quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Renegociar o crédito bancário

Uma das minhas resoluções para 2011 é fazer uma gestão eficaz do dinheiro (o que envolve créditos, poupança e investimentos).

Hoje quero-vos falar da renegociação do crédito bancário, pois apesar de o ter feito em anos anteriores, foi uma das melhores opções que tomei. Em virtude disso, não podia deixar de vos sugerir o mesmo.

Em 2005 fiz um crédito habitação a 45 anos (ainda hoje estou incrédula com este prazo!) e fiquei contente da vida por só pagar cerca de 250 € por mês. Mas, progressivamente, fui acordando para a realidade, pelo que fiz as seguintes renegociações:

Renegociação n.º 1 (baixar a taxa de Spread): De contrato na mão, visitei todos os bancos da cidade (que até nem são poucos) e pedi uma proposta para ter um spread (que é o lucro do banco) mais vantajoso. Em cada banco mostrava a proposta do banco anterior, pelo que me propunham sucessivamente spreads mais vantajosos. Por último dirigi-me ao banco onde tinha feito o crédito. Sucesso garantido, consegui ter um spread igual à proposta mais baixa que me tinham feito (e eles tiveram a sorte de não perder uma cliente) e minha prestação mensal teve uma boa redução.

Renegociação n.º2 (reduzir o tempo de amortização): Em finais de 2008, os meus extractos bancários mostravam um dura realidade - de tudo o que pagava mensalmente ao banco, só 37,00 € eram destinados à amortização de capital. Tudo o resto eram juros. E como estes se baseiam no capital em dívida, associado ao facto de estar a amortizar um valor baixíssimo, estava quase que exclusivamente a dar dinheirinho extra aos cofres do banco. Reduzi assim o tempo de amortização para 25 anos.

Renegociação n.º 3 (aproveitar a queda dos juros e reduzir o tempo de amortização): Os juros da taxa EURIBOR não paravam de descer, e a minha prestação mensal também. Tinha possibilidade de pagar mais, e foi isso que fiz. Reduzi a amortização para 15 anos. Assim amortizo muito mais capital. E quando a EURIBOR subir novamente, os juros já não incidem sobre uma dívida tão grande, pelo que pagarei bem menos ao banco.

Comparem agora, o que amortizei anualmente, após cada renegociação:
1.ª) Capital amortizado (2008): 440,00 €
2.ª) Capital amortizado (2009): 2.600,00 €
3.ª) Capital amortizado (2010): 6.000,00 €

Conclusão: Obviamente que os bancos têm todo o interesse em esticar os prazos dos créditos bancários, pois chegam a receber o dobro ou o triplo do que emprestaram. Mas se tiverem oportunidade (se receberem uma promoção no emprego, um dinheiro extra, se os juros tiverem em baixa, se puderem poupar em outra área da vossa vida, etc.), não deixem de tentar amortizar no mínimo de anos possível. É uma questão de escolhas (quando têm possibilidade de a fazer, é claro): ou escolhem entregar o vosso dinheiro ao banco, ou escolhem usufrui-lo vocês mesmos.

Foto: Google images – Autor não identificado

20 comentários:

  1. Texto muito real e útil aos súditos dos juros bancários. Vim te visitar pois enquanto me cadastrava como seguidora em um blog, o seu perfil apareceu na minha frente.Seu blog é legal!

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  2. Eu renegociei o meu o ano passado, e dá sempre jeito. Neste momento estando eu desempregada não posso diminuir o numero de anos do credito para pena minha... Mas isto vai melhorar :)

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  3. excelente abordagem! aproveito que nesse proximo findi estarei fora de area de cobertura, sem internet, em zona rural..programei uma surpresa para o proximo domingo dia 9 la no blog, nao deixe de passar por la! bjs Sandra
    http://projetandopessoas.blogspot.com//

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  4. Optimas dicas :)

    COnfesso que ver tantos anos tb me assusta...credo

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  5. Obrigada pelo carinho, viu?
    Beijinhos

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  6. 45 anos realmente é demais, mais de metade da vida a pagar uma casa!

    Beijinhos *

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  7. Ótimas dicas. Adorei!
    E muito obrigada pelo carinho no meu cantinho.
    beijo :*

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  8. Nós fizemos isso há cerca de 3 anos ainda na época da Euribor a niveis elevados em que a nossa prestação mensal da casa tinha aumentado cerca de 30% do valor inicialmente contratado com o banco (crédito a 40 anos).
    Concordo plenamente em tentar reduzir o valor da divida ao banco mas estamos a correr um risco muito grande quando se faz uma redução do tempo a pagar a divida.
    A situação ideal é exactamente pagar a divida directamente ao banco, mantendo o tempo.
    Porquê?
    Com a poupança mensal que se tem pode-se ir juntando dinheiro e todos os anos abater sempre uma parte da divida real.
    Assim a prestação da casa baixa, em caso de necessidade não se necessita de correr a outros créditos, em caso de a Euribor subir para niveis de antes de 2008 não se corre o perigo de ter uma subida repentina do crédito à habitação.
    Se ela subir 1% num crédito de 100 mil euros a 40 anos, a subida mensal será na ordem dos 25€.
    Mas essa mesma subida de 1% nos mesmos 100 miel euros num crédito de 30 anos, a subida já será de 50€.
    Pagando-se a divida mas mantendo-se o tempo, ganha-se 3 coisas:
    1º - Paga-se divida real, o que obriga a prestação mensal a baixar.
    2º - Baixando o valor em divida, os juros também descem.
    3º - Numa subida de juros com um prazo mais dilatado, a variação mensal da prestação é inferior do que num prazo mais curto.
    Cada caso é um caso e por mim se tivesse dinheiro pagava era logo o crédito todo :D

    A fórmula que nós usámos foi esta.
    1º - Negociámos o spread (já era baixo, mas ainda mais baixo ficou)
    2º - Começámos a pagar tudo o que havia à volta do crédito (porque na época só davam o dinheiro para a compra da casa se adquirissemos outros produtos do banco)
    3º - Começámos a pagar a divida mantendo a duração do contracto.
    4º - Todo o dinheiro poupado com a baixa da Euribor que se reflectia na prestação mensal, foi aplicado a pagar a divida do próprio crédito (minimo de 250€ para se efectuar uma amortização).

    Espero que seja ilucidativo do que se pode fazer para pagar menos aos bancos e ficarmos mais aliviados das despesa mensais.

    Beijinhos :)

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  9. Querida Paula, o ideal era mesmo ter o dinheirinho disponível para pagar a dívida, mas por enquanto não se pode considerar essa hipótese (pena minha).

    Pensei inicialmente nessa solução, em poupar mensalmente e depois acabar por amortizar. Mas com os juros das poupanças também em baixa, somado às comissões por amortização parcial; fizemos contas e não nos compensava.

    No caso de os juros aumentarem (que é o que se prevê que aconteça), tenho ainda margem de manobra para pagar até um certo ponto. No entanto, supondo que não conseguiria pagar, o banco está sempre disposto a renegociar a dívida para aumentar o prazo, pois
    essa é uma situação bem vantajosa para a Instituição (recebe mais dinheiro da nossa parte).

    Supondo que o mínimo de amortização é de 250 € + comissão, no meu caso acabei por pagar bem mais que isso, sem comissão adicional.

    Mas cada caso é um caso. No meu caso pessoal ando igualmente sempre de olho nas contas poupanças para ver a que mais compensa.

    Beijinhos

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  10. Gostei!
    Uma boa dica,com o extra de ter sido bem explicada!

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  11. Excelente texto!!
    Uma super feliz semana!
    Beijos e grata pelo carinho em meu blog.

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  12. Pode parecer burrice, mas não tinha bem consciência de que era assim que funcionavam as coisas. Eu ficava contente, quando houve aquela baixa de juros, de cada vez que a prestação baixava.

    Obrigada pelas dicas!

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  13. Olá Mafalda, vim aqui retribuir a visita e gostei muito deste post.
    Há uns anos tive um problema com o meu banco e depois da venda da casa jurei que não queria mais nada com bancos!
    Sendo assim o que tenho é tudo pago na hora, além do carro que falta 1 ano para terminar e ser realmente meu (marido. Claro se vê que tenho pouca coisa... não tenho plasmas a prestações nem electrodomésticos nenhuns, mas o que realmente me custa é saber que estou a pagar a renda de uma casa que sei que nunca vai ser minha a não ser que tenha um crédito a 45 anos. Acho um abuso as condições a que nos submetem certos bancos.

    Concordo plenamente contigo, se tivermos hipótese de pagar em 20anos, mesmo fazendo um sacrifício, é preferível do que pagar os juros altíssimos que nos são cobrados.

    Muito obrigada pela partilha e pela explicação, talvez um dia venha a dar jeito.

    Eu já estou a seguir, embora esteja não identificada... não sei porquê.


    Beijinhos

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  14. Grande dica! Obrigada mais uma vez! ;)

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  15. Olá novamente, quando mencionas a redução do tempo de amortização, automaticamente implica que a prestação mensal aumenta, certo?!
    Mencionas que a primeira redução foi de 45 anos para 25 anos, logo são 20 anos de prestações de diferença, a tua prestação quase duplicou certo?

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    1. Sim, Márcia, a minha prestação quase duplicou. Mas inicialmente eu só pagava 200 e poucos euros, pelo que tinha condições para pagar o acréscimo na prestação. E compensou, porque os juros incidem sobre o valor total da dívida, logo, a cada 6 meses, como amortizava capital, os juros acabavam sempre por reduzir de forma mais drástica que antes. Dado isso, a prestação acabava por reduzir sempre. Se reparares no post acima, nos primeiros anos, o capital amortizado era mínimo, logo parecia que estava quase sempre a pagar os mesmos juros.
      Perguntaste-me sobre sugestões de livros de finanças pessoais. Tenho vários, e provavelmente até já há novos livros, mas um que me influenciou bastante foi "A Economia lá de Casa" do Dr. João Martins. Espreita aqui: http://www.wook.pt/ficha/economia-la-de-casa/a/id/15008087
      Boa sorte :)

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    2. Obrigada, pela resposta Mafalda.
      Vou espreitar o link.

      Beijinhos e tudo de bom para ti e para os teus.

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