Quando vi M. pela primeira vez, os seus olhos cravados de lágrimas e os gestos trémulos denunciavam o seu desespero. Chegou para uma entrevista de emprego, mas a sua falta de confiança era tão grande que trouxe outra pessoa para falar por ela.
A entrevista foi feita e, como seria de esperar, correu-lhe terrivelmente mal. Chorou todo o tempo e não demonstrou estar preparada para aquele emprego.
Quis saber mais sobre ela. Desempregada de longa duração, mal sabia ler e os seus quase cinquenta anos faziam com que ninguém a quisesse contratar. Culpou a sua sorte na vida (ou azar, digo eu) que lhe tirou a mãe bem cedo, culpou a família por não lhe ter permitido ir à escola, culpou quem lhe voltava as costas e culpou o mundo em que vivíamos, que era tão injusto com ela.
Na altura disse-lhe que nas condições em que ela se encontrava, ela não ia ser seleccionada. No entanto, pedi-lhe para desta vez ela deixar de se concentrar no passado doloroso e fazer algo por ela mesma, aqui e agora. Propus-lhe que fizesse uma formação e concluísse a escolaridade mínima. Se cumprisse esse objectivo, eu faria com que ela tivesse trabalho. Mas desta vez, tudo dependeria dela, a responsabilidade pelo seu sucesso ou não, estaria nas suas mãos.
Na altura, conseguiu-se arranjar o apoio necessário na comunidade para M. regressar à escola. Tal como prometido, passou a trabalhar na minha Instituição. Foi comovente ver-lhe um sorriso nos lábios e observá-la sentada, na sua pausa para o almoço, a fazer cópias ou exercícios de Matemática. Concluiu a escolaridade obrigatória e mesmo assim, continuava a estudar sempre que podia.
No local de trabalho, foi realizando tarefas com cada vez maior responsabilidade e hoje posso dizer que é uma das funcionárias mais exemplares na Instituição. Ela voltou a acreditar no seu valor e procura melhorar... mas desta vez, por si.
Hoje em dia, considero-a uma fonte de inspiração. Faz-me acreditar que se arregaçarmos mangas e lutarmos pelos nossos objectivos, há a possibilidade de os alcançar.
Foto: Google images - Autor não identificado.
Ela foi em frente, foi grande e tu bem maior por lhe dares a oportunidade que ela sozinha não conseguia alcançar.
ResponderEliminarSabes eu gostava de trabalhar numa instituição de pessoas com problemas e um dia eu pensei que secalhar ainda é cedo e eu posso pensar nisso! Vamos ver
Ás vezes o que é preciso é alguém que acredite em nós, nas nossas capacidades e não no curriculo.
ResponderEliminarEsse deposito de confiança transformo-a numa mulher diferente, ou melhor, mostrou a mulher que ela sempre foi.
Quantas vezes ao longo da vida nos esquecemos disso mesmo? De algo tão simples e básico como lutar por nós?
Parabéns por ter olhado além e lhe ter dado a oportunidade que ela necessitava.
Precisamos sempre de um empurrãozinho, faz-nos muito bem quando acreditam em nós! Bjs
ResponderEliminarMas que inspiração. parabéns às duas: à M. pela batalha ganha e a ti por acreditares nela e lhe dares uma oportunidade. Bj**
ResponderEliminarNão sei a quem dar os parabéns! Se a ela se a ti!
ResponderEliminarAcho que vou dar às duas!
Magnifico!
Inspirador este post.
Obrigada.
Um dia feliz
Haja sempre quem dê oportunidades como as que deu a essa Senhora!!
ResponderEliminarUma fonte de inspiração mesmo... e é sempre tão bom ter quem acredite em nós :)
ResponderEliminarÉ verdade, obrigada, às vezes precisamos de histórias assim para nos lembrarmos de que tudo é possível e temos que lutar para que as coisas aconteçam.
ResponderEliminarBjs
A M teve mérito, mas também sorte por alguem acreditar nela.
ResponderEliminarGostei muito desta inspiração. São de facto momentos como estes que nos motivam e nos puxam para cima. Obrigada por teres partilhado este episódio que teve um final feliz! Bjinhos
ResponderEliminarParabéns!! Vc fez a diferença quando deu a ela a oportunidade e ela quando a aproveitou!!! O mundo precisa de pessoas que façam diferença!!!
ResponderEliminarUm beijo
Terezah
Muito inspirador! Haja por esse mundo fora muita gente que acredite em si e nos outros, isso é que é preciso.
ResponderEliminarTu és uma querida.
ResponderEliminarObrigada por partilhares esta história e parabéns às duas. A ela pelo esforço e a ti pela bondade. Beijinhos
ResponderEliminar