avô também se foi embora com essa doença, um colega de trabalho, um aluno/amigo meu com apenas 22 aninhos. Espero que não fiques triste no próximo domingo pois a tua mãe acompanha-te sempre.
    Quando li as respostas que me deste no desafio do selo (ainda não te respondi, sorry), fiquei com a sensação que já tinhas também perdido uma mana (que teria hoje a minha idade). Compreendi bem?
    Deixo-te um beijinho muito, muito grande.

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    1. Sim, compreendeste.
      Beijinho grande :)

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    2. Obrigada por responderes Mafalda. E desculpa de só agora, passado tanto tempo, te ter dado um feedback.

      Beijinho grande e bom fim de semana. :-)

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  14. Lamento a tua perda. Felizmente não sei o que é sentir essa dor apesar de o meu pai já ter estado doente. Foi um grande choque e uma das razões para a minha fase depressiva.

    No fundo a doença dele também me levou a esta mudança completa de estilo de vida. Passei a fazer algum exercício físico, a optar sempre por fazer muita coisa em casa (alimentos, produtos de limpeza, produtos de beleza, etc...), a controlar melhor o meu stress e ansiedade e por ai fora...

    Obviamente que lá por fazer estas coisas não quer dizer que nunca venha a ter a doença (tal como tu falta-me melhorar a parte das idas ao médico) mas ao menos fico de consciência tranquila por ter feito alguma coisa para tentar evitar. Curiosamente já não me lembro da última vez que estive constipada, com gripe ou doenças do género...

    Bjs,
    Anabela
    P.S.:Vou responder às perguntas, amanhã já podes ver no site :)

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  15. Sinto muito Querida Mafalda.
    Um abraço apertadinho.

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  16. Olá Mafalda :) É a primeira vez que vim ao teu blog e identifiquei-me com este teu texto! Dizer que sei pelo que passaste é relativo uma vez que cada perda é uma perda e é sentido o luto de diferentes formas por cada um. Posso sim é partilhar que também o cancro me levou o meu paizão tinha eu 14 anos. O que não nos mata tem de nos tornar mais fortes, sempre! :) Beijinho*

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