quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Da baixa taxa de natalidade em Portugal

Há dias ouvia nas notícias que Portugal tem a segunda taxa de natalidade mais baixa do mundo. Vou dar a minha opinião, que não passa disso, mas enquanto mãe sinto que o devo fazer.

1.º) Em Portugal, na maioria dos casos, os pais preocupam-se com o futuro que hão-de dar aos seus filhos. Não vejo muitas pessoas a ter filhos só por ter (faço uma excepção à gravidez na adolescência e a outros casos que, às vezes em situações de pobreza alarmantes têm filhos uns a seguir aos outros). As dificuldades económicas têm o seu peso na escolha de ter mais do que um filho. Infelizmente conheço casos de mulheres que abortaram, porque engravidaram acidentalmente (sim, nos dias que correm) e não tinham meios para criar mais um filho (sim, já eram mães, todas nos seus 30 e tal anos).

2.º) Há falta de condições para que uma mãe(ou pai) fique em casa a tomar conta do seu filho nos primeiros anos de vida. No estrangeiro, surpreendi-me por ver imensas mães a passear os seus filhos (até aos 2 anos, em média) num parque infantil, em pleno dia de semana, a meio da manhã. Cá isso seria quase impossível. A mulher deveria ter a liberdade de escolher entre trabalhar ou ficar em casa (com apoio estatal, como acontece em alguns países europeus, incluindo um que é mais pobre que o nosso).

3.º) Sendo funcionária do sistema privado, considero que sempre houve uma desigualdade nada pequena relativamente aos colegas do público (basta comparar uma tabela salarial pública com uma privada). Mas também não posso concordar com questões como a mobilidade geográfica. Por exemplo um professor responsabiliza-se pela educação escolar de muitas crianças, mas corre o risco de ser colocado a km's de distância da sua própria família. Quando terá tempo para ser pai ou mãe?

4.º) A polémica que houve relativamente ao Carnaval, para mim só existiu por os elementos da Troika estarem no nosso país. Mas, independentemente, disso, e independentemente de até nem apreciar muito esta época, achei incorrecto não darem tolerância de ponto aos funcionários públicos. Todas as celebrações que envolvem rituais nos quais as crianças participam, deveriam ser mantidas. Isto implicaria os feriados do Carnaval, o Dia de Todos os Santos, o Natal e o Ano Novo. Aliás, está comprovado que se uma pessoa tiver uma vida estável em casa, tem mais probabilidades de ser produtivo no trabalho.

5.º) Para as mães ou pais com filhos bebés, que queiram trabalhar, será que há assim tantas vagas em creches e a preços acessíveis?

6.º) Para quem vive no interior, apesar das Câmaras proporcionarem incentivos a quem tem filhos, será isso suficiente para fixar pessoas, quando os serviços e/ou empregos estão cada vez mais longe, localizados nos grandes centros?

7.º) Há necessidade de fomentar o desenvolvimento económico, a nossa indústria e agricultura. Há que apoiar as nossas empresas. Digo isto porque, imaginemos que existia realmente mais população em idade activa, disposta a contribuir para as pensões dos mais idosos. Agora pergunto: onde iriam trabalhar? Talvez tivessem de "emigrar" para outros países...

Honestamente, a natalidade é uma questão complexa, à qual deveríamos dar a devida atenção. Sou uma defensora da família e creio que tudo se deveria fazer para a apoiar. Se o nosso é um país sem dinheiro, sinceramente creio que se deve muito em parte a má gestão do passado. Deveria de haver uma responsabilização por parte de quem deixou o país neste estado. Acredito que se está a tentar melhorar, mas é necessário aprender com o passado e não cair nos mesmos erros.

Foi só uma opinião...

16 comentários:

  1. Há pessoas que se preocupam em ter um filho e dar-lhes boas roupas, colegios particulares, trocar o telemovel do filho todos os anos, pagar uma boa universidade oferecer um carro qd acabar os estudos... em vez de... ter mais filhos, mas comprar roupas mais acessiveis, optar pelo ensino publico e compensar as vitórias dos filhos com muito mimo e amor :)

    Acredito que esta nossa sociedade consumista tb não ajuda muito...

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    1. Concordo plenamente GaSPaS, há mais esse ponto a acrescentar (creio que não tanto no que respeita a colégios privados), o do consumismo. Como dizia uma estrangeira que teve o segundo filho em Portugal "onde comem 3, comem 4".

      Contudo, acredito que são vários os factores que contribuem para o que se passa, não nos podemos cingir a um único. Esta é uma situação complexa, onde penso que há que intervir.

      Nos outros países europeus também há consumismo, mas já há alguns anos que estamos na cauda da Europa em termos de Natalidade, enquanto que noutros se tem verificado alguma manutenção ou até subida.

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  2. concordo mafalda...o meu maior sonho é ser mãe e so não o realizo porque nao tenho condições financeiras para tal, e ja que o estado nao ajuda em nada tornase bem mais dificil mas como é logico nao vou desistir do meu sonho..nao vejo a hora de ter barriguinha..eh eh:)

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  3. Assunto polêmico e difícil de ser abordado pois tem muitas nuânces para interpretações diferentes. Por aqui vemos um alto índice de crianças abandonadas por pais que não tem o minimo de condições para se sustentar o que dirá sustentar um filho.Não sei de casos de mulheres que praticam o aborto por esse motivo, mas com certeza por aqui também devem existir várias.As condições de trabalho também influeciam na decisão de ter ou não mais filhos, pois o que tenho visto é que cada vez mais as mulheres estão adiando a maternidade e consequentemente sua idade ovulatória diminuiu e assim acabam tendo menos filhos. Mas no final de tudo, ter filhos é uma responsabilidade de peso e gosto das pessoas que pensam duas vezes antes de assumir essa responsabilidade.

    Bom restinho de semana para vc; por aqui a vida só vai engrenar mesmo na próxima semana, quando o assunto carnaval já estará superado.

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    1. Em Portugal essa situação também se verifica. Uma grande parte das mulheres adiam a maternidade até a sua carreira estar mais sólida. É mesmo um assunto polémico, concordo.

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  4. Eu assino em baixo.
    Sinceramente gostava muito de ter outro filho e o meu filho adorava ter um irmão. E não é impossível, mas a minha vida, e da minha família, iria mudar muito. Para começar seria logo despedida. Uma colega que teve, há pouco tempo, uma menina só não foi por estar efectiva, eu estou por trabalho temporário, por isso...
    É muito complicado, este assunto dava pano para mangas.

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  5. Teríamos muito que falar realmente sobre este assunto.
    Mas gostei das tuas opiniões Mafalda e concordo com elas.
    Achei interessante o que disse a Gaspas!

    Este é um tema que daria muitas horas de conversa.
    Eu também sou a favor da família! :)

    Bjs

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  6. Mafalda,
    É realmente uma questão muito complexa e que ocupa muito os meus pensamentos... Uma decisão que, para mim, não é tão evidente como para a maioria das mulheres e onde coloco todas as questões que falas em dois pratos da balança...

    Beijinhos

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  7. Concordo com a Gaspas, eu quero muito outro flho.Tenho uma amiga que perdeu os pais muito cedo e um dia em conversa ela disse-me que dá graças a Deus por ter o irmão pois no momento mais dificil que eve ( a morte dos pais),teve alguém que sabia e sentia o mesmo sofrimento do que ela.E não sei bem porquê lembro-me muitas vezes destas palavras!Tenho uma irmã que adoro ( não sei o que é ser filha única) e tenho a certeza que não quero que a minha princesa o saiba.Mais cedo ou mais tarde,novo (a) herdeiro virá a caminho.O resto? o resto resolve-se,quem cria um cria dois...

    Bj

    Ahh...é só a minha opinião ( não gosto de polémicas!) :P

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  8. Concordo com o que dizes, é uma pena mas é a verdade. Esta gente fala da baixa natalidade mas não vê os factores que estão em volta e que são muito importantes. Falei com uma colega de trabalho que está perto dos 40 e não têm filhos e ela disse que não queria ter porque não tem condições para criar um filho e porque vê o futuro muito negro acha que o filho não vai ter as mesmas oportunidades que ela teve. Pessoalmente não digo que não, e sei que uma pessoa nunca está preparada, mas acho que para o que tenho actualmente não chega para criar uma criança e seria uma irresponsabilidade minha.
    Também vi numa noticia que Portugal e Espanha no futuro serão países de velhos (exactamente o que estava escrito). Que os mais jovens vão emigrar porque não têm emprego e oportunidades para construir uma família no seu pais de origem.

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  9. Assino praticamente por baixo. Tenho 2 por opção e adoraria ter 3, e mesmo com todos os nosso problemas no campo da fertilidade, optamos por tomar medidas adicionais para que isso não aconteça.
    No Carnaval a creche dos meus filhos fechou e tive de tirar 1 dia de férias para cuidar deles, que nem eu no privado nem o pai no público, tivemos direito a "feriado". Não me chatea tirarem ou não, mas quando o façam que o façam para todos. Fazer para "troika" ver é que não.
    "Aliás, está comprovado que se uma pessoa tiver uma vida estável em casa, tem mais probabilidades de ser produtivo no trabalho" - ora aqui está uma enorme verdade. Só tenho pena que os patrões/governantes ainda não se tenham apercebido disso.
    Bjs

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  10. tenho um curso superior e estou desemprega,trabalha o marido, tenho 2 filhos que adoro, tenho casa própia e saúde, ás veses fico triste por estar desempregada, mas a esta familia ainda não faltou nada acho que sou sortuda estou sempre presente para os filhos e para o marido...

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  11. Olá Mafalda!

    Ai este tema é tão complicado e vasto, podemos passar horas a falar sobre isso.

    Bom..."eu penso" que nos dias que correm quando são distribuídas pílulas pelos centros de saúde, engravidar por acidente é no mínimo irresponsável, é brincar com a vida de alguém que não se pode defender.

    Portugal não está em nada preocupado com o problema da natalidade, estão a deixar para quando as coisas estiverem no limite, ou se calhar nem aí.

    De todas as classes trabalhadoras, acho incrível que não se fale NUNCA das variadíssimas mães que trabalham em centros comerciais, que não tem feriados, fins de semana e ainda fazem horários até a meia noite.

    Que vida familiar estas mulheres tem? Não tem! E digo por experiência própria.

    Enquanto trabalhei, feriados para mim eram um desespero, pois era sinal de que não teria creche aberta e sem pais ou sogros para ajudar, o que faria ao meu filho? Fiz as maiores ginásticas e hoje tenho a certeza de que foi Deus quem nos orientou nestes tempos. Não foi por acaso que a Daniela nasceu dez anos depois de ter tido o Diogo, eu sabia que quando ela nascesse seria impossível trabalhar,por que o que eu tinha de ordenado, não pagaria as despesas com infantário, ATL e ama.

    Não estou arrependida da escolha, experimentei os dois lados da questão e vejo bem a diferença entre trabalhar fora e trabalhar em casa e não há nada como cuidar da família de perto, é uma mudança total, não há aquele stress diário e agora tenho tempo para sentar e estar com meus filhos, ouvir com atenção o que eles tem a dizer e eles tem tanto para nos contar.

    Nem tudo é um mar de rosas, é preciso abrir mão do consumismo e focar no essencial, mas posso garantir que umas férias badaladas ou a roupa da moda, idas a manicure, nada disso é melhor do que a cumplicidade familiar que se vive quando uma mãe está em casa.

    Se eu pudesse teria mais um bebé, eu e meu marido vivemos intensamente a vida em família e mais um filho seria mais uma grande alegria, masssss...como viver com 3 filhos em Portugal? Com uma só carteira seria muito complicado, tenho familiares em vários países da Europa e sei que por lá as coisas são bem diferentes, há efectivamente muito mais apoios e inclusive estimulam as mulheres a estarem em casa a cuidar dos filhos.

    Estás a ver Mafalda, teríamos muito para conversar, vou ficando por aqui que já me "estiquei" na escrita :)

    Beijinho grande.

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    1. Fizeste a escolha acertada Patrícia. És uma inspiração para muitas mulheres. Essa deve ser uma opção a ponderar pela mãe ou pelo pai.

      Claro que, por oposição, uma mãe ou pai que desejem trabalhar, também devem ajustar a sua vida e fazê-lo. Ficar em casa contrariado, não ajuda em nada na educação dos filhos.

      Tocaste noutro ponto essencial, que é a questão dos horários de trabalho. Na minha opinião deveriam de haver horários mais flexíveis, de modo a permitir a presença parental na vida da criança (infelizmente há pais e filhos que quase não se vêem).

      Beijo

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    2. Este é um tema óptimo de conversa, hahaha...

      Obrigada Mafalda pelas palavras tão simpáticas, mas também és uma lutadora, trabalhar fora e em casa,mantendo plena saúde familiar não é brincadeira.

      Ainda dentro do assunto, há outro por menor que já verifiquei em várias pessoas que conheci enquanto trabalhei. Para muitos casais, os filhos são nada mais que mais um bem adquirido, é como ter um bom carro, uma casa, filhos...é mais um pertence a mostrar aos outros, digamos que é uma vaidade. Conheci muito de perto, dois casais que na verdade "despejam" os filhos em casa dos pais e fazem vida de casais sós, acho isso uma violência tremenda para a vida destas crianças.

      Criança não é brinquedo e filhos são uma responsabilidade para uma vida toda, é preciso ter capacidade para gerir filhos e o que as pessoas devem fazer é avaliar isso, por que nem todos os casais estão capacitados para trilhar este caminho e reconhecer isso não é vergonha, se a meta é o sucesso profissional, que seja. Vergonha é deixar que estas crianças transformem-se em jovens cheios de problemas, totalmente perdidos.

      Beijinho grande Mafalda.

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    3. Infelizmente isso acontece. Eu jamais conseguiria "despejar" a Letícia em casa do meu pai, para fazer vida só de casal. Ela vai connosco para todo o lado e somos felizes assim.

      Por outro lado, consegui alterar o meu horário de trabalho, de modo a ter mais tempo para ela (mas trabalhando o mesmo). Sempre que posso, as minhas escolhas são mesmo feitas em função da família.

      Beijo grande

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