segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sob o olhar de uma criança

Já repararam como uma criança olha em redor e, com a sua inesgotável curiosidade, tudo a fascina? A minha filha olha para o arco-íris e diz: "mãe, que bonito!". Repara nos patinhos a nadar num lago e refere "Oh! Que fofinhos!". Vê uma folha caída, pisa-a e exclama perante aquele som de «crach, crach»: "Que engraçado!"... Há inúmeras situações semelhantes e em todas ela encontra beleza.

A mensagem que hoje vos gostava de deixar é justamente essa. Longe da correria do dia-a-dia, tentem olhar para o encanto das coisas que já têm ao vosso redor. Tentem olhar sob um olhar de criança. Garanto que se irão surpreender.

No passado fim-de-semana recebi em casa a prima do meu marido (de quem já vos tinha falado num post anterior). Ela não conhecia o país, pois vive em França, e aproveitámos para lhe mostrar um pouco das coisas boas que temos. E eu, inspirada pela minha filha, comecei a olhar para tudo com outros olhos.

Saímos de manhã, a passear pela cidade. Tudo parecia transbordar de vida, imensas pessoas nas explanadas, outras a ver lojas, outras de câmara fotográfica na mão (ok, eu era uma dessas)... O centro histórico estava lindíssimo, todas as casas recuperadas, com cores alegres e com os típicos vasos de flores à varanda. Como melhorámos... há uns anos a cidade parecia bem menor e os prédios algo degradados, hoje é um prazer dizer que vivo aqui.

Sentámo-nos numa pastelaria cujas paredes estavam decoradas com lindíssimos quadros, retratando a vida de outrora na cidade. Estes são uma obra de um pintor italiano que escolheu este cantinho para viver. E pergunto-me: como é que alguém que não nasceu aqui, consegue ter uma percepção tão bela da cidade e quem aqui sempre viveu, na correria dos dias, deixa de prestar atenção à sua beleza?

E os cheiros? Já pensaram como certos cheiros nos transportam para os momentos felizes da nossa infância? O cheiro dos bolos acabados de fazer (a minha mente ainda está na pastelaria), o cheiro das flores nos jardins ou até o dos livros novinhos em folha de uma das livrarias locais (não me gozem, mas adoro este cheirinho - em criança até preferia livros a brinquedos).

Dedicámo-nos também a uma espécie de roteiro gastronómico. Fiz uma sopa de peixe (que a prima repetiu quatro vezes, pelo que deduzo que gostou) e uma receita com o nome "Bacalhau muito Bom" (qualquer dia coloco-a aqui). Passeámos pelos restaurante mais típicos, com um encantador ambiente rústico. Provámos de tudo um pouco: petingas com migas, bacalhau na caçarola, iscas (isto não consigo apreciar, nem por sombras), camarão, moelas, enguias, sapateira, tigeladas, queijadas, pudim de ovos, molotof... Acreditem que não sei como não «rebentámos».

De seguida fomos ao encontro da história no castelo imponente, rodeado de um jardim encantador. Terminámos no parque de São Lourenço (foto acima), onde a Letícia pode divertir-se a construir «iglus» com legos (sim, ela refere-se mesmo aos iglus dos esquimós). Separados por um vidro, sentámo-nos numa explanada a ouvir música calma, sob uma agradável aragem de Verão. Foi tão bom olhar para a minha filha e reconhecer o amor enorme que sinto por ela, que mal o consigo explicar. Foi igualmente maravilhoso o tempo que passámos com esta nossa prima, extremamente simpática e inteligente (muito inteligente diga-se, pois veio dar uma palestra na Faculdade de Ciências de Lisboa, no âmbito da European Week of Astronomy and Space Science). Pude constatar como as boas relações sociais contribuem para a nossa felicidade.

Assim, é este o desafio que vos lanço. Não é necessário terem um fim-de-semana tão movimentado como o que eu tive, mas parem um pouco e olhem em redor. Registem o que de bom há nas vossas vidas. Sintam-se gratos por isso, pois a valorização da vossa vida presente poderá contribuir para a vossa felicidade.

Resta-me desejar: sejam felizes!

P.S. Esta semana não devo de ter muito tempo para vir aqui, pois vou ter de preparar uma festa comunitária, a realizar no próximo Sábado no meu local de trabalho. De qualquer modo, vou tentar...

Foto: Mafalda S. - Parque na minha cidade

8 comentários:

  1. não custa nada tentar e os resultados são logo outros.
    tenho mesmo que fazer isso mais vezes.

    beijos.

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  2. Hummmm.... o meu marido diz que eu pareço uma criancinha, será que conta?!

    Vou fazer isso... sempre que puder vou olhar para o mundo com os olhos de uma criança...

    O teu post fez-me lembrar o meu filho :)

    Beijinhos

    (fiz um requerimento para mudar de turma, vamos lá ver)

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  3. Só por causa deste post, devo dizer que fiquei inspirado. Hoje combinei de ir ver o pôr-do-sol com a minha cara-metade.
    Realmente, às vezes temos coisas tão boas à nossa volta e nem lhes damos valor. But, i promess: isso vai mudar.
    Obrigado pela sugestão!

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  4. bonito texto. parabens! obrigad pela visita ao meu blog! beijinhos
    lu

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  5. As crianças e as suas atitudes... são do mais belo que há!!

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  6. Adorei o post. As crianças veêm realmente tudo por outro prisma

    Bjos

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  7. Que lindotinha esquecido como era o barulho deuma folha nosmeus pés. e como pé ver a agua no rio.A dureza da vida embaça nossa alma de crinaça hj, vou pintar um livro e fazer um quebra abeças quero sentir o cheiro dos livros e o cheiro dos lápis e recordar que existe uja criança pra empre em mim . bjos obrigada

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