terça-feira, 9 de julho de 2013

O que a crise me tem ensinado

As pessoas mais felizes tendem a retirar uma lição dos acontecimentos negativos.
 
Num momento de introspeção, pus-me justamente a pensar no que esta crise financeira me ensinou.
 
- Com tantos livros sobre finanças pessoais publicados nos últimos anos, acabei por implementar uma série de medidas de poupança (a ideia de poupar um dinheirinho no início do mês, a passagem para eletrodomésticos que poupam mais água e electricidade, o controle de gastos através de um orçamento familiar, etc.); 
 
- Reduzi significativamente a dívida da casa (faltam-me pagar 7 anos ao banco, de uns iniciais 45). Isto porque os mesmos livros de finanças pessoais me incentivaram a renegociar a dívida e, sobretudo, a perceber como os créditos funcionam verdadeiramente;
 
- Repensei as minhas prioridades. Hoje dou muito mais valor a actividades aparentemente simples como um piquenique em família, do que a adquirir mais e mais objectos;
 
- O facto de ser menos consumista e até de me ter livrado de uma data de objectos, permitiu-me ter mais tempo para mim mesma, para actividades que me fazem feliz;
 
- Sinto que tenho uma atitude mais sustentável perante o planeta.  Hoje em dia se tiver de optar por um produto com embalagem amiga do ambiente, ou por um outro mais convencional, a opção recai sempre sobre o mais ecológico;
 
- Sinto-me mais solidária. Envolvi-me num maior número de causas sociais, o que incluiu ajudar quem está mais perto de mim e que sei que está em dificuldade;
 
- Sinto que é uma oportunidade preciosa para ensinar os mais novos a gerirem o seu dinheiro e a lidarem com a frustração (quando não lhes damos tudo o que pedem);
 
- Sinto que é uma oportunidade para melhorarmos um país ainda pouco voltado para a felicidade. As pessoas estão mais atentas, têm consciência de que parte desta crise advém da corrupção e do consumismo desmesurado fomentado por grandes companhias. Noto que têm passado, cada vez mais, das lamentações para uma atitude mais activa em prol dos seus direitos.
 
- Por último, creio que valorizo muito mais aquilo que tenho (por ex. o facto de ter uma casa, um emprego, uma família linda, etc.). Tomamos tanta coisa por garantida... É bom saber que, apesar de tudo, ainda tenho muito de bom.
 
Claro que a crise já nos poderia dar umas tréguas, mas a única forma de lhe sobrevivermos é mesmo aprendendo com a mesma e agindo para melhorar... melhorar a nossa vida e a própria sociedade.
 
E pronto, foi este o meu momento de introspecção.
 
Se quiserem saber algumas dicas para sobreviver à crise financeira, consultem estes posts:
- post 1;
- post 2;
- post 3.
 
E vocês? O que têm aprendido com esta crise?
 
Foto: Sky Catptain Two

14 comentários:

  1. Sinceramente acho que sempre vivi "em crise" não me lembro de ter tudo o que queria, de ir de férias com os meus pais sem ser para uma casa alugada e a fazer as refeições todas em casa, nunca tive roupas de marca, nunca vivi à "grande e à francesa"como se costuma dizer :)mas sempre fui uma pessoa de dar valor ao que tenho e encontrar felicidade nas pequenas coisas :)

    Assim sendo, com a idade estou só a refinar essa forma de estar na vida que foi a que aprendi com os meus pais.Não preciso de mais do que tenho, graças a Deus :)

    bjs

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  2. Mafalda: fiquei parva com esta parte "Reduzi significativamente a dívida da casa (faltam-me pagar 7 anos ao banco, de uns iniciais 45)." Explica-me como fizeste isto pk eu seria a pessoa mais feliz do mundo só com esta parte! :O

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    1. O que fiz está explicado neste post:
      http://manualdafelicidade.blogspot.pt/2011/01/renegociar-o-credito-bancario.html

      Beijinhos

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    2. Obrigada pelas dicas! quanto ao spread já não posso fazer nada pois é mesmo baixinho baixinho baixinho...já nem se vé spreads assim...agora vou tentar a segunda parte! ;)

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  3. Mafalda querida, este post me caiu como uma luva!! Pois estou vivenciando um momento de crise financeira (mais uma vez), e tenho refletido nos últimos dias. O que a vida quer me ensinar? Que lição posso tirar desta situação? Pois, encontrei nas tuas palavras, algumas respostas que estão bem de acordo com as minhas dúvidas! Sinto-me extremamente feliz pela oportunidade de passar por aqui hoje, e absorver estas lições, que serão anotadas com todo o carinho!! Muito grata!!

    Tenha um feliz dia!!♥

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  4. Ola Mafalda eu concordo com a ce (primeiro comentario) tambem fui educada pelos vistos em "crise" acho que os meus pais viveram toda a vida em crise lol
    agora vejo que aprendi muito com eles.
    Nunca fui consumista e agora que vim para o pais do consumismo puro e cru ainda me tornei mais despegada dos bens materias, mete-me confusao o modo consumista que se vive aqui e' mesmo o de usar e deitar fora nao pensar no ambiente. ainda nao atingi o nivel de simplicidade de quero mas trabalhamos para isso
    bjinho
    bjinhos

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  5. Inspirador... e faço das tuas palavras, minhas: "Repensei as minhas prioridades. Hoje dou muito mais valor a actividades aparentemente simples como um piquenique em família, do que a adquirir mais e mais objectos;"

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  6. Excelentes reflexões, com as quais me identifico. Comecei hoje a ler um livro muito interessante (escrito nos anos 70, mas numa nova edição actualizada) chamado "Your money or your Life", que fala precisamente de todas estas coisas e também dos conflitos entre os nossos valores pessoais e o nosso modo de vida e forma como gastamos o nosso dinheiro.

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  7. Olá. Gostei do post. Tinha pedido que me enviasse um ficheiro em excel sobre as despesas mensais, enviei-lhe via mensagem do FB o meu mail mas não recebi ainda Como deve estar muito ocupada volto a pedir-lhe. Mais uma vez muito obrigada

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  8. Mente brilhante, a tua, Mafalda !
    E assim, se vive FELIZ.

    MUITOS PARABÉNS PELAS LIÇÕES QUE AQUI DEIXASTE. Muito úteis para muitos dos teus leitores.

    Um beijo com admiração por ti.

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  9. Mafalda, o brasil não está vivendo uma crise como a portuguesa, mas eu já vivi um período de crise. Eu era criança e até os meus 10 anos o Brasil viveu anos de hiperinflação em que os preços dos produtos eram diferentes no início e no fim do dia e o salário valia menos no fim do mês. Houve racionamento de leite e por anos comemos pouca carne. No dia em que o meu pai recebia o pagamento eu ia com minha mãe ao supermercado e comprávamos muitos alimentos para estocar, pois no dia seguinte poderiam custar muitos mais e, ao longo de um mês, algumas vezes ficavam muito mais caros, chegam a dobrar de preço. O salário derretia como sorvete no sol e vários amigos do meu pai se suicidaram naquela época. Nesse período nós aprendemos a plantar para comer e todas as pessoas em nossa vizinhança tinham hortas. Aprendemos também que uma lata de salsichas que se come em família em meio a boa conversa e risadas é muito melhor do que comida finas e caras que comíamos cheios de culpa pois isso nos impediria de ter um resto de mês tranquilo. E eu aprendi que Papai-Noel era um cara que também vivia a hiperinflação e que por isso precisávamos doar brinquedos e roupas que já não usávamos para famílias pobres pois estas somente podiam pagar os alimentos básicos e, às vezes, nem isso. Aprendi a ficar horas na fila do leite e descobri que era divertido ficar lá quando levávamos revistas de palavras cruzadas ou íamos em grupo com outras crianças e mães da vizinhança. Aprendemos a economizar e a pagar tudo que pudéssemos à vista. Aprendemos a comemorar aniversários fazendo piqueniques em vez de comprar bolos e doces caros. Aprendemos que a felicidade é mais uma atitude e uma escolha do que algo a que temos direito de esperar que a vida nos dê.

    beijos!

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  10. É incrível! Parece que todos concordamos que os tempos de crise não trazem novidade em tudo. Também não cresci com tudo o que queria. Algumas vezes porque não podia ser, outras porque os meus pais decidiam assim. Hoje vejo isso num reflexo positivo na minha vida. Apesar de ter os meus sonhos aprendi a ajustá-los à mim e ao que eu sou capaz de conseguir... caso contrário iria viver em frustração a vida toda e não realizava sonho nenhum. Confesso no entanto que existe um ponto que não consegui ultrapassar: a questão do trabalho. Apanhei desde cedo todas as mudanças que iam conduzindo à crise no país e isso mostrou-me que no trabalho é preciso ser-se muito bom (coisa a que estava habituada enquanto estudante... fartava-me de estudar e por isso tirava boas notas, etc) mas também é necessário um pouco de sorte. Sou jovem, eu sei! Bla bla bla... Mas ainda hoje, passados 7 anos de trabalho não me consigo identificar com o que faço, em nada, absolutamente nada. E, quem diria, até "trabalho" na minha área de formação! Mas não me diz nada... é uma tortura todos os dias. Talvez me possam dizer que há muita gente assim, que eu devia era estar contente por ter um trabalho. Mas toda a gente busca a felicidade, não?! Em suma, para não me alongar: ainda procuro o trabalho que me vai fazer feliz. Há quem diga que temos de procurar a felicidade no trabalho que temos, mas será que não podemos criar o nosso? Não veio esta crise ensinar-nos isso? Mas será esta crise propícia a isto? Ou este será o momento de ficar recatada à espera de "atacar" num momento mais favorável?
    Mafalda, começo a precisar de algumas dicas de finanças familiares. Há algum livro de entre os que consultas que possas recomendar?

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  11. Post brilhante e inspirador! :)
    Também fui educado em tempos de crise e desde cedo aprendi a dar valor ao que tenho!

    Bjs

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  12. Olá Mafalda,
    Podes dizer-me quais foram os livros de finanças pessoais que lês-te e que te ajudaram a compreender melhor os créditos e como funcionam? Estou determinada a seguir os teus passos e a livrar-me do crédito mais rápido possível mas sou muito leiga no que diz respeito a este assunto, porque depois existe uma enorme variedade de taxas associadas a nomes que muito poucos sabem o que significam, spreads, euribor e afins que se não estiver bem consciente do que se trata não irei conseguir chegar ao meu objectivo. Acho que antes de avançarmos para um objectivo como este, devemos estudar bem o nosso caso em particular e estar o melhor possível informadas sobre o que estamos a pretender fazer.

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