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Oliveira do Hospital, 2017. |
"Até quando?" é uma pergunta que faço com frequência.
Uma parte da população, anda numa luta constante para salvar o meio ambiente. Tenta consumir menos, reciclar o máximo que pode, optar por produtos ecológicos, evitar o desperdício, etc., etc. Entretanto, alguém por negligência ou num acto criminoso, provoca uma calamidade, incendiando hectares de floresta em apenas alguns dias. Calamidade que leva anos a recuperar (e por vezes nem é possível a recuperação, pois logo outro incêndio acomete ao mesmo local).
Sinto particularmente o que se tem passado em Cardigos (terra que conheço e pela qual nutro um carinho especial) e pelas povoações em redor. Conheço aquela gente, que se há-de erguer novamente. Mas a que preço? Com as marcas de queimaduras no corpo do Sr. I, com a dor do Sr. S. que acabou de ficar sem casa ou do Sr. F. que ficou sem meios para trabalhar a terra... Bolas, que é todos os anos a mesma coisa!
Deixa-me profundamente triste saber, que ainda por cima há indícios de crime. Quais serão as motivações? Interesses económicos, terrorismo ou pura maldade?... Sei lá... Ainda assim, revela uma pura ignorância face à situação grave em que se encontra o meio ambiente (tal como vem referido, por exemplo, neste livro).
Quem me dera que a nossa mentalidade fosse tipo a dos suecos, em que a protecção do ambiente, já é um hábito cultivado desde a infância. Evitar-se-iam muitos actos de negligência. Fala-se de que a educação ambiental deve de ser dada na escola. Concordo em pleno! Contudo, acho que o papel principal cabe mesmo aos pais e educadores. Mais que palavras, vale o exemplo. As crianças, futuras gerações, são óptimas a imitar comportamentos. Então que sejam comportamentos positivos!
Não sou minimamente especialista no assunto. Faço a minha parte, apenas inspirada no que leio ou nos documentários que assisto. Mas creio que deveriam de existir consequências mais severas quando se descobre que os incêndios são provocados intencionalmente. É que como está, não funciona. Os criminosos não temem as consequências brandas... e as vidas de pessoas, animais e floresta continuarão a ser afectadas.
Fala-se muito das limpezas dos terrenos. Anualmente eu limpo os meus. Acham que por isso não arde? Nada escapa. Concordo que em redor das casas e junto a todas as estradas deve de haver um perímetro de segurança limpo. Contudo, disseram-me (volto a frisar, não sou especialista, trascrevo as palavras de outrem), que a vegetação no interior da floresta é importante para reter a humidade dos solos. Caso contrário, os mesmos vão ficando mais secos e até mais susceptíveis aos incêndios. Há igualmente árvores mais fáceis de arder e outras mais resistentes. Então porque não fazer uma gestão da floresta de acordo com o que a ciência nos diz?
O rei D. Fernando II plantou uma floresta de raiz, na Serra de Sintra. Monges plantaram a floresta do Buçaco. Há vegetação por todo o lado e árvores gigantescas, que trouxeram humidade às terras e até alterações no clima, tendo o mesmo ficado mais fresco e húmido. Assim... porque não haver planos de reflorestação grandiosos como antigamente?
Devo dizer que sinto uma enorme frustração, porque tento levar uma vida mais sustentável (e continuarei a fazê-lo) e depois vejo situações destas. Sinto uma enorme tristeza porque vejo o sofrimento das pessoas, que ficam muitas vezes deixadas à sua própria sorte... na hora e depois.
Enfim, temos muito a evoluir neste país... De louvar o trabalho dos bombeiros, que quase sem descanso, por vezes mal alimentados, e sem receber um valor justo pelo seu esforço, arriscam a vida para salvar a floresta e as pessoas. Um obrigada gigante!!!
E é isto. Um desabafo. Mas volto a perguntar: até quando?
Foto: Mafalda S.
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