terça-feira, 25 de setembro de 2012

Critique o comportamento, não a criança

Das coisas mais horríveis que ouvi um pai dizer a um filho foi: "Nunca devias ter nascido". Até a mim me doeu. Nem imagino o que aquela criança deve ter sentido.

Mas a verdade é que, mesmo não utilizando comentários tão graves, podemos estar a programar negativamente os nossos filhos. Isto através de frases mais subtis que utilizamos no dia-a-dia.

A utilização de expressões como "És tão preguiçoso!", "És um chatinho de primeira!", "És mesmo egoísta" e por aí adiante, para além de fazerem as crianças sentirem-se mal (especialmente quando ditas à frente de outras pessoas), poder-se-ão tornar em profecias auto-realizadas. Tanto se fala que a criança é preguiçosa, que ela passa a ter essa imagem de si mesma e, muitas vezes, age em conformidade.

O que não deve fazer?
a) Humilhar a criança, especialmente à frente de outras pessoas;
b) Fazer comparações negativas face a outras pessoas.
Ex.: "Se fosse a tua irmã, não teria feito isto".
c) Utilizar alcunhas negativas, mesmo que seja na brincadeira.
Ex.: "Ó gorducha, podes vir lanchar?".
d) Elogiar características negativas do seu filho (que posteriormente se poderão transformar num problema).
Ex.: "Não há hipótese com o meu filho. Deitou o outro miúdo ao chão num instante. Também, é bem mais forte que o outro!".
e) Usar a culpa, para controlar o seu filho.
Ex.: "Farto-me de trabalhar por tua causa, estou sempre exausto para te poder comprar coisas e pôr comida na mesa. E é assim que me retribuis?"

Que fazer então?
Tem de parar de programar o seu filho para ser um adulto infeliz, pois comentários destes são como machadadas na auto-estima. 

Deve antes programar o seu filho para ser alguém optimista, afectuoso, crente nas suas capacidades... feliz.

Como pode fazer isto?
a) Criticando o comportamento e não a criança.
Ex: Ao invés de dizer "És mesmo um burro a Matemática!" perante uma má nota, substituir por "Sei que tu és esforçado e tens sucesso noutras áreas. Se te esforçares também conseguirás nesta. E se precisares arranjaremos explicações extra".
b) Isso não significa que um mau comportamento não deva ser castigado. Enquanto pai deve definir regras, em que dado comportamento gera determinadas consequências. Deste modo, a criança começará a assumir a responsabilidade pelos seus erros.
c) Elogiando o seu filho, quando este merece (quando agiu correctamente, por possuir alguma característica positiva ou por ter alcançado algum sucesso). 
d) Dando o exemplo. Se diz que é feio deixar os sapatos desarrumados, coloque os seus próprios sapatos no sítio certo. Se diz que se devem respeitar as outras pessoas, então não chame nomes feios à(ao) sua(seu) companheira(o) à frente da criança (a bem dizer, nunca deve chamar nomes feios).
e) Dedicando uns minutos por dia, a si mesmo. Por vezes o stress do dia-a-dia fá-lo-á perder a paciência e dizer coisas que não quer. Será um(a) melhor pai/mãe, se cuidar de si mesmo(a).

Foto: Jeff Slinker

9 comentários:

  1. Olá Mafalda

    Muito útil este post.
    Grata por partilhares connosco.

    Muitas vezes estamos cansados e stressados e dizemos coisas que não queremos, é verdade sim!

    Lá está... cuidar de nós em primeiro lugar!
    Eu fico muito atenta à parte do exemplo, dar o exemplo a eles pois como podemos pedir para arrumar os sapatos se nós mesmos os deixamos fora do sitio?!

    Muito interessante o teu post
    Obrigado mais uma vez pois quem é mãe/pai sabe o quanto pequenas dicas, pequenos gestos são importantes.

    Beijinhos

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  2. Querida Mafalda,

    Como eu gostaria que a minha mamã tivesse lido este teu post para ai à uns 28 anos atrás :)
    Mas para mim o teu manual da Felicidade, já é um pouco de todos nós :)
    Obrigada por todo o teu trabalho e dedicação colocada no blog, considero um trabalho social muito importante.

    Beijinhos para ti e para a princesa <3

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  3. Boa tarde,
    Também gostei bastante deste artigo, realmente nós adultos dizemos coisas com consequências bastante negativas nos mais pequenos sem termos a mínima noção disso.
    Sou defensora do mimo, do colo, do elogio, do abraço, muitos beijinhos e vejo que a minha filha é feliz ao receber tudo isto. Sente-se amada.
    Espero continuar a ler artigos destes.

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  4. Grande verdade amiga!
    Precisamos ter muito discernimento para falar com uma criança...
    Com palavras podemos marca-la profundamente.
    Muito bom seu Post!
    Abraços! Uma linda tarde pra ti.

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  5. É isso mesmo Mafalda. Vou partilhar. Espero que não te importes, pois não faz mal relembrar sempre. Vejo isso todos os dias!
    beijinhos

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  6. Tal como tu, custa-me muito ouvir certas coisas dos pais. E lembro-me muitas vezes disso quando estou chateada com o Tiago, para não cair na mesma asneira.

    Muitas vezes as pessoas esquecem-se das marcas profundas que as palavras podem deixar nas crianças e isso é grave!

    Bjs

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  7. Adorei este post Mafalda.
    Muitos Parabéns por estas palavras:)
    Um Beijinho

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  8. Parabéns pelo post
    Já tinha conhecimento do seu conteúdo, mas nunca é demais voltar a ler

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