terça-feira, 25 de março de 2014

As férias em fotografia: Hungria - Budapeste


Tenho saudades de escrever sobre viagens... Escrever faz-me reviver esses dias felizes. Hoje vou falar de mais uma das paragens na minha road trip pela Europa: trata-se da Hungria, mais propriamente, Budapeste. Posso dizer que este foi sem dúvida um dos meus locais preferidos em toda a Europa (já falei aqui do País Basco em Espanha, de Paris na França e de Estugarda e arredores na Alemanha).

Bom, mas vamos falar da Hungria, ou de Magyarország (nome que os húngaros, ou povo Magyar, chamam ao seu país).

A primeira imagem com que fiquei parecia a de um conto de fadas. Vimos imensas casinhas espalhadas entre um arvoredo deslumbrante. Isto por uns bons quilómetros.

Adiante, a entrada de Budapeste pareceu-me estranhamente familiar. Parece igualzinha à entrada de Faro - para quem vem de Albufeira. Se não fossem aqueles placares publicitários com uma língua estranhíssima, diria que estava no meu país. 


Chegámos assim a Budapeste. Final de Julho e uma temperatura de trinta e poucos graus. O rio Danúbio estava absolutamente deslumbrante. Na foto, está um dos barcos que se enche de turistas para passear naquelas águas, enquanto se vislumbra a romântica Budapeste.


Uma coisa que não esperava: ver tanta gente a andar de bicicleta e a praticar desporto. Aqui podem-se avistar pessoas ao fundo, neste tipo de passeios. Neste parque (uma das muitas áreas verdes da cidade), há de algo interessante. Reparaste que há bancos de jardim individuais? Agora um vislumbre daquela língua estranhíssima. Espreita só na escultura... incompreensível.

É algo que me admira na Hungria. Um povo que sofreu tanta invasão, conseguiu manter a sua língua praticamente inalterada, ao longo de séculos. Mesmo assim consegui aprender umas palavras:
Igen - Sim
Nem - Não
Híd - Ponte (é normal ter aprendido esta palavra, afinal só esta cidade tem 10 pontes!!!)
Duna (pronuncia-se «dunó») - Danúbio (agora percebo porque é que a principal televisão húngara se chama Duna TV)
Köszönöm (pronuncia-se «quesseném») - Obrigado
Szeretlek - Amo-te

Em suma, esta língua é terrivelmente difícil. Mas o interessante é que estive com uma professora de inglês, que me dizia não perceber absolutamente nada quando eu falava em português. Disse-me que o som na nossa língua era muito engraçado... que lhe lhe lembrava algo como o croata... "Croata??!!" - admirei-me, é que não tem mesmo nada a ver.


Mas voltando a Budapeste, aqui está mais uma foto de uma rapariga a andar de bicicleta (há uma ciclovia com duas vias - sinalética incluída - ao lado da estrada principal para veículos automóveis). O melhor de andar por aqui, é que se pode fazer desporto enquanto se observa o Danúbio e os muitos edifícios históricos. Mas mesmo nas aldeias mais pequenas há ciclovias (para ser franca, a ideia com que fiquei, é que pura e simplesmente aproveitaram os passeios das aldeias e colocaram lá um sinal de ciclovia... assim os caminhantes dividem os espaço com os ciclistas).


Aqui está a entrada dos Banhos Széchenyi. Estes banhos termais localizam-se num sumptuoso palácio de 1909, em estilo rococó. Possui piscinas de água quente, interiores e exterior, sauna e spa. O mais giro é que há pessoas a tomar banho, enquanto jogam xadrez. Há noite, este espaço transforma-se numa espécie de discoteca e as pessoas dançam mesmo dentro das piscinas.


Posso dizer que Budapeste me fez sentir - pela primeira (e única) vez em toda a viagem - que tinha poder de compra. Sinceramente, esta cidade lindíssima tem preços muito acessíveis. E foi por isso que pela primeira vez resolvi reservar quarto num hotel 5 estrelas. A experiência realmente vale a pena!

Budapeste é a única capital do mundo com águas termais... cerca de 125 nascentes, que ainda por cima são quentinhas e têm efeitos medicinais. Devido às suas águas abundantes, os celtas chamaram a budapeste Ak-Ink, que os romanos transformaram em Aquincum.

E não é que as piscinas do hotel eram justamente de águas termais? Bem, foram as melhores piscinas em que já estive... Uma estava a 20 e tal graus, mas todas as outras estavam a 30 e tal... uma delas a 38.ºC. Tinha ainda o Spa Afrodite, uma sauna e uma daquelas piscinas com peixinhos (daqueles que costumam ser usados no tratamento da psoríase). Conclusão: fiquei com a sensação de que estávamos numas termas.

Budapeste é na realidade a reunião entre três lugares antigos: Óbuda (= velha Buda), Buda e Peste. Os romanos deixaram por ali muitos vestígios, cujas ruínas têm sido escavadas desde o século XIX. Nós ficámos justamente próximos destas ruínas, e o curioso é que à entrada do hotel existe mesmo o que parece ser parte de uma parede romana, com inscrições em latim sobre o imperador César. 

Mas falando do hotel... foi a primeira vez que andei de carro dentro de um elevador (coisa estranha!). Chegámos ao estacionamento e por breves momentos ficámos impressionados com os automóveis caríssimos de matrícula russa... Depois fomos interrompidos por um funcionário que trazia um carrinho para levar as nossas bagagens. Já no quarto... bem, nunca tinha sentido uns lençóis tão macios (tenho de comprar uns cá para casa). Finalmente tínhamos televisão portuguesa (até a Euronews tinha uma tecla de selecção e podíamos ouvi-la em português). Não sei, mas quando ficamos muito tempo fora, sabe bem ouvir a nossa língua... O hotel tinha ainda as habituais lojas de souvenirs. Comprei alguns (os meus objectos de decoração preferidos são mesmo recordações de viagens) e também, como já é hábito, um livro sobre o local.

As manhãs no hotel começavam ao som de música calma. A Letícia deliciava-se com o que encontra-se mais parecido com o pequeno-almoço português (por exemplo leite com chocapic). Mas nós tentávamos experimentar o que fosse novo para nós. Ali é hábito fritarem-se alguns legumes às rodelas (courgette por exemplo - e não é que fica delicioso?). Têm também uns patés de legumes (como paté de beringela - maravilhoso!). Usam-se os típicos ovos, enchidos, queijos e bolos deliciosos. 

E agora apresento uma refeição principal: o nosso jantar...


Não, não experimentámos a tradicional sopa Goulash, pois tínhamos comido na outra vez que estivemos na Hungria. Ficámo-nos pela sopa da foto, que era absolutamente deliciosa... Uma espécie de sopa de caranguejo, com ovas de caranguejo e caviar. O prato foi o melhor esparguete carbonara de sempre (nada típico húngaro... mas incrivelmente bom). 


Bem, definitivamente na Hungria não passo fome. É tudo delicioso. A sobremesa não se ficou atrás. Provei um «cheesecake cremoso de morango com gelado de baunilha». Meu Deus, onde arranjaram uma sobremesa tão maravilhosa?

Depois disto, passeámos pela cidade.


É incrível a quantidade de edifícios históricos, tendo em conta que 70% destes foram danificados na 2.ª Guerra Mundial. Na imagem também um típico eléctrico húngaro. São baratos e eficientes. 


Aqui uma imagem de final de tarde do lindíssimo parlamento húngaro. Trata-se de um dos maiores edifícios do mundo do género, e está muito bem conservado (se reparares, estavam a decorrer obras de manutenção). O edifício levou 19 anos a ser construído (com cerca de 700 salas, não admira) e dizem que é adornado por meio milhão de pedras preciosas e 40 quilos de ouro. Jesus!


Agora o vislumbre daquele que foi considerado o café mais bonito do mundo: o New York Café. Inaugurado em 1894, era o local predilecto dos intelectuais e famosos de Budapeste. Hoje é também restaurante. Apenas observei do exterior (há noite fica todo iluminado), mas sei que o interior é absolutamente lindíssimo. Acho que vale a pena espreitares o site do café, só para teres uma ideia...


Esta é a principal estação ferroviária de Budapeste, a Budapest Keleti (em português: a Estação Oriental de Caminhos de Ferro), construída em 1884. Daqui seguem comboios para as principais cidades europeias: Viena, Munique, Sófia, Zurique...


Este é um detalhe da Praça dos Heróis. A sua construção teve início quando o país celebrou 1.000 anos de existência (em 1896) e só terminou em 1929. Este monumento foi construído em homenagem aos homens que contribuíram de alguma forma para a construção do país. Na estátua, ao centro (na foto, encontra-se à esquerda) está o anjo Gabriel. No resto do conjunto escultórico encontram-se uma série de estátuas de líderes húngaros.


Esta foto já é de 2006, data da minha primeira viagem a Budapeste. Na altura comemoravam-se os 400 anos do nascimento de Rembrandt, que tem obras expostas neste local. Trata-se do Szépművészeti Múzeum (Museu de Belas Artes de Budapeste) e é um local que merece uma visita. A colecção do museu é composta por 6 secções de arte internacional: arte egípcia, arte antiga (com artefactos gregos e romanos), escultura antiga, pinturas antigas, colecção moderna e colecção gráfica. Inclui obras de nomes sonantes como Rafael, Leonardo da Vinci, Goya, Monet, Rodin, Renoir, etc. O museu dedica ainda uma secção a Victor Vasarely, um artista húngaro que doou uma grande quantidade de obras ao museu.


Esta foto é igualmente antiga. Eu estava em cima de uma das pontes de Budapeste e, se reparares deste lado avistavam-se outras duas pontes. Mas se olhássemos para o lado oposto, certamente veríamos mais pontes. Só posso dizer que à noite, quando todas as pontes e monumentos estão iluminados temos uma vista de cortar a respiração, é mesmo emocionante de tão bonito. Pena este ano não ter tirado uma foto há noite.

Bem, mas regressemos às fotos actuais.


Sinceramente, esta imagem não te lembra Lisboa? Acho os eléctricos húngaros, mais antigos, super-parecidos com os nossos. Aqui vê-se ainda uma estrada principal, com uma ciclovia e um passeio pedestre à direita. Os húngaros não se podem queixar... não faltam vias para as pessoas se deslocarem.


Este arvoredo lindíssimo faz parte do Elvis Presley Park. Achei estranho, a escolha do nome. Só depois me disseram que este parque foi criado para homenagear o cantor, que durante a Revolução Húngara de 1956 (uma revolta contras as políticas impostas pelo governo Húngaro e da União Soviética), apoiou a causa húngara. No programa "The Ed Sullivan Show" dedicou-lhes a música "Peace in the Valley" e apelou às pessoas para que fizessem doações para serem enviadas para a Hungria.

Para além desta homenagem, Elvis também foi declarado cidadão honorário póstumo de Budapeste.

Estava explicada a escolha do nome.


Com crianças é sempre complicado experimentar comida muito diferente, pelo que também visitámos esta pizzaria. Estava decorada com imagens de pessoas de diferentes países. Tinha ainda uma vitrine com bebidas de todo o mundo (nadinha português). Mas gostei mesmo foi daquela pequena escultura, que decorava a parede vermelha (gostava de ter algo parecido cá em casa).


E este foi o nosso almoço... escolhido pela Letícia. Uma pizza com os seus ingredientes preferidos: queijo, cogumelos, milho e molho de tomate. Para sobremesa, uns deliciosos crepes com molho de morango. Acredita, foram os melhores crepes da viagem.


E deixámos Budapeste, com esta imagem na mente. O Sol nascia. À esquerda a «ponte das correntes» (a primeira a ser construída em Budapeste), seguida da «ponte Erzébet». Do lado direito o Palácio Real. E ao fundo, bem no topo da Colina de Géllert, está o monumento da libertação (uma estátua que se vê muito ao longe nesta foto), uma homenagem feita em 1947 aos soldados soviéticos que libertaram a cidade do domínio Nazista.

Uma cidade que, sem dúvida, me marcou...


Apesar de ter adorado a Hungria, vim com a sensação de que o resto do país não é propriamente desenvolvido. As pessoas sentem-se infelizes com as desigualdades sociais e com os seus baixos rendimentos. Fora dos grandes centros, há muitos espaços degradados. As estradas estão esburacadas e os transportes pareceram-me muito antiquados. Mesmo assim, apaixonei-me por este país.

Nas fotos que aqui coloco, as casas de aldeia estão em boas condições, mas nem todas são assim. Contudo, mesmo que as casas estejam um pouco degradadas, normalmente os espaços exteriores, estão muito bonitos. Nesta aldeia, aqueles arbustos estavam dispostos praticamente ao longo de todos os passeios. Mesmo os quintais das pessoas estão muito bem tratados (sinceramente, bem mais organizados que os nossos).


Mais um lugar encantador. Tinham estes vasos artesanais espalhados por toda a aldeia.

E depois haviam os habitantes, novamente nas suas bicicletas. Tenho pena de na zona onde vivo não ter condições para o fazer, porque se tivesse, utilizaria muito mais este meio de transporte.


E a última imagem da Hungria. Um campo de girassóis. Tinha de ser, tal é a quantidade de campos com esta flor.

Sinto que vou ter saudades desta terra. Enquanto isso, petisco algumas sementes de girassol. Este sal todo não deve ser saudável. Mas sabe tão bem...

Fotos: Mafalda S. 

1 comentário:

  1. Um post maravilhoso, Mafalda!
    Vou guardá-lo enquanto não chega a altura de visitar esse belo país!
    Inspirador!
    Beijinhos

    ResponderEliminar