terça-feira, 15 de outubro de 2013

O que lidar com a morte me tem ensinado

Na semana passada foi a Sr.ª E. Parecia ainda tão saudável, acordou tão bem disposta. Mas tinha um aneurisma e ninguém sabia. Desmaiou e assim se foi. Ninguém o esperava.
 
Mas nem sempre é assim, já tive de lidar com doenças prolongadas, ou com o desgaste normal dos  órgãos, que sucede com a idade.
 
Trabalhar numa Instituição para idosos, infelizmente obriga-me a lidar com a morte com alguma frequência. Há quem pense que não custa por as pessoas já terem muita idade. Pura treta! Estamos habituados a conviver com elas diariamente, algumas durante anos. É como se fossem uma segunda família. Claro que custa e não é pouco!
 
Ultimamente tenho também lidado com a morte de pessoas com idades próximas da minha, o que me tem chocado ainda mais. Há cerca de 2 semanas faleceu a irmã de um amigo, num acidente de paraquedas. Dois meses antes uma rapariga também de 32 anos, mãe de 3 crianças, com um AVC. E os casos de AVC, cancro e até suicídio têm-se sucedido.
 
É impressionante a frequência com que tenho de lidar com isto e a fragilidade da própria vida...
 
Mas ao longo dos anos tenho retirado algumas lições, que gostava de partilhar convosco:
- devemos tentar ser felizes e fazer felizes quem está à nossa volta... a partir de hoje. A verdade é que se esperamos a felicidade num futuro longínquo, esta pode nunca chegar. Devemos ser felizes «agora», durante a caminhada que fazemos todos os dias;
- não devemos adiar os nossos sonhos, porque nunca se sabe... Devemos começar hoje mesmo a realizar tarefas, para concretizar os nossos objectivos de vida;
- é importante, quando fazemos escolhas, meditarmos no que é melhor para nós. Não devemos viver em função das escolhas dos outros;
- é igualmente importante descobrirmos e vivermos em função do nosso propósito de vida, algo que dê sentido à nossa existência e que nos permita deixar um legado neste mundo;
- devemos levar uma vida saudável (o que inclui alimentação, exercício físico e prevenção de stress), de modo a prevenir alguns problemas de saúde e a ter uma vida mais longa;
- devemos igualmente equilibrar o trabalho, com a vida familiar, a vida social e os nossos hobbies. Por exemplo um dos arrependimentos de pessoas em fase terminal de vida é o facto de terem trabalhado demais, colocando o trabalho à frente da sua relação com os filhos e o companheiro(a). Acabaram por não conseguir acompanhar o crescimento dos filhos e por apagar a chama do amor com o(a) esposo(a). A solução reside mesmo em equilibrar as diversas áreas da vida;
- é importante dizermos às pessoas que amamos, o que sentimos. Há pessoas (não é o meu caso) que pressupõem que o filho, o marido, a mãe... já sabem que são amadas e por isso não vale a pena dizê-lo. Não é verdade, por vezes as pessoas duvidam mesmo do nosso amor e ficam bem felizes por saberem que são amadas;
- devemos fortalecer as nossas relações com a família e com os amigos verdadeiros. Somos mais felizes com redes sociais fortes, que nos façam felizes nos melhores momentos e que nos deem apoio nos piores;
- devemos perdoar, pois os ressentimentos corroem-nos por dentro, magoando-nos mais a nós, do que provavelmente há pessoa que nos fez mal;
- devemos levar um vida mais descontraída, mais positiva, menos concentrada nos problemas e mais nos nossos objectivos. Como disse Nadine Stair, se pudesse viver outra vez "Se calhar, tinha mais problemas reais, mas menos problemas imaginários";
- ter fé de que há mais do que a vida terrena, de que há um Ser Superior a olhar por nós é muito importante para lidar com a morte. A espiritualidade pode não só fazer-nos mais felizes no presente, mas também ajudar-nos a não temer o futuro;
- devemos concentrarmo-nos nos pequenos prazeres da vida, para sermos felizes no dia-a-dia e não pensarmos muito na morte. É importante lidar com o pior, mas melhor ainda, é sabermos lidar com a vida fantástica que podemos ter pela frente!
 

2 comentários:

  1. Mafalda ,palavras sabias e certas
    bj mta força
    Lulu

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  2. Olá,
    Estas palavras são muito verdadeiras, principalmente as que dizem respeito à importância de desfrutar a vida. Quanto ao lidar com a morte, a questão torna-se mais difícil de ser trabalhada. É uma luta diária que tem de ser feita. Lido com isso desde que o meu Irmão e o meu Pai morreram.
    O luto é um processo muitíssimo complexo e com muitas manifestações de cariz saudável ou patológico nem sempre fáceis de digerir.
    bjs
    elsa

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